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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 20 de maio de 2017

Em delação, Wesley Batista diz que Cid recebeu R$ 20 milhões em propina da JBS - Por André Teixeira e Verônica Prado, G1 CE

Segundo delator, Cid Gomes exigiu pagamento em troca de pagamento de R$ 110 milhões que o Estado do Ceará devia à JBS em ICMS. Ex-governador nega e diz que nunca recebeu 'um centavo da JBS'.

O empresário da JBS Wesley Batista afirmou em delação premiada que o ex-governador do Ceará e ex-ministro Cid Gomes cobrou e recebeu R$ 20 milhões em propina para bancar a campanha do atual governador do Ceará, Camilo Santana, em 2014. Na delação, Batista diz que "nunca esteve" com Camilo Santana e que repassou o dinheiro à campanha por meio do secretário de Estado Arialdo Pinho e o então deputado federal Antônio Balhmann.

Ainda conforme a delação, o valor foi repassado e, como recompensa, o Estado do Ceará pagaria à JBS R$ 110 milhões que o estado devia à empresa em crédito de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).

Questionado sobre a delação, Camilo Santana alegou que as doações que recebeu na campanha foram legais e declaradas. "As informações que tenho são de que foram feitas de forma absolutamente corretas e dentro da lei. Tanto que todas as contas foram devidamente aprovadas pelo TRE", disse o governador Camilo Santana.

Em nota, Cid Gomes afirma que repudia referências em delação que atribuem a ele o recebimento de dinheiro. "Nunca recebi um centavo da JBS. Todo o meu patrimônio, depois de 34 anos trabalhando, é de 782 mil reais, tendo sido duas vezes deputado, duas vezes prefeito e duas vezes governador", afirmou.

O G1 tenta contato com Arialdo Pinho e Antônio Balhmann. Até a tarde desta sexta-feira, as ligações a Arialdo Pinho não foram atendidas. A Assessoria de Assuntos Internacionais, da qual Antônio Balhmann é titular, afirma que ele está em viagem e sem comunicação.

Dívida do estado com a empresa
Na deleção, o empresário detalha como foi feita a negociação com o então governador Cid Gomes. "Nós tínhamos R$ 110 milhões acumulados que o Governo do Estado não pagava. O governador Cid Gomes esteve no nosso escritório, comigo e com o Joesley, falou com a gente e pediu uma doação em São Paulo. Nós perguntamos quanto ele esperava de doação. Ele disse que esperava R$ 20 milhões. Eu disse 'governador, impossível eu contribuir com R$ 20 milhões enquanto o Estado me deve R$ 110 milhões e não me paga'. Ele não falou nada e saiu, falou 'tá bom, deixa eu ver o que posso fazer sobre esse assunto'."

Ainda conforme o delator, duas semanas depois o secretário Arialdo Pinho e o então deputado Antônio Balhmann procuraram os irmãos Batista, em nome de Cid Gomes, para cobrar a doação de R$ 20 milhões, ameaçando não pagar os R$ 110 milhões que o estado supostamente devia ao grupo empresarial.

"Me procurou o deputado Balhmann, Antônio Balhmann, junto com o Arialdo Pinho de novo. 'Nós precisamos daquela contribuição de R$ 20 milhões. O negócio é assim: você paga os R$ 20 milhões, e o Estado paga os R$ 110 milhões que você tem de crédito'. Eu me vi na situação, que é melhor receber os R$ 110 milhões. Concordei em pagar a propina de R$ 20 milhões pra campanha de 2014 do governador Camilo, em que pese nunca estive com o Camilo nessa oportunidade", relatou.

Pagamento em notas fiscais falsas
Em outro trecho da delação, Wesley Batista explica como pagou a propina. "Foram pagos R$ 9,8 milhões por meio de notas fiscais falsas, que estão aí nos anexos, e foram pagos R$ 10,2 milhões por meio de doações oficiais a vários candidatos, inclusive pro governador Camilo e pro PROS", afirmou.

Um comentário:

  1. Meninos traquinos. Se assim for está fácil provar. Basta recorrer as notas frias e a doação oficial. Essas empresas que emitem essas notas frias como ficam?

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