A rigor, o presidente Michel Temer não precisa de um único voto para vencer na Câmara a batalha que definirá sua sorte. Os que desejam vê-lo pelas costas é que terão de pôr no plenário da Câmara 342 deputados dispostos a votar a favor da autorização para que ele seja processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No total, são 513 deputados.
É difícil que tal coisa aconteça? Aparentemente, sim. Mas a oposição ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff enfrentou o mesmo desafio e venceu na Câmara e depois no Senado. Basta que vença na Câmara para que Temer, uma vez aceita a denúncia pelo STF, tenha que se afastar do cargo por um prazo de até 180 dias. Afastado, não voltará. Esqueça.
Para o público externo, os deputados haverão de decidir entre a inocência e a culpa de Temer no caso das acusações feitas pela Procuradoria Geral da República. Para o público formado pelos próprios deputados, não só. Trata-se de um julgamento essencialmente político. O que será melhor para o futuro de cada um deles? Que Temer fique ou que saia?
À luz das próximas eleições, o mais indicado será dizer ao microfone, em sessão transmitida para todo o país, que prefere a companhia de um presidente com 7% de aprovação ou que está de acordo com os 69% que desaprovam seu governo? Ou com os 76% que defendem sua renúncia? Ou com os 81% que pedem o impeachment se não houver renúncia?
Outro aspecto de um possível pós-Temer também será levado em conta pelos deputados. Quem poderá completar o mandato dele? Com o afastamento, assumiria Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente da Câmara. E governaria até que o STF concluísse o julgamento de Temer. Se Temer fosse condenado, o Congresso elegeria o próximo presidente.
Salvo se seu governo interino fosse um desastre, Maia seria o nome mais forte para suceder Temer em definitivo. Já é desde agora. E é por isso que o PSDB tem hesitado tanto em largar Temer de mão. Maia foi eleito presidente da Câmara com larga maioria de votos. Por mais que oficialmente neguem, até o PT e o PC do B votaram nele.
Diretas, já!, não interessa a nenhum dos grandes partidos, nem mesmo a alguns dos pequenos. Não estão prontos para disputá-las. Para permanecer no cargo, Temer aposta na falta de entendimento entre os partidos na hora de escolherem seu sucessor. É por isso que ele resiste.
O procurador da Republica está correto ao apresentar queixa crime contra o presidente, mas está errado quando não se pronuncia no caso Lula/Dilma, delatados pelo mesmo delator. O pau que dá em Chico não está dando em Francisco. E isso era o que o Janot alardeava para o Brasil.
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