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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

A alma mais honesta na Prisão da Prússia – por Emerson Monteiro

Frederico II, Rei da Prússia, visitava, certo dia, um presídio da capital do seu reinado. De cela em cela, ia escutando as queixas insistentes dos apenados, ali reunidos, que clamavam do soberano a revisão das suas condenações, alegando injustiça, impropriedades, e que as punições estavam fora de propósito. Justificavam as atitudes delituosas de haverem sido mal consideradas pelos julgadores e firmavam os pés na mais pura das inocências dos atos que lhes jogaram no infeliz calabouço.

O monarca, atento, escutava as narrativas de um a um, sem maiores reações. Num determinado momento, observou, meio distante dos demais, a presença de prisioneiro quieto e afastado. Cauteloso, o Rei se dirigiu até ele, perguntando:

– E o senhor, o que cometeu de tão grave que lhe trouxesse a este lugar?

O sentenciado, de pronto, respondeu:
–  Um assalto. Fui flagrado em um assalto nas estradas, e aqui estou pagando a pena, majestade.

Daí, o rei seguiria o interrogatório:
–  E o senhor na verdade é responsável e por isso foi punido?

– Sim, majestade. Pago pena que mereço, vista a ação criminosa que pratiquei no passado.

Pensativo, Frederico II matutou um pouco. Em seguida, chamou o carcereiro, dizendo:
– Agora mesmo, pode soltar este homem. Não quero que ele permaneça mais um só dia nesta prisão, pois ele está influenciando de modo negativo os outros presos, todos eles inocentes e injustiçados.

Assim, cumpriram os responsáveis pela instituição penal as ordens do Rei, pondo em liberdade o único detento que não alegara ser vítima da lei, naquele país distante.


(Narrativa que li no livro Sobre a rocha, de Mark Finley).

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