Lula e o Partido dos Trabalhadores não costumam perder a oportunidade de perder uma oportunidade. Assim, em vez de acionar um plano de contingência, o petismo transforma sua campanha presidencial numa procissão. Lula vai no andor, fazendo pose de vítima de uma inquisição. Os devotos o acompanham com suas orações. Ao tomar posse na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luiz Fux atravessou o óbvio no cortejo companheiro: “Ficha suja está fora do jogo democrático.”
Sem mencionar o nome do santo, Fux esclareceu que a Lei da Ficha Limpa não abre brecha para milagres. O sujo não vai virar uma asséptica criatura. Com outras palavras, o que o novo presidente do TSE declarou foi o seguinte: Com um pregador talentoso e devotos crédulos, pode-se fazer uma tremenda campanha chamando corrupto de candidato. Embora ele continue sendo corrupto.
“A corrupção será severamente punida, para que os atuais problemas do Brasil, que desfilam nas manchetes de jornais e nos noticiários, representem uma visão longínqua no retrovisor da história”, discursou Fux. “Uma pessoa corrupta, uma pessoa ímproba e uma pessoa antiética na vida pregressa não conduz o país para um novo futuro. Conduz o país para o atraso e para a degradação.”
Rendido às conveniências criminais de Lula, o PT imagina que o drama de sua divindade pode, no mínimo, atrair votos para os candidatos da legenda ao Legislativo. Será? Na dúvida, o petismo continuará esbarrando no óbvio.
Novas condenações virão. Mas o PT tropeçará no óbvio fingindo não perceber que o óbvio é o óbvio. Até que a Justiça Eleitoral, lá para agosto ou setembro, aponte para o óbvio e proclame: “Ali está o óbvio: um condenado por corrupção, com sentença confirmada em tribunal de segunda instância. Pede o registro de sua candidatura. Mas trata-se, obviamente, de um personagem inelegível. Está fora do jogo democrático.”
Não é o ministro que assim decide. É a lei.
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