O “ôba-ôba”
tão característico destes tempos medíocres, quando a maioria das
pessoas não tem profundidade em nenhum assunto; quando a televisão “faz a cabeça” da massa ignara; nos obriga a ouvir, vez por outra, falar sobre a alardeada, mas inexistente, “tradição republicana” de Crato. Isso é uma falácia!
O leitor me conceda só um tempinho, para eu justificar o meu
pensamento. Começo por lembrar que o aniversário do golpe militar que
implantou a República – em 15 de novembro de 1889 – nunca foi comemorado
em Crato. Nesta cidade o povo comemora muitas datas: 7 de setembro, 21 de Junho, 1º de setembro (Nossa Senhora da Penha), 19
de março (São José) festeja as datas de São Francisco, dentre outras.
Agora, “comemoração” nos dias 21 de abril (Tiradentes) e 15 de Novembro
– data da “Proclamação da República” – nunca se viu por aqui.
E por que isso acontece? Ora, o Crato, durante 149 anos (de 1740
quando foi fundado, a 1889, quando houve o golpe militar que empurrou
goela abaixo da população a forma de governo republicana) viveu sob a Monarquia.
Não se apaga facilmente um século e meio na vida de um povo. Basta
dizer que dos 70 anos que o comunismo dominou a Rússia com chicote e
baioneta não restou nada de concreto. Imagine 149 anos. Por isso, no
imaginário popular, persiste a ideia de que a Monarquia é algo de
elevado nível, respeitoso, honesto e bom.
Tanto isso é
verdade que, ainda hoje, quando o povo reconhece numa pessoa certos
méritos ou qualidades acima do comum, costuma dar-lhe o título de “Rei”.
Por isso temos ou tivemos; “O Rei Pelé”, “O Rei Roberto Carlos”, “O Rei do Baião”, “O Príncipe dos Poetas Populares” (o repentista Pedro Bandeira) etc. E o que dizer dos concursos que se realizam para escolha da “Rainha do Colégio”, “Rainha da Exposição”? e de nomes de lojas como “O Rei da Feijoada”, “O Império das Tintas”? Ou nomes como “Rádio Princesa FM”, “Colégio Pequeno Príncipe”?
No duro – no duro mesmo – “República” para o povo é apenas sinônimo de
"república de estudante", ou seja, uma casa bagunçada, desorganizada.
“República” continua a ser, no imaginário popular, a lembrança da
roubalheira, das propinas pagas aos políticos, da incompetência, da
demagogia, da falta de segurança, da falência da saúde pública, da
precariedade da educação pública, das filas dos aposentados (expostos ao
sol e à chuva) na fila das calçadas dos Bancos para receber suas
míseras aposentadorias, das obras públicas inacabadas, da falta de
respeito para com a população, do grosso do noticiário que chega pela
televisão aos nossos lares: "Mensalão", "Petrolão", Lava Jato, Delação
Premiada, malas com milhões encontradas em apartamento, prisão de
políticos corruptos em Curitiba, soltura desses políticos por alguns
ministros do Supremo Tribunal Federal, e outras mazelas dessa Ré Pública
O Tiradentes foi fruto da mente criativa em favor da Republica.
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