Reflito diante de uma declaração desencantada de um escritor apaixonado pelo futebol.
Diz ele que passamos por um momento de desumanização do jogador.
Tratado como produto, jogador agora é atleta.
Dá como exemplo o jogador reserva que passou a ser peça de reposição.
Para ele, peça de reposição está mais para oficina de carro.
O escriba é Luiz Antonio Simas com livro “Ode a Mauro Shampoo”, que conta causos divertidos do futebol.
Pois bem. Em cima desse assunto, leio matéria interessante com o treinador do Liverpool, Jurgen Klopp, e que diz respeito, também, a Felipe Coutinho.
Quando Salah foi contratado pelo Liverpool, Klopp foi logo avisando que ele disputaria posição com o brasileiro, não admitindo mexer em Mané e Roberto Firmino.
Logo depois dos testes, que atendem a uma exigência do treinador em escolher jogadores de atuações obrigatoriamente regulares, ficou decidido que o lugar para Felipe Coutinho seria o banco de reservas.
Os testes colocaram ênfase nas transições: ataque-defesa e defesa-ataque nos sistemas 4-2-3-1 e 4-3-3.
Foi revelado pelo “verniz cientifico”(as aspas são minhas) que Coutinho, pelo seu sistema cardiovascular, não tinha condições de realizar esforços nos níveis de Firmino, Mané, Wijnaldum e outros.
Explosivo e decisivo em espaços reduzidos, Coutinho carecia de coração e pulmões adequados para render com continuidade nos grandes espaços do meio campo.
Nos tais testes, simulando situações de jogo, depois de dois sprints de 60 metros, Coutinho não conseguia se recuperar sem permanecer meio minuto completamente parado.
Vejam bem. Estamos falando de um jogador titular da seleção brasileira e que foi vendido ao Barcelona, pelo Liverpool por 60 milhões de euros, a transação mais cara do planeta.
Se tivesse permanecido no time inglês, Coutinho teria continuado como o reserva (de Salah) mais caro do mundo.
Vai ver que o Barcelona talvez não saiba que, depois de uma corrida de 60 metros, Coutinho precisa ficar meio segundo parado.
Pera aí, a que ponto chegaram as frescuragens de prancheta no futebol?
Que conclusão quero tirar dessa prosa? É que daqui a pouco os jogadores não serão apenas atletas e, sim, máquinas robotizadas ou réplicas humanas, resultados de equações matemáticas.
Tudo peça de reposição, como nos automóveis.
Pelé, o maior atleta de todos os tempos, quando ministro encontrou um meio de criar uma lei tornando o jogador de futebol uma mercadoria. Escravo de vários donos. Qualquer menino que desponta no meio pertence a diversos donos. 15% de um, 30% de outro e por aí vai.
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