Naquela data, Dom Vicente de Paulo Araújo Matos completou 74 anos de
idade. Há 37 anos residia em Crato. Primeiro como Bispo auxiliar (1955 a
1959); com a renúncia de Dom Francisco de Assis Pires passou a ser
Administrador Diocesano (1959 a 1960); em 22 de janeiro de 1961 (quando
foi nomeado Bispo Diocesano) até 1º de junho de 1992 (quando renunciou
ao bispado por problemas de saúde) foi o 3º Bispo de Crato. Depois da
renúncia, ainda permaneceu em Crato até 11 de junho do mesmo mês,
preparando o transporte dos seus objetos pessoais para levá-los a
Fortaleza, onde fixou residência até sua morte, ocorrida em 06 de
dezembro de 1998.
Voltemos à manhã do dia 11 de junho de 1992.
No alpendre do antigo Palácio Episcopal, área voltada para o grande
quintal, onde hoje se ergue a Cúria Diocesana Bom Pastor, Dom Vicente
(portando a vestimenta episcopal) recebeu algumas pessoas que foram se
despedir dele. Depois, subiu pela última vez as escadas que davam ao seu
quarto, localizado na parte superior da casa e vestiu um terno simples
para seguir viagem até Fortaleza.
Como era do seu natural,
estava calmo, tranquilo, mas emocionado. Nos quase 600 quilômetros que
separam Crato de Fortaleza, ele deve ter rememorado os 37 longos anos
vividos no Cariri. Onde não deu um único passo que não fosse voltado
para difundir o bem e a verdade. E onde recebeu muitas calúnias e
ingratidões, as quais soube ser superior e perdoar. Deus permitiu que o
diabo tentasse joeirar a boa obra de Dom Vicente como se joeira o trigo.
Inútil! O sofrimento que os algozes de Dom Vicente lhe impingiram,
serviu para que o terceiro Bispo de Crato se santificasse. E como “O
tempo é o Senhor da razão”, hoje mais de um milhão de pessoas que
habitam a Diocese de Crato – durante os últimos 10 dias – assistiu à reparação
feita à memória desse grande bispo de saudosa memória.
(*) Essas 2 fotos foram feitas pelo Prof. Paulo Tasso Teixeira Mendes.
Um ser humano virtuoso, generoso digno de muita admiração.
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