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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 29 de junho de 2018

O FUTEBOL DÁ. O FUTEBOL TIRA - Por Wilton Bezerra, Comentarista esportivo da TV Diário e Rádio Verdes Mares

Não é à toa que, numa decisão de Copa do Mundo, quase três bilhões de pessoas param para assistir um jogo de futebol.

“Quem não gosta de futebol é um idiota que baba na gravata”, afirmava Nelson Rodrigues.
E acrescentava: “Uma baba bovina e elástica”.

Há uma complementação na frase, por conta do escriba, mas dentro do contexto. Nas grandes partidas, confirmava o dramaturgo: “Os mortos deixam suas tumbas e comparecem aos estádios”.

Principalmente, os mais conhecidos personagens de suas gostosas crônicas – o Sobrenatural de Almeida e o Gravatinha.
Um ajudava, o Gravatinha. O outro, o Sobrenatural de Almeida, atrapalhava.
No futebol, asseverava, “cego é o que só vê a bola”.

Tudo a ver com os mistérios que envolvem a modalidade esportiva mais apreciada do mundo. Nas discussões, muitas delas sem lógica, sustenta-se que o futebol não tem lógica, 
mas ela sempre prevalece.

Ontem, para robustecer mais ainda esse debate, o futebol aprontou mais uma das suas – a desclassificação da Alemanha, logo diante de um adversário sem tradição no futebol.

A pequenina Coréia do Sul enfiou 2 X 0 nos atuais campeões do mundo e balançou todas as casas de apostas em torno da competição.

Me desculpem o pobre aforismo: “No futebol, pangaré ganha de puro sangue”.  Isso faz parte da essência do ludopédio, que manda dizer que o futebol dá, e o mesmo futebol, tira.

A poderosa Alemanha, detentora de quatro títulos mundiais, teve a “primazia” de nos humilhar com os 7 X 1 do Mineirão.

Essa mesma força, até mais remoçada, pagou com o próprio veneno da humilhação a dor que nos causou.

É fascinante esse lado que só o futebol proporciona – uma pequena ou emergente força dobra uma potencia consagrada. É do jogo.

Só tem uma receita: ir em frente e dobrar a esquina, pois a vida não é nada mais do que dobrar esquinas, uma após a outra, até que se dobre a última.

Tenho uma remotíssima impressão de que a frase é minha, embora não pareça. Se é uma apropriação: “Let it be”(“Deixa estar”)

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