A importância do Geopark Araripe
Localizado no Sul do Ceará, mais precisamente na região do complexo sedimentar do Araripe, o Geopark Araripe
oferece uma possibilidade única para compreender o passado geológico e a
vida na terra. O complexo sedimentar do Araripe possui formações
rochosas de diversos períodos, principalmente do Cretáceo Inferior, com
registros da separação dos continentes. Dentro do Geopark foram
delimitadas nove localidades que receberam o nome de Geotopes.
Estes abrangem porções territoriais dos municípios de Santana do Cariri,
Nova Olinda, Missão Velha, Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte. Tendo
como moldura a exuberante paisagem da Chapada do Araripe. O escritório
geral do Geopark fica na cidade de Crato.
Sítio Mitológico do Castelo Encantado, localizado num dos geotopes, no município de Nova Olinda
Mestres da Cultura Popular no Cariri
Quando Dr. Lúcio Alcântara foi Governador do Ceará (2003–2006) criou
mecanismos para a preservação e proteção da nossa rica cultura popular. A
Lei nº 13.351 de 22 de agosto de 2003, por ele sancionada, reconheceu
alguns caririenses como “Mestres da Cultura”.
Isso evitou que o nosso patrimônio imaterial desaparecesse. O Governo
do Ceará fez o reconhecimento e seleção de alguns Mestres da Cultura.
Estes são beneficiados com um salário, e assumem o compromisso de
repassar seus conhecimentos às novas gerações. No Cariri, foram
selecionados vários Mestres da Cultura, promotores do reisado,
xilogravura, artesanato de barro e madeira, bandas cabaçais, cerâmica de
barro, danças das nossas tradições populares (como o Maneiro-Pau,
Congada, Coral de Penitentes, Lapinhas, dentre outras).
Foi excelente a providência de reconhecer esses “Mestres” para preservar e
valorizar as Culturas Regionais e demonstrar a importância das pessoas
que exercem e vivem a nossa cultura popular.
Juazeiro é um mundo 1
Monsenhor Murilo de Sá Barreto costumava dizer: “Juazeiro é um mundo”.
Tinha razão o Vigário do Nordeste. Anos atrás, quando procurávamos
alguma novidade no comércio de Crato podíamos ouvir como resposta: “Isso
só se encontra em Fortaleza”. Nos dias atuais é comum escutar: “Isso só
tem em Juazeiro”. Hoje, a Terra do Padre Cícero, semelhante a música de
Luiz Gonzaga – “Feira de Caruaru” – “de tudo tem prá vender”.
Juazeiro é um mundo 2
Virou moda o consumo de cerveja artesanal. Os apreciadores desse tipo
de bebida – residentes no Cariri e adjacências – dispõe agora de uma
loja especializada (a “Mestre-Cervejeiro.com”) filial de uma rede que se estende por todo o Brasil, ofertando dezenas de marcas de cervejas artesanais. A “Mestre-Cervejeiro.com” fica na Avenida Governador Plácido Castelo nº 535, no bairro Lagoa Seca.
O horário de funcionamento é das 10 horas às 22 horas. Outra novidade:
no próximo dia 1º de setembro deverá ser inaugurada em Juazeiro uma
filial da Livrarias Paulinas, rede de livrarias católicas
presentes em 50 países, nos 5 continentes. No Brasil as Paulinas atuam
desde 1931, com filiais nas maiores cidades brasileiras. A filial da Livrarias Paulinas
em Juazeiro do Norte ficará quase vizinha à Basílica Menor de Nossa
Senhora das Dores, no início da Rua Padre Cícero. Juazeiro é mesmo um
mundo!
Filial da “Mestre-Cervejeiro.com” em Juazeiro do Norte
“Aprendendo com o Dr. Arraes”
José Almino Pinheiro
O engenheiro José Almino Arraes de Alencar Pinheiro, nasceu em Crato em
1951, filho de César Pinheiro Teles e Almina Arraes. Seus pais são
oriundos de respeitáveis e tradicionais clãs familiares do Cariri, que
legaram aos pósteros exemplos de dignidade e honradez. Pelo lado
paterno, José Almino descende do legendário Brigadeiro Leandro Bezerra
Monteiro. Pelo materno, vem da família Arraes Alencar – ramo de Araripe –
que se fixou em Crato e ganhou realce pela projeção política de
Alexandre e Miguel Arraes, dois homens públicos de reconhecido valor.
Sobrinho do ex-governador Miguel Arraes, José Almino escreveu um interessante livro: “Aprendendo com o Dr. Arraes”, obra com poucos exemplares que circula entre amigos e familiares. José Almino tem uma história de vida bem interessante. Em 1970, aluno de engenharia mecânica da Escola Politécnica de Pernambuco, e sentindo – na universidade – o “clima pesado” pelo fato de ser sobrinho do governador deposto e exilado, enviou uma carta à União Internacional dos Estudantes, filiada à Unesco, órgão das Nações Unidas, e conseguiu uma bolsa para fazer seus estudos em Praga, capital da então Tchecoslováquia (hoje, República Checa). Lá se casou com a checa Zdenka, com quem teve três filhos.
Formado, regressou ao Brasil em 1978, fixando-se em Barbalha onde trabalhou como engenheiro na Açusa– Usina Manoel Costa Filho, fabricante de açúcar. Com a segunda eleição de Miguel Arraes para o governo de Pernambuco, em 1986, José Almino foi convidado pelo tio para ser Secretário da Agricultura daquele estado. Seu livro resgata seu convívio com o tio e as preocupações/ações do Dr. Miguel Arraes para promover a parcela mais esquecida da população, no tocante ao fornecimento de água potável, energia elétrica, crédito rural para a agricultura familiar, dentre outros direitos do povo.
O livro de José Almino se sobressai na perspectiva técnico/científica, mas a leitura é agradável. Quanto a mim, ela proporcionou-me ampliar meus modestos conhecimentos em várias áreas das necessidades básicas humanas.
No tempo que o tracoma grassava no Cariri
Chegada de Dom Vicente Matos a Crato, em 1955. Ele desembarcou no Aeroporto de Fátima, na Chapada do Araripe
Há 60 anos, o jornal “Correio da Manhã”, do Rio de Janeiro – edição de 27 de junho de 1958 – publicava uma entrevista (título da matéria: “Bispo dirige campanha contra tracoma”)
feita com o então Bispo-Auxiliar de Crato, Dom Vicente Matos. As novas
gerações desconhecem este fato. Por isso, primeiramente, informamos o
que é o “tracoma”. Trata-se de uma doença infecciosa da conjuntiva e da
córnea do olho. Desde os primórdios do Cariri o tracoma afetava – de
forma epidêmica – as populações do Sul do Ceará, de maneira mais
intensa os habitantes da zona rural. Quando não tratada corretamente, o
tracoma deixava sequelas, ocasionando cicatrizes nas pálpebras e chega a
causar cegueira.
Quando o jovem bispo Dom Vicente de Paulo Araújo Matos chegou ao Cariri, em 1955, sentiu esse drama e decidiu enfrentá-lo. O Governo Federal tinha recursos, mas não dispunha de estrutura para percorrer os sítios e lares caririenses no combater ao tracoma. Já a Diocese de Crato – graças a capilaridade de suas paróquias – tinha essa estrutura. Dom Vicente Matos firmou, então, parceria com Ministério da Saúde/Departamento Nacional de Endemias Rurais–DNERU. Conseguiu recursos e medicamentos dentro da “Campanha Federal Contra o Tracoma". A Diocese de Crato arregimentou seus fiéis e estes percorreram a zona rural do Cariri combatendo o tracoma. Êxito total: nos primeiros anos da década 60 a doença já tinha sido erradicada no Cariri.
Escritores do Cariri: Amália Xavier de Oliveira
Nasceu em Juazeiro do Norte em 5 de abril de 1904 e faleceu, na mesma
cidade, em 5 de dezembro de 1984. Para os padrões da sua época, recebeu
excelente formação educacional. Foi aluna de música vocal na juventude.
Na fase adulta, fez curso de especialização e conhecimentos gerais no Instituto de Educação do Rio de Janeiro, sob a direção do Professor Lourenço Filho, aprimorando-se na arte de Canto Orfeônico, jogos e brinquedos.
Concluiu o curso normal, em 1925, pelo Colégio das Doroteias, em Fortaleza. Foi Professora e Diretora do Grupo Escolar Padre Cícero, em sua cidade natal. É considerada a maior educadora da Terra do Padre Cícero. Instalou e dirigiu a Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte, a primeira do gênero no Brasil e a segunda na América do Sul. Fundou o Externato Santa Teresinha, em Juazeiro. Tinha grande amor por sua cidade natal.
Era uma católica fervorosa e toda a sua atividade cultural foi voltada para as coisas da Igreja Católica. Por iniciativa de Dona Amália, em 1953, para comemorar a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima a Juazeiro, foram construídos: O Arco, ao lado do Colégio Salesiano e um desenho em alto relevo na parede externa lateral da Basílica de Nossa Senhora das Dores (lado da Rua Pe. Cícero) com um rosário, encimado por um pequeno nicho da Virgem de Fátima. Ambos sobreviveram até os dias presentes.
Amália Xavier de Oliveira é a Patrona da cadeira n° 55 da Ala Feminina da Casa Juvenal Galeno. Toda a sua produção literária girou em torno do seu torrão natal. Escreveu vários livros e “plaquetes”, dentre eles: “O Padre Cícero que eu Conheci”, “Dados que Marcaram a Vida do Padre Cícero”, “Conheça o Cariri”, “História da Escola Normal Rural de Juazeiro” e “Juazeiro e suas Memórias”, afora artigos e trabalhos para jornais e revistas.
Prezado Armando - Caririensidade é uma páginaa rica de cultura, memória, conhecimento e informações. Parabéns a você e aos leitores. Ambos merecem aplausos.
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