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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 24 de agosto de 2018

CARESTIA E BOTIJA - Por Wilton Bezerra - Comentarista esporttivo



O Brasil de hoje tem 63 milhões de inadimplentes e uma massa de 13 milhões de desempregados.

Basta ir ao supermercado todo mês para que se desminta esta história de inflação rigorosamente controlada.

Como dizia Mário Lago: “No final do mês sobrava um dinheirinho. Hoje, no final do dinheirinho sobram meses.

Antigamente, a isso se dava o nome de Carestia.
Entrando no assunto futebol, objetivo da crônica, devo dizer que CARESTIA era o nome de um centroavante do Atlético de Souza, time do interior da Paraiba, grande artilheiro, que vi em ação várias vezes, nos ano 1970.

Confesso que foi o nome mais esquisito de jogador de futebol que tomei conhecimento.
Para completar, vale registrar que o seu companheiro de ataque atendia pelo nome de BOTIJA.
Carestia e Botija. Inflação e riqueza juntos.
Não é, Dr. Hélder Moura?
Sou do tempo em que o trabalhador desportista dizia: “O dinheiro do futebol tá guardado”.
A gurizada vendia garrafas e latas, juntando grana para assistir os jogos.
Eram defesas contra a carestia, quando o preço do ingresso ainda ficava ao alcance da patuleia.

O tempo passou e o futebol foi aos poucos tirando o povo pobre dos estádios.
Os clubes que foram fundados, tendo como base a massa da populações menos favorecidas, desenvolvem esforço no sentido de baratear o preço do ingresso, através de planos especiais.

Não tem sido o esforço suficiente. A imagem de um torcedor velho e pobre num estádio de futebol viralizou como uma coisa impossível de acontecer.
O futebol precisa voltar a caminhar em direção aos seus aficionados.
E eles estão, principalmente, entre os mais curtos de grana.

Um time popular como o Flamengo, cobrar o ingresso mais barato de um jogo seu ao preço de 180 reais é um despautério.
Por falar nisso, vale lembrar os versos do grande repentista, João Furiba, em tempos que inflação era carestia:

“É porque o feijão de corda
Já está custando cem
Farinha por cento e dez
E milho caro também
Se Deus não pisar no freio
Não vai escapar ninguém.”

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