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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

DIGRESSÕES SOBRE A VELHICE - Por Wilton Bezerra, Comentarista esportivo da TV Diário e Rádio Verdes Mares

A gente percebe que está velho quando os sonhos eróticos acontecem como reprises.

Outras percepções se dão durante visitas aos amigos e os encontramos entrevados.

Noutros casos, dói nos ossos quando achamos velhos números de telefones de pessoas próximas que já se foram.

Com a dúvida, uma recontagem para confirmar a relação dos que, de fato, fizeram “aquela viagem”.

Com quem dialogar para contar vantagens ou reclamar da vida?

Já um ponto doloroso da senilidade aparece através das doenças.

Aliás, é bom que se diga: quem mata não é a velhice é o diabo da doença. Cada um tem a sua, de estimação.

Ao lado disso, a constatação de que não pode mais pagar o plano de saúde, quando mais se precisa dele.

Como outros, estes sinais são desconfortáveis:
Levantar antes do amanhecer como se assim pudesse adiantar a chegada do dia. Muitas vezes, depois de uma noite cortada em pedaços pela insônia.

O golpe forte é acusado quando o preconceito torna o velho invisível, excluído do mundo dos vivos. Esvai-se a interlocução.
As histórias repetidas e o esquecimento estão no repertório dos “avisos” que o tempo passou.
Se bem que, o esquecimento é uma forma de memória, garantem os filósofos. Quando esquecemos, inventamos, como ficção.

Quem coloca um pouco de panos mornos no assunto é Raquel de Queiroz, que observa: “O pior na mocidade é o vazio do futuro à frente. A coisa que o jovem tem mais medo é do fracasso e da mediocridade. Meu Deus, que conforto é a idade madura, quando a gente descobre a doçura de ser pouca coisa. Livre do áspero estímulo da ambição. Descobrir que o bom é bater palmas e não disputar o aplauso”.

Se ligaram nessa? Sugiro que leiam e pensem. Enfim, para que esse papo não fique velho, vejam o que escreveu o poeta Odilon Nunes de Sá:

Acho graça na mocidade 
Que não quer envelhecer
Velho, ninguém quer ficar
Moço, ninguém quer morrer
Sem ser velho ninguém vive
Bom é ser velho e viver.

2 comentários:

  1. Não sei o que é pior : morrer jovem ou envelhecer e depender dos outros na velhice.

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  2. Morrer jovem é pior, caro Antonio. Devemos celebrar a graça de não morrer tão moço. A curta vida é que acaba tendo razão.

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