Cada treinador tem uma maneira própria de dirigir seus comandados.
Uns com estilos conservadores, outros paternalistas, disciplinadores ou estrategistas.
Na década de 60, assumiu a direção técnica do Flamengo um treinador que só faltava bater nos jogadores.
Yustrich, homenzarrão, encrenqueiro, ex-goleiro, tratado como “Homão” e que rezava pela cartilha da truculência.
João Saldanha, armado de revólver, o procurou na concentração do Flamengo em reação à criticas que ele lhe fazia como treinador da Seleção Brasileira. O “Homão” não se encontrava na concentração.
Fez um efêmero sucesso e sumiu do cenário.
Com o tempo, as coisas mudaram e se sofisticaram.
Em meio a figurinos mais comportados, eis que surgiu no futebol brasileiro um treinador que se proclama doido.
Trata-se de Lisca “Doido”, que dirige o Ceará.
Já salvou o alvinegro de uma enrascada e está prestes a impedir, com o seu trabalho, uma queda da série A, que parecia irremediável.
Os gestores do futebol brasileiro não lidam bem com treinadores de idéias revolucionárias ou comportamentos excêntricos.
Mas, apesar de sustentar essa imagem de “sem juízo”, Lisca entende do riscado.
Além de sua empatia com a torcida, no uso de alegorias chacrinianas, o treinador conseguiu vender suas ideias aos jogadores.
As variações táticas, dependendo dos adversários enfrentados, mostram que os seus pequenos equívocos tornam-se imperceptíveis.
Lisca disse não saber se o apelido atrapalha a sua carreira.
Não abre mão de trabalhar com tesão e de estar junto com o povão, saboreando os momentos de felicidade que o futebol proporciona.
Este comentarista, particularmente, não gosta do estilo malucão. Mas, não desgosta.
Bem-aventurados os doidos, pois eles herdarão a razão.
O lisca tem feito milagres.
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