Construção do Centro Cultural do Cariri será iniciado em 2019
Prédio do antigo Seminário Apostólico da Sagrada Família, na cidade de Crato, onde será instalado o Centro Cultural do Cariri
A Prefeitura de Crato adquiriu o imenso conjunto arquitetônico onde
funcionou o Seminário Apostólico da Sagrada Família (depois serviu como
Hospital Regional Manoel de Abreu), localizado no bairro Recreio. O
prédio será doado ao Governo do Ceará, que o restaurará, e lá fará
funcionar o Centro Cultural do Cariri, que funcionará nos moldes do
Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar, de Fortaleza.
Segundo anunciou o Governador Camilo Santana, o Centro Cultural do
Cariri será uma grande arena e anfiteatro, com cinema, área de
exposições, teatro, área de lazer, biblioteca, livrarias, memoriais,
amplo estacionamento, dentre outros benefícios.
A Vila da Música do Belmonte
Outro equipamento cultural de grande importância é a Vila da Música,
construída pelo Governo do Ceará, no bairro Belmonte, no sopé da Chapada
do Araripe, na cidade de Crato. Trata-se do primeiro equipamento
cultural do gênero, construído pelo Governo do Estado, no interior
cearense. Um espaço que conta com infraestrutura moderna e dedicada a
atender estudantes – crianças, jovens e adultos -, distribuídos em
diversos cursos de diversos instrumentos, como violino, viola,
violoncelo, contrabaixo e violão.
A Vila de Música funciona numa parceria do Governo do Ceará – através
da Secretaria da Cultura – com a tradicional escola de música Sociedade
Lírica de Belmonte (Solibel), fundada por Mons. Ágio Augusto Moreira na
década de 1970. Esta instituição tem como temas centrais a socialização,
a formação humana e o ensino musical, diretrizes estas que foram
incorporadas à Vila da Música, fomentando a cidadania através da
educação musical e criando oportunidades para o desenvolvimento humano,
econômico e territorial sustentável.
Patrimônio histórico do Cariri: o relógio da Catedral de Crato
O velho relógio da Catedral de Crato continua batendo as horas, 155
anos depois de inaugurado. Ele foi adquirido na fábrica Ungerer
& Frères, localizada em Estrasburgo (França), e assentado, pelo
artesão Vicente Ferreira da Silva, na então Matriz de Nossa Senhora da
Penha, no dia 21 de janeiro de 1863. O relógio foi oficialmente entregue
à população de Crato, no dia 12 de outubro daquele ano, por ocasião da
primeira visita pastoral feita ao Cariri pelo primeiro bispo do Ceará,
Dom Antônio Luís dos Santos.
A iniciativa da compra desse relógio coube ao vigário colado da
freguesia, Padre Manuel Joaquim Aires do Nascimento, que o adquiriu por
intermédio do Dr. Marcos Antônio de Macedo. Consoante informação do
historiador Irineu Pinheiro, o relógio da Matriz de Crato foi
considerado, “naqueles tempos, um dos melhores do Império”.
Decorridos 155 anos da sua instalação, o velho relógio da Sé de Crato
ainda marca as horas com exatidão. Em 2003, o ex-Cura da Catedral,
Monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo, escreveu à fábrica de relógios
Ungerer solicitando informações sobre o equipamento adquirido para a
Paróquia de Nossa Senhora da Penha, no terceiro quartel do século XIX.
Acima, Theodore Ungerer, construtor do Relógio da Catedral de Crato,
Crédito: site: http://phaffans.com/wp/?tag=equation-du-temps
A carta-resposta recebida pelo Monsenhor
Transcrevemos abaixo a correspondência recebida – e traduzida – por monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo:
“Estrasburgo, 6-11-2003
A Mons. João Bosco Cartaxo Esmeraldo
Vigário Geral da Diocese de Crato-CE
Monsenhor,Queirais perdoar o atraso desta resposta à vossa simpática mensagem de 21 de janeiro de 2003 e vossa carta de 7 de maio ao Vigário Geral de Estrasburgo, que me chegaram, há algumas semanas, somente após três meses de ausência.
Eu sou filho caçula de Thédore Ungerer (1894-1935) construtor do relógio Astronômico de Messina (Sicília) (1933), o maior do mundo com 50 autômatos, dos quais 48 desenhados por meu pai.
Para responder à vossa questão se há ainda a fábrica em Estrasburgo, eu anexo a esta carta um texto do Sr. Yann Cablot, dos Arquivos Departamentais do Baixo Reno.
Eu concluo que a firma Ungerer, fundada em junho de 1858, cessou definitivamente sua atividade, em janeiro de 1989.
Eu encontrei talvez traços de vosso relógio, no repertório dos Grandes Livros Ungerer, nos Arquivos Departamentais (73J45 pag.91, anexo) onde se encontra um pagamento de 1.130 Fr, em 27 de abril de 1860, “para o Brasil” (talvez uma conta (parcela?).
Em nome dos meus ancestrais, eu vos agradeço, Monsenhor, por vossa mensagem cordial e por vossas bênçãos e vos dirijo minhas saudações respeitosas e cordiais.
B.Ungerer
Teríeis a gentileza de me enviar uma foto da torre da Catedral, com o relógio Ungerer, para os Arquivos Departamentais? Obrigado antecipado”.
Outras informações sobre o relógio da Catedral
Verificando o anexo que acompanhou a carta do Sr. Bernard Ungerer ao
monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo, lemos uma relação manuscrita
referente a 1860, onde constam as encomendas feitas à fábrica Ungerer
& Frères, naquele ano. Na relação, uma anotação registra:
“avril, 27 Caisse 1 – pour Le Brésil –37– 1.130 Fr (abreviatura da moeda
francesa, o Franco).”
Donde se conclui que o atual relógio, ainda batendo as horas na Sé de
Crato, foi adquirido por Dr. Marcos Antônio Macedo, em Estrasburgo, no
dia 27 de abril de 1860, fato comprovado pelo cineasta Jackson Bantim,
que fotografou a máquina do equipamento e lá consta o ano da fabricação:
1860. Este relógio – segundo pesquisa de Irineu Pinheiro – foi
instalado na torre do lado sul da Catedral de Nossa Senhora da Penha no
dia 21 de janeiro de 1863, pelo artesão Vicente Ferreira da Silva.
Escritores do Cariri: Nertan Macedo
Nasceu em Crato a 20 de maio de 1929. Foi um dos maiores dentre os
jornalistas, historiadores, poetas e escritores nascidos no Cariri.
Deixando sua cidade natal, ainda jovem, fixou-se em Recife (PE), onde
foi redator dos jornais “Diário de Pernambuco” e “Jornal do Commercio”.
Da capital pernambucana seguiu para o Rio de Janeiro. Nesta última
cidade, trabalhou em três jornais da então capital brasileira: “O
Jornal”, “Tribuna da Imprensa” e “Jornal do Commercio”, do Rio.
O escritor Raimundo de Oliveira Borges, escrevendo sobre Nertan Macedo, disse: “Era um enamorado impenitente do sertão, que nunca esqueceu, das suas paisagens, dos seus homens bravos, das mulheres bonitas, dos verdes canaviais do seu Cariri, da silhueta azul da Chapada do Araripe, das fontes cantantes que irrompiam e ainda irrompem graças a Deus do seu seio inesgotável, da Praça da Sé das suas peraltagens de menino, do seu Crato antigo, hospitaleiro e bom”.
Nertan Macedo escreveu 27 livros, dentre eles: “Caderno de Poesia” (1949); “Aspectos do Congresso Brasileiro” (1956); “Cancioneiro de Lampião” (1959); “Rosário, Rifle e Punhal” (1960); “O Padre e a Beata” (1961); “Capitão Virgulino Ferreira Lampião” (1962); “Memorial de Vilanova” (1964); “O Clã dos Inhamuns” (1965); “O Bacamarte dos Mourões” (1966); “Agreste Mata e Sertão”; “Da Provence ao Capibaribe”; “O Clã de Santa Quitéria” (1967); “Dois Poetas Pernambucanos” (1967); “Floro Bartolomeu–O Caudilho dos Beatos e Cangaceiros”; “Antônio Conselheiro” (1969); “Cinco Históricas Sangrentas de Lampião e Mais Cinco Histórias Sangrentas de Lampião” 2 volumes (1970); “Sinhô Pereira - O comandante de Lampião” (1975).
Pertenceu ao Instituto Cultural do Cariri (ocupava a cadeira nº 17, cujo patrono é João Brígido) e a Academia Cearense de Letras. Nertan Macedo faleceu aos 60 anos, em 30 de agosto de 1989.
Armando - Mais uma vez, em nome dos leitores muito obrigado pela postagem.
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