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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Começa hoje a Festa da "Imperatriz e Padroeira" de Crato (por Armando Lopes Rafael)

      Tem início neste dia 22 de agosto, Dia Nacional do Folclore, a festa de Nossa Senhora da Penha Padroeira da cidade de Crato e  da Diocese, que neste ano em curso chega a 251 anos de realização. Dezenas de grupos da tradição popular se encontrarão na Praça da Sé para homenagearem a imagem histórica de Nossa Senhora da Penha, que chegou a Crato por volta de 1745, doada pelos frades capuchinhos de Recife.


À noitinha, acontece a tradicional carreata de abertura da festa da “Imperatriz e Padroeira de Crato”, que percorrerá as ruas da cidade. Além dos novenários, missas, louvores, quermesses, a programação contará ainda com a tradicional cavalgada de Nossa Senhora.

A história da Paróquia

 Fachada da Catedral de Crato em 22 de agosto de 2019

A Paróquia de Nossa Senhora da Penha foi a segunda criada no Cariri. A primeira foi a Paróquia de Nossa Senhora da Luz, de Missão Velha, que posteriormente mudou a denominação para Paróquia de São José dos Cariris Novos, tendo São José como novo Padroeiro.

          Apesar de ter 251 anos de sua criação oficial, a Paróquia de Nossa Senhora da Penha só teve 25 Vigários (hoje chamados Párocos), pois muitos deles tiveram longo paroquiado, principalmente no Brasil Colônia e Brasil Império quando a Igreja era ligada ao Estado e os párocos eram nomeados “Vigários Colados” pelo Rei ou Imperador.

Quem foram os Párocos da atual Catedral de Crato

1º) Padre Manoel Teixeira de Morais
2º) Padre Antônio Lopes de Macêdo Júnior
3º) Padre Antônio Teixeira de Araújo
4º) Padre Antônio Leite de Oliveira
5º) Padre Miguel Carlos da Silva Saldanha
6º) Padre Miguel Felipe Gonçalves
7º) Padre Pedro Antunes de Alencar Rodovalho
8º) Padre Joaquim Ferreira Lima
9º) Padre João Marrocos Teles
10º) Padre Manoel Joaquim Aires do Nascimento
11º) Padre Antônio Fernandes da Silva Távora
12º) Padre Antônio Alexandrino de Alencar
13º) Padre Quintino Rodrigues de Oliveira Silva (depois nomeado Bispo de Crato)
14º) Padre Pedro Esmeraldo da Silva
15º) Padre Joviniano Barreto
16º) Padre Plácido Alves de Oliveira
17º) Padre Francisco de Assis Feitosa
18º) Padre Luiz Antônio dos Santos
19º) Padre Rubens Gondim Lóssio
20º) Padre João Bosco Cartaxo Esmeraldo
21º) Padre José Honor de Brito Filho
22º) Padre frei Joaquim Dalmir Pinheiro de Almeida
23º) Padre José Josias Gomes de Araújo
24º) Padre Francisco Edimilson Neves Ferreira
25º) Padre José Vicente Pinto de Alencar da Silva

Você sabia que o Crato tem um Co-Padroeiro (ou Padroeiro secundário)?

Vitral existente na Capela do Santíssimo, da Catedral de Crato 
À esquerda, a Mãe do Belo Amor, primeira imagem de Nossa Senhora venerada nesta cidade.  À direita, São Fidelis de Sigmaringa, a quem a primeira capelinha (construida por Frei Carlos de Ferrara) também foi dedicada. Por isso, em 24 de abril de 2013, São Fidelis foi oficializado Co-Padroeiro da cidade de Crato, através de decreto de Dom Fernando Panico.
Por que São Fidelis Sigmaringa é o co-padroeiro de Crato?

   Em janeiro de 1745, conforme pesquisa do historiador Antônio Bezerra, foi colocada numa das paredes da, então, capelinha de Nossa Senhora da Penha uma pedra com uma inscrição em latim. Tratava-se do registro da consagração e dedicação do pequeno e humilde templo, início da atual catedral de Crato. A inscrição foi feita por frei Carlos Maria de Ferrara, e nela constava que a capelinha fora consagrada a Deus Uno e Trino e, de modo especial, a Nossa Senhora da Penha e a São Fidelis de Sigmaringa, este último considerado de fato o co-padroeiro de Crato. A partir de hoje ele é oficialmente o Co-padroeiro desta cidade.

Abaixo, o texto constante da inscrição rupestre, infelizmente desaparecida:

Uni Deo et Trino
Deiparae Virgini
Vulgo – a Penha
S Fideli mission.º S.P.N. Fran, ci Capuccinor.m
Protomartyri de Propaganda Fide
Sacellum hoc
Zelo, humilitate labore
D. D.
Sup. Ejusdem Sancti.i Consocy F.F.
Kalendis January

Quem é São Fidelis?

São Fidélis, chamado no batismo Marco Rey, nasceu em Sigmaringa, na Alemanha, em 1577. Estudou Direito em Friburgo e exerceu advocacia com tal amor à justiça que foi chamado o “advogado dos pobres”. Era um cristão reto e piedoso, tornando-se advogado justo e cheio de caridade. Assumiu sempre gratuitamente a defesa dos necessitados. Aos 35 anos, para evitar os perigos morais que comportava a sua carreira, deixou as leis e decidiu seguir outra vocação.
Disse alguém que ele teria deixado sua profissão de advogado pelo medo que tinha de vir a cair em alguma daquelas injustiças que parecem inevitáveis nesta profissão. Fez-se capuchinho em Friburgo onde tinha frequentado os estudos de Direito. Impôs-se a si mesmo viver em obediência, pobreza, humildade, com espírito de penitência, de austeridade e de sacrificada renúncia. Foi ordenado presbítero em 1612, tornando-se grande pregador da Palavra de Deus

Eleito Guardião do Convento de Weltkirchen, na Suíça, entregou-se fervorosa- mente ao apostolado num momento particularmente difícil da vida da Igreja. No cantão suíço dos Grijões, verificou-se, naquela altura, a dolorosa separação que dividiu católicos e calvinistas, tendo degenerado em sangrenta guerra política entre os Valões e o Imperador da Áustria. São Fidélis alimentou sempre no seu coração o desejo de derramar o seu sangue pelo Senhor e foi ouvido por Deus. Enviado para a Suíça pela Congregação da Propaganda da Fé com o fim de orientar uma missão entre os hereges sucedeu que as numerosas conversões ali verificadas lhe atraíram a ira e o ódio das autoridades que acabaram por interrompê-lo com disparos de espingarda numa das suas pregações em Seewis.

A seguir, foi agredido fora da igreja em que pregara e depois ferido de morte. Seu corpo acabou por ser barbaramente esquartejado. Era o dia 24 de abril de 1622. Tinha 45 anos. Sua morte impressionou até os seus mais acirrados inimigos e teve como fruto imediato à pacificação entre eles. Os acontecimentos que se seguiram imediatamente mostraram bem que o sacrifício de São Fidélis não tinha sido em vão. É o protomártir da Sagrada Congregação da Propaganda da Fé. Foi canonizado por Bento XIV aos 29 de junho de 1746.

 (Texto e postagem de Armando Lopes Rafael)

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