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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 1 de abril de 2020

Casimiro coco - Por Antônio Morais.


Manuel Joaquim, o conhecido  "Manuel Pistaco-Tico" nasceu e se criou no sitio São Vicente em Várzea-Alegre. Estatura baixa, moreno magro, vivedorzinho pra danar. Conheci no desempenho de diversas atividades.
Na década de 70 do século passado  o vi desempenhando a função de apresentador de boneco do Casimiro Coco. 
Certa feita, num evento no Riacho Verde, reduto dos "Jucá de Brito" o grupo empilhado de gente, o boneco feito de umburana apareceu um pouco acima da empanada e cumprimentou a plateia dizendo: "Boa noite cambada de filadaputa".
Vicente Jucá que estava no meio do público sacou o 38 e meteu bala na testa do boneco dividindo a cabeça em duas. Enquanto os ânimos se acalmavam "Pistaco-Tico" saiu pela porta dos fundos, fez finca pé no giro de casa como uma bala.
No outro dia, tinha contratado uma apresentação na Fazenda Canastra do Coronel Mario Leal. Pegou o boneco reserva e fez bunda de ema a pé para o local. Foi muito bem recebido pelos promotores do evento. No almoço uma galinha caipira  com cuscus e depois uma rede no canto da sala para tirar um deforete.
Antes de dormi ouviu um cavalo machador parar e o cavaleiro perguntar : O que vai haver aqui hoje?  O terreiro está  varrido, tudo muito organizado e limpo!
O dono da casa respondeu :  É um homem de Várzea-Alegre que vai  botar uns bonecos. Dizem que é muito engraçado. Pois, avise pra ele que eu venho assistir e se não achar graça vou fazer ele engoli o boneco.
E, o Pistaco-Tico ouvindo a conversa. Quando o cavaleiro saiu, ele se esticou  na rede e perguntou : de quem era aquele cavalo tão troteiro que passou na estrada? O dono da casa respondeu : De seu Moacir Leal!
"Pistaco-Tico se levantou, entrou numa mata que havia na frente da casa e capou o gato, foi embora deixando para trás os teréns, o boneco e a profissão.
Depois morou no Crato, onde era servidor da "Expresso Real Caririense". Quando eu perguntava  Pistaco-Tico como foi na Fazenda Canastra? Ele respondia rindo : Eu lá sabia se o homem era fácil de fazer  achar graça.

2 comentários:

  1. Todo varzealegrense é bem humorado, feliz e alegre. Pistaco-Tico era um deles. Onde estava era divertido.

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  2. Morais, o conto faz lembrar outro personagem de Várzea Alegre, que era um exímio na arte folclórica de botar boneco. É tanto que pegou o apelido de "Damião dos Bonecos". Era irmão de Zé Negão, que, além de fazer tijolos, tomava uma manguaça danada....

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