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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 28 de junho de 2020

NAVEGANDO NO PASSADO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Como disse o poeta Jorge de Lima, “há sempre um copo de mar para o homem navegar”.
Nesses dias de “claussura”, bate uma saudade danada das coisas do passado.
Há quem julgue que o bom do passado é que ele já passou e o ruim é que ele não pode ser mudado.
Pode se argumentar, no entanto, que o passado não passa, está agarrado aos nossos pés a cada decisão que tomamos.
Não se trata, aqui, de dizer se no passado o mundo era melhor ou pior. A prioridade é para as amizades desde os tempos de infância.
Reputo a amizade como o grande acontecimento na história do homem, sendo até mesmo matéria de salvação.
Os amigos eram os mesmos, as brincadeiras as mesmas e, ao lado disso, o prazer de viver era semelhante a essas escolhas.
Para este escriba, o amigo de infância era irmão, fazia parte da família.
Cícero, Vicente, Joaquim, José, Fernando, Paulo ou Francisco, pareciam nomes exclusivos dos nossos amigos.
Imaginávamos que, com esses nomes, só existiam eles.
Mas, o tempo com sua crueldade, nos apronta coisas dolorosas, quando reencontramos esses amigos de infância, depois de 20 ou 30 anos.
Aí, a gente percebe como as coisas mudaram, os interesses se tornaram outros, após muito tempo de distanciamento.
Ainda bem que, apesar disso, como a nos consolar, fica o afeto verdadeiro.
Vida que segue, infelizmente, na sociedade líquida em que vivemos, as amizades não são duradouras.
A efemeridade das relações, geralmente, capengas, não resiste sequer às pequenas turbulências que as amizades sofrem.
É por isso que o passado não nos larga.

Um comentário:

  1. Eu sou um saudosista irremediável, inveterado. Isso não me dá nenhum prejuízo. Costumo esquecer as coisas ruins e lembrar as boas. Se foi bom viver imagine reviver o que foi bom. Uma das boas lições do passado é que nada se pode fazer ontem.

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