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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 15 de junho de 2020

OS BARES E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Os bares são microcosmos, onde as discussões não têm lógica e todos falam, criticam e são criticados, numa boa.
Como já disse várias vezes, o bar é a ágora (lugares onde os cidadãos gregos se reuniam) de uma cidade.
Em Juazeiro do Norte, muitos bares foram exemplos de uma convivência democrática. Se bem que, com a marcante ”ignorância” de seus proprietários.
No bar do amigo Zeca, ao pedir uma cerveja, fui cair na besteira de reclamar a falta de tira-gosto, o que provocou a seguinte reação: “Homi, beba sua merda calado”.
E aí, tudo bem, sem drama, sem rancor e a vida seguindo em frente.
O Irineu do bar, diante de uma “corda” demasiada, perdia a paciência com o freguês e o diálogo costumava ser áspero.
Quando colocava no som do bar, um vinil de Ataulfo Alves, logo um habituê era escalado para dizer: “Como canta bem esse Luiz Gonzaga”!
Na hora, Irineu dizia em voz alta: “Que Luiz Gonzaga que nada, seu “Pica”. O cantor é o Ataulfo Alves, seu “Pica”!
“Quem diz o quer, ouve o que não quer” e, assim, o baile seguia tranquilo entre os homens.
No bar do “Baixinho”, em frente ao Estádio “Romeirão”, o proprietário costumava beber cerveja e traçar o tira-gosto que colocava para o freguês.
Quando era esculhambado por isso, respondia na maior cara de pau:”Ora, pelo preço que cobro de vocês, tenho que comer mesmo!” E ficava por isso, mesmo.
Já no bar de Luiz “Ladrão”, o dono era grosso e, às vezes, sua reação se tornava engraçada, como no caso de Chicão, bom freguês, mas que cuspia muito.
Certa feita, um cliente ao chegar no bar perguntou por Chicão, no que Luiz “Ladrão” foi logo respondendo, puto da vida: “Ele deve estar afogado nessas poças de cuspe que ele fez”.
E, assim, é a vida nos bares, com a liberdade para dizer e ouvir o que bem se entende, dando um chega pra lá nas proibições.
Afinal, o bar é a melhor ideia de encontro de uma cidade.

2 comentários:

  1. Prezado Wilton - Um dos bares mais frequentados do Crato era o do Dom João. O homem era grosso, mas a cerveja era gelada e o tira gosto era bom e farto. De duas coisas Dom João tinha raiva. Do Flamengo porque era vascaíno e do Juazeiro por conta do ranço que existia antigamente. Hoje já não tem, graças a Deus.

    Um fazendeiro, fregueis de carteirinha convidou Dom João para ir passar um final de semana na Fazenda Padre Cicero, na localidade Flamengo no Tauá. Dom João trouxe papel e lápis e entregou ao fazendeiro dizendo : Anote bem direitinho o endereço que eu quero passar longe dessas carniças.

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  2. Ainda bem que isso passou. Gosto de Juazeiro mas adoro o Crato. E ainda flerto com Barbalha.

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