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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 25 de março de 2021

ABJETA FORMACÃO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Como esporte, o futebol cria o gosto pela disputa, desperta as nossas possibilidades lúdicas e motoras e é importante agente de formação e transformação do homem.

Neste país descoberto por acaso, os nossos craques desenvolviam memória atlética, jogando nas calçadas, na várzea e nos campinhos esburacados.

Habilidades individuais advindas dos curtos espaços em rachas, locais de inclusão destinados ao futebol.

Essa narrativa nos ajuda a entender porque o Brasil pontificou mundialmente nessa modalidade, ancorado na qualidade individual dos seus jogadores.

No inicio da crônica, abordamos o aspecto da formação inicial dos nossos valores, para chegar aos dias de hoje.

Ao invés de representar uma brincadeira para crianças, o futebol assemelha-se, cada vez mais, a uma indústria com linhas de produção.

O que deveria ser um sonho das crianças - tornar-se um atleta profissional de sucesso - é, agora, com todas as letras, um sonho dos pais.

Em torno de guris de menos de dez anos, forma-se uma equipe munida de assessores de imprensa, nutricionistas, preparadores físicos e técnicos, com o fito de criar futuros e milionários ídolos, numa atividade juvenil que deveria se dedicar apenas ao lúdico.

Carregada de obrigações fora de tempo, a criançada vai adquirindo vícios de adultos que enxergam o futebol como uma guerra, lugar onde é proibido perder.

As abjeções não param por aí.

É comum nas mesas redondas de rádio e televisão se reclamar da falta de qualidade do futebol jogado no Brasil.

Numa adulteração da essência de nossas características futebolísticas, depois do recorrente “mata a jogada”, temos agora nas formações de base uma nova orientação no sentido de “saber sofrer”.

Abjeta formação.

2 comentários:

  1. Sinceramente eu fico triste por saber que uma jovem mãe de um garoto de 12 ou 13 anos tenha duvidas : Se leva o filho para escola ou para escolinha de futebol ou para aula de pagode.

    Porque não conciliar e levar para todas. Sabemos que a vida profissional do atleta começa aos 17 e termina aos 35 quando não há atropelos. Temos vários exemplos de profissionais que foram vitoriosos em suas atividades.

    Eduardo Gonçalves de Andrade, Tostão um dos maiores craques do Brasil teve a carreira interrompida por um acidente em campo. Uma pancada no olho o tirou a atividade.

    O homem era médico e deu continuidade na profissão.

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  2. O esporte tem que crer uma atividade lúdica e de entretenimento. O futebol está sendo tratado como opção para esticar. É aí que mira o perigo.

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