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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 18 de março de 2021

TRADIÇÃO DO DIA DE SÃO JOSÉ - Por Antônio Gonçalo e Sousa.

Este ano, no dia de São José, vou orar prá alma de Madrinha Luiza Félix e todo povo devoto do Sanharol, em Várzea-Alegre-CE. Forma de reverenciar uma das crendices antigas que os nordestinos tinham em tempos de dificuldades. Uma delas era roubar um santo de casa vizinha para atrair chuva. 

A simpatia perdurou até as décadas de 1970/80 e tinha como objetivo a interseção do santo roubado, trazendo chuva para o sertão, na fase de verão periódico do chamado inverno. O "pseudo" ladrão tinha que guardar segredo do ocorrido. A tradição dizia que se a estória se espalhasse o santo não obraria o "milagre".

Eu era um meninote e fui incumbido por minha mãe a "roubar" a imagem de São José, da casa da Sra Luiza Félix, que, por respeito, todos a chamavam de madrinha. Acontece que, como leigo no assunto, eu trouxe foi outro santo. Mesmo assim,  para não chamar atenção e, manter o sigilo regular da simpatia, mamãe não falou nada prá ninguém. Só recomendou que eu deveria manter segredo do fato. Eu, claro, obedeci.

Pois não é que deu certo. No dia 19 de março a chuva retonou e houve uma redenção das lavouras, que antes vinham padecendo com a estiagem. Como agradecimento, foi mantida outra tradição da época. A imagem do santo  - que não era São José e não lembro o nome - foi devolvolvida à respectiva dona com uma  grande "procissão", organizada por minha mãe Rita e outras suas amigas devotas e rezadeiras do lugar.

2 comentários:

  1. Meus parabéns ao escritor Antônio Gonçalo de Sousa por mais um resgata muito importante de nossa historia.

    Em meados da década de 50 inicio da década de 60, criança ainda, eu assistia as festividades a São José na casa de Dona Luiza Felix. Lembro-me das cantoras entoadas e afinadas, minhas avós Andrezinha e Josefa de Pedro André, Mundinha do Sanharol, Dona Maria de Antônio de Gonçalo, além da dona da casa Luiza Felix.

    Dona Rita de Mundim Gonçalo, muito jovem ainda, fazia parte do coral. Parabéns para ela que continua carregando em suas mãos benfazejas a foto de São José.

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  2. O Sanharol sempre foi festivo e carregado de religiosidade. É impossível relacionar todos as pessoas que faziam a fazem o esse louvor. Além das que vicê citou:Ana de João, Ana Leandro, Cotinha, Geralda de Tomazinho, Anita Sátiro, Raimunda Rabino, Andrezinha, Carmelita, Vicente de Santiagua, Zé Pretinho, Socorro de Pedro Criança ....etc...etc...

    Neste dia de S. José, rigyemos por chuvas e também para que essa pandemia da COVID-19 acabe o mais rápido possível.

    Com Deus...

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