A sala de aula sempre me oprimiu.
A pergunta de um professor diante dos colegas me deixava apreensivo.
Nesse tempo, ao contrário de hoje, não gostava de plateia.
Mas, como gostava de ler conteúdos de pouco valor e sobretudo de ouvir rádio, fui "desarnando", para fazer o que faço hoje.
Ouvir. Eis a palavra mágica, mais importante do que falar.
O médico e escritor Rubem Alves disse o seguinte: "Anúncio de curso de retórica já ouvi muito. De escutatória, dificilmente."
Todo mundo quer falar. Poucos querem escutar para aprender a falar.
Por falta de educação, o que não falta é quem atrapalhe quem está falando.
Por essa e outras razões, falar besteira virou profissão no Brasil.
Por força da minha função de comentarista esportivo no rádio, sempre me expressei oralmente.
Ocorre que a escrita me fascinou, pela maior elaboração dos assuntos.
"Verba volant, scripta manent"("As palavras voam. Os escritos ficam.")
As minhas primeiras crônicas escritas eram horrorosas.
Mais pareciam anúncios de cartomantes: nenhuma preocupação com pontos e vírgulas.
Foi uma luta para "colocar no papel" o que o cérebro produzia.
Não cheguei ao ideal, mas posso garantir que aprendi muito.
Depois de toda essa peroração, o que quero dizer mesmo é o seguinte:
estou elaborando, ao lado do editor Eduardo Freire, o livro “Crônicas e Causos”.
Quedei-me aos pedidos de amigos e poucos leitores e resolvi colocar em 200 páginas o que ouvi, li e vivenciei.
E devo confessar que, a princípio, pouco receptivo com a ideia de um livro, estou muito satisfeito com a sua feitura.
E diria que essa obra está sendo para mim como um caminhão novo para um motorista.
Aguardem mais um pouco.
Espalhem em todas ruas e becos que “Crônicas e Causos” está no forno.
Lembro-me que menino velho, chegado de Várzea-Alegre em 1969, num jogo entre o Crato e do Juazeiro do Norte, no campo do Esporte, vi Wilton Bezerra pela primeira vez. O estádio tinha duas cabines de Rádio. Uma de alvenaria da Rádio Educadora e outra mais precária de tábuas da Rádio Araripe.
ResponderExcluirVi Wilton Bezerra e Foguinho desenrolando os fios e se acomodando no meio da torcida fazendo a transmissão e os comentários daqueles 2 x 2 inesquecíveis pelo inter-municipal cearense daquele ano.
Já não era sem tempo, esse livro que está no forno é o resgate de tudo que está nesta sua trajetória vitoriosa, digna do nosso aplauso.
Parabens Amigo Wilton Bezerra, o seu livro já nasce vitorioso por impedir que a história se perca na vala profunda do esquecimento. Parabéns.
e ao amigo comunico que muitos dos seus causos estarão no livro.
ResponderExcluirSou ouvinte/telespectador/leitor do Wilton Bezerra, desde que ele era locutor de rádio, em Juazeiro do Norte -CE e eu morava em Várzea Alegre. O que ele comenta é real. Ouvir é aprender. Escrever é viver.
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