Desde os primórdios da Igreja Católica, imagens da Santíssima Virgem Maria, esculpidas ou pintadas, são veneradas pelos fiéis. Essas imagens exprimem um modelo perfeito de confiança em Deus. Afinal, Nossa Senhora nos foi dada pelo próprio Deus, como uma Mãe misericordiosa e intercessora dos nossos pedidos junto ao Criador. Ininterruptamente, Maria roga por nós e nos socorre nas nossas necessidades.
A exemplo de milhares de outras comunidades cristãs, espalhadas pelo mundo, as quais têm a Virgem Maria como padroeira, Crato também surgiu – por volta de 1740 – aureolado como fruto da devoção à Mãe do Cristo Jesus. Um frade capuchinho, Frei Carlos Maria de Ferrara, construiu uma capelinha de taipa, coberta de palhas, e dedicou-a à Nossa Senhora da Penha. De lá para cá, e lá se vão 282 anos, três imagens da Santíssima Virgem foram veneradas como Padroeira desta cidade. Todas as três encontram-se em excelente estado de conservação.
A atual imagem, a que está no altar central da nossa Catedral – chamada pelo povo de Imperatriz e Padroeira de Crato e da Diocese –. foi adquirida pelo primeiro bispo de Crato, Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva. Aqui, foi recepcionada, pela população da cidade, em 1921. Mons. Rubens Gondim Lóssio escreveu que ela “foi adquirida na Europa”. Entretanto, está gravado na base da estátua: “Luneta de Ouro, Rio, 1920”, comprovando que a imagem foi adquirida através da famosa loja de esculturas religiosas localizada, à época, na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro.
Sobre essa imagem, esculpida em madeira e medindo cerca de 1,80m., escreveu Monsenhor Rubens:
“De tamanho bem maior que o natural, em atitude de quem aparece para defender o pastorzinho Simão, prosternado ao lado direito, enquanto o temível crocodilo se arrasta à esquerda, o vulto impressionante tem uma beleza encantadora. Trazida com dificuldades até esta Cidade Episcopal, teve a Imagem festiva recepção, em 1921, quando o povo acorreu ao seu encontro, na estrada do Buriti, onde se congregaram cerca de 32 zabumbas. Todavia, continuou ela guardada, até que, preparada a mentalidade do povo e feita a reforma da Capela-Mor (da catedral) por Dom Francisco de Assis Pires (segundo Bispo de Crato), colocaram-na no altivo e gracioso nicho de onde preside às funções do Culto e aos destinos do Crato. No dia 1º de setembro de 1938, foi-lhe dada a bênção do Ritual e, a partir de então, não tem ela cessado de conceder a todos as maiores graças e as melhores bênçãos”.
Em 2006, devido aos trabalhos de conservação efetuados no interior da Catedral a imagem de Nossa Senhora da Penha foi retirada – pela primeira vez – do alto do nicho, no qual estava desde 1938. Esse acontecimento levou muita gente à Catedral, na manhã de uma segunda-feira, 03 de julho daquele ano. Entretanto, após a descida da imagem, uma surpresa: constatou-se a existência de várias rachaduras na escultura. Coube a restauradora italiana Maria Gabriella Federico fazer os trabalhos do restauro.
Depois de restaurada,
a imagem de Nossa Senhora da Penha voltou ao seu nicho. E lá permanece,
onde escuta, todos os dias, as súplicas filiais dos seus devotos, que
veem nela uma fonte inesgotável de confiança. Afinal, Ela é a Mãe de
Deus e também é a nossa Mãe.
Sempre que passo em frente a Igreja da Sé, vejo da porta central essa imagem tal qual está na sua postagem. Não resisto, entro e diante da beleza da Mãe da Penha, venero e oro pelo Crato, nossa cidade, lugar que escolhemos para viver.
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