É comum se ouvir dos treinadores: "Preciso de um camisa 10 que pense o jogo na meia-cancha e arrume o meu time".
Esse mantra se refere a um meia clássico imaginário, de passes longos ou curtos, que ficou perdido no passado.
Vamos ficar nos dois maiores exemplos do futebol brasileiro: Didi, o "folha seca", e Gérson, o "canhotinha de ouro".
No tempo em que no setor de meio-campo existia um "púlpito" para esse pensador das melhores jogadas.
Diga-se, com uma pontada de exagero: "Esse pensa pelo time todo!". Como se o restante da equipe fosse formado por descerebrados.
Pois bem. O futebol mudou, ficou mais rápido, mais físico e os espaços para o jogo diminuíram.
O meia clássico e imaginativo, que precisava de tempo e espaço para consecução de suas jogadas, foi o mais afetado com essas mudanças.
Outra coisa: times bem orientados passaram a jogar em 30 ou 40 metros. Se nessas medidas chegam a ficar dois times, com a evolução dos sistemas defensivos, desaparece, entre linhas, o espaço para o meia clássico elaborar.
Essa função, vejam só, passou a ser do volante que vem de trás (Caio Alexandre, do Fortaleza, é um), e até mesmo de um zagueiro que tenha bom passe.
De maneira que, dos meias de hoje, exige-se que joguem atacando e defendendo, de área a área.
Para fugir dessa leitura, sistemática e um pouco radical, diríamos que, ainda bem, contamos com craques desafiadores dessa nova ordem do futebol.
Classudos e competentes Arrascaeta, Ganso e Rafael Veiga destróem modernos paradigmas e fazem miséria nos curtos espaços entre as linhas.
Para o nosso raro deleite.
Como saudosista que sou digo que era prazeroso ouvir pelo rádio a narração de Fiori Gigliot e os comentários de Mauro Pinheiro, nos embates entre Santos e Palmeiras onde atuavam Zito e Mengálvio pelo primeiro e Dudu e Ademir da Guia pelo segundo.
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