De próspera fazenda de gado, do início do século XVIII, passou a símpático núcleo urbano e, depois, a cidade extinta. Hoje, referem-se àquela planura de nome indígena usando o tenebroso termo "cidade fantasma", para outros, a classificação fica a cargo da origem da maioria de seus habitantes, por isso, também ser conhecida como "a cidade dos Feitosa".
No princípio, e desde milênios, era tudo terra dos índios, conforme confessa o nome, Cococi, que, para alguns, significa "coco pequeno" (coco + ci = pequeno); para outros, é palavra de origem cariri, "cocotsi", igualmente, coqueiro.
Curioso é o fato de a palavra "có", de origem tupi, está ligada, geralmente, à roça, como aponta a tradução de outros lugares cearenses, a exemplo de Icó (i=água+có=roça) e Acopiara (aco=roçado+pi=limpar+ara=o que cultiva).
Na minha grande ignorância, bem que Cococi poderia ser traduzido como roças pequenas ou pequenas roças. Mas só o povo originário daquela época para nos dizer o real significado.
O fato é que, depois da guerra civil cearense de 1724, o coronel Francisco Alves Feitosa, oriundo de Penedo/AL, guiado pelos índios Jucá e Jenipapo, depois de passar por Sirinhaém/PE, Icó/CE, Cariri/CE e Missão dos Jucás (hoje, Arneiroz/CE), subiu pelo Rio dos Jucás e, próximo às margens desse rio seco construiu sua casa de fazenda, em taipa, talvez, por volta de 1725, para fugir das autoridades e da vingança dos Montes, estes, seus parentes e inimigos acérrimos.
De frente à casinha de taipa de pilão, no ano de 1740, iniciou a construção de uma capelinha, estilo barroco, devotada à Nossa Senhora da Conceição. Aí, depois de ter desposado duas viúvas, casou-se pela terceira vez com outra senhora que havia perdido o marido, vivendo nesse lugar o resto de seus dias, fugindo do seu passado de guerra; lembrando-se da perda do filho mais velho, assassinado nas contendas fratricidas de 24.
Depois dele, vieram muitos outros, com mesmo sobrenome e sangue, criando gados, vivendo também outros conflitos, interpolados por sambas, paixões, vinganças e uma história de 300 anos que enlaça os curiosos.
Em meio a essas histórias vertem muitas lendas, como a de uma uma serpente que, em noites de lua cheia, emerge de um velho túmulo de um antigo e cruel coronel enterrado no cemitério do Cococi, atrás da referida capela.
A verdade é que a cidade do Cococi deixou de existir no plano físico para fazer parte do imaginário dos Inhamuns.
Cococi foi cidade localizada nos sertões dos Inhamuís de 1954 a 1968. Hoje é um distrito fantasma. Quando cidade teve dois prefeitos, o Major Feitosa, seu fundador e Leandro Custodio, também da família Feitosa.
ResponderExcluirNaquele tempo palavra data era cumprida. Certa vez o Major Feitosa, do Cococi, estando de saída para a cidade de Tauá, disse para sua mulher, também da família Feitosa, que a primeira rés que descesse para a bebida mandasse matar.
A primeira que desceu foi justamente a de sua estimação, de nome “Pintadinha”, mas como a palavra dele tinha que ser cumprida, ordenou que matassem aquela mesma.
A tardinha, quando o Major voltava da cidade, de longe avistou o couro da “Pintadinha” dependurado no Juazeiro na frente da casa.
Assustou-se, chegou logo e perguntou o que tinha havido com a “Pintadinha”, e a mulher respondeu que era porque tinha sido a primeira rés que desceu para a bebida.
Ele não disse mais nada, porém, todas as tardinhas se encostava ao pé do juazeiro, o tempo todo passando a mão no couro da vaca, dizendo: “É, você vexou-se”