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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 23 de março de 2024

PAISAGEM - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

No Brasil, naturalizamos o que não presta e tudo vira paisagem.

A dor, a miséria e as injustiças frequentam o nosso dia a dia além do suportável.

Quem tem posição, cor e prestígio paira acima das tragédias humanas.

Num dia de abril de 2019, em Guadalupe, zona norte do Rio, o músico Evaldo Rosa dos Santos ia para um chá de bebê e o seu carro foi atingido por 82 disparos de fuzil em operação ilegal de militares do Exército.

Na verdade, foram 257 tiros durante a ação. Por engano.

No último dia 29, o ministro Carlos Augusto Amaral, do Superior Tribunal Militar votou por reduzir a pena dos militares envolvidos na execução do músico.

O relator do caso, brigadeiro Carlos Augusto, defendeu que o homicídio seja entendido como culposo - quando não há intenção. 

O revisor do caso no STM, José Coelho Ferreira, apoiou a tese.

Na ação, os tiros sobraram para o catador Luciano Macedo, que morreu dias depois. Por engano, claro.

Apenas 257 tiros disparados, sem a "menor" intenção de matar. Pode?

Quando sairmos

de casa para um chá de bebê ou outra comemoração, digamos logo adeus, invés do até logo.

A barbárie como paisagem faz tudo virar estatística no mundo da violência.

A vala do esquecimento já está reservada para mais uma barbaridade.

2 comentários:

  1. Se pobres votam na esquerda, então convém aos políticos de esquerda multiplicarem o número de pobres para se perpetuarem no poder.
    Chico Anísio.

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  2. Os comunistas sempre souberam chacoalhar as árvores para apanhar os frutos no chão. O que não sabem é plantá-las.
    Roberto Campos.

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