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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 8 de setembro de 2024

O mini monumento em homenagem a dona Bárbara de Alencar: ridículo, grotesco, burlesco...por Armando Lopes Rafael (*)

   Em Crato, a nota caricata das comemorações do 7 de Setembro de 2024 ficou por conta de um “monumento” (entre aspas mesmo) que continua a provocar o riso e a zombaria da população cratense... Sim, esse grosseiro e mal visto “monumento”, pensado para homenagear dona Bárbara de Alencar -- uma mulher que entrou para a história da cidade --  continua causando transtornos à autoestima dos cratenses. Por que? porque o mini "monumento" fere os foros da fama da cultura que serve de auréola, nimbo e   resplendor a esta Mui Nobre e Heráldica Cidade.  Simples assim!

   Passados mais de 8 anos da introdução daquela “aberração”, no Calçadão da Praça da Sé, no último dia 7 (quando foram armar o palanque para as autoridades municipais assistirem ao desfile do Dia da Independência), a equipe da Prefeitura de Crato – talvez com boa intenção – resolveu escondeu o monumento da anãzinha... E veja que (graças a Deus) já retiraram a placa oficial, ali colocada em 2016.  Tal placa dizia (santa ignorância histórica!) que dona Bárbara também tinha participado da “Confederação do Equador de 1824”.   Naquele ano, dona Bárbara já vivia reclusa na sua fazenda, localizada no município de Fronteiras, no vizinho Estado do Piauí, onde viria a falecer em 1832.

O monumento da anãzinha ficou escondido atrás do palanque
 

   Como esse “monumento” surgiu?

   Foi na noite de 21 de junho de 2016, data do Município de Crato, que o então o prefeito municipal Ronaldo Gomes de Matos (titulado, pelos erros que cometeu,  de “O Fenômeno”), inaugurou o tal “monumento”. Dizem que ele teria aceitado a sugestão feita pela então Secretária de Cultura da cidade. Se non é vero é bene provato, diz o adágio italiano.  A intenção, vá lá,  deve ter sido boa... Mas, diz outro adágio, este  brasileiro: de boas intenções o inferno está cheio....

   Em 2016, de imediato, o entendimento do povo cratense é que aquilo se tratava – tão somente –   de "simulacro" de um monumento. Aquela feia “estatueta”  – pequena, pessimamente esculpida com  material de terceira qualidade – ao invés de representar uma altaneira Barbara de Alencar, mulher conhecida pelas gerações mais velhas como "A heroína” da Revolução Pernambucana de 1817, em Crato,  foi representada, no "mini monumento",  como se fosse uma anã. Pior: colocaram-na rente ao chão.  Sequer teve direito a um insignificante pedestal.. A bem dizer, dona Bárbara ainda está a espera de um monumento à altura da sua memória e da projeção da cidade de Crato. 

O "monumento" na noite da sua inauguração, em 2016,
 até a placa oficial tinha erros históricos: "heroína" da 
Confederação do Equador (SIC)
 

(*) Armando Lopes Rafael, historiador

Um comentário:

  1. Prezado amigo Armando Lopes Rafael. Cheguei no Crato em 1969, são 54 anos. Até o ano dois mil, quando trocaram valores como ética, decência, probidade e caráter pela politica de putrefação atual, em todos os eventos políticos, feriados nacionais e datas comemorativas a primeira coisa que o orador fazia era saudar a heroína Barbara de Alencar, a cidade era conhecida como terra de Barbara de Alencar. O Crato perdeu os seus valores históricos, a população de hoje não sabe nem interessa saber quem foi Barbara de Alencar, As autoridades não respeitam a sua história. Um prefeito debocha construindo um monstrengo em sua homenagem, o outro esconde por trás do palanque onde se posta com um bando de bajuladores e puxa-saco para exaltar e aplaudir um condenado em três instâncias da justiça, preso por 17 meses, solto por anulação duvidosa que a justiça nunca confirmou a inocência.
    Parabéns Armando Rafael, sua crônica vai de encontro ao que pensa os poucos que ainda sabem pensar.

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