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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 9 de novembro de 2025

Não existe “tradição republicana” no Cariri – por Armando Lopes Rafael

 

E viva a COP30 

   Alguns cronistas locais insistem em citar – vez por outra – uma tal de “tradição republicana” em Crato. Isso é feito para esconder o total desinteresse da população caririense pelo golpe que implantou a República no Brasil, em 15 de novembro de 1889.

   No entanto, o aniversário do golpe que impôs a República em nossa pátria nunca foi comemorado. Nem no Crato, nem no Cariri.  Nesta região o povo comemora datas como o 7 de setembro, 21 de junho, comemora as festas de Nossa Senhora da Penha, Nossa Senhora das Dores, Padre Cícero, Beata Benigna, dentre outras. Mas comemorações no dia 15 de novembro – data da “Proclamação da República” – nunca houve...

    Crato durante 149 anos viveu sob a Monarquia. De 1740, quando foi fundada a Missão do Miranda, até 1889, data do golpe que introduziu a forma de governo republicana sem consultas à população. Não se apaga facilmente um século e meio na vida de um povo. No imaginário popular persiste a ideia de que a Monarquia é algo bom. O historiador cratense Denizard Macedo escreveu: “O povo tinha apego aos soberanos e aversão às manobras revolucionárias. Diferente do que alguns tentam demonstrar existia uma tradição moldada na fé católica e na monarquia absoluta, com seus princípios, escala de valores, hábitos, usos e costumes, não sendo fácil remover esta herança cultural profundamente enraizada no tempo”.

   Isso é verdade. Ainda hoje quando o povo reconhece numa pessoa certos méritos ou qualidades acima do comum, costuma dar-lhe o título de “Rei”. Por isso temos ou já tivemos: “O Rei Pelé”, “O Rei Roberto Carlos”, “O Rei do Baião”, “O Príncipe dos Poetas Populares” (o repentista Pedro Bandeira) etc. E o que dizer dos concursos que se realizam para escolha da “Rainha do Colégio”, “Rainha da Exposição”? e de nomes de lojas como “O Rei da Feijoada”, “O Império das Tintas”? Ou nomes como “Rádio Princesa FM”, “Colégio Pequeno Príncipe”?

    Portanto, é um mito sem consistência essa alardeada “tradição republicana” de Crato. Precisamos ter coragem para proclamar isto, pois ela não reflete a realidade. Ainda não se conseguiu sensibilizar as camadas populares para comemorar, em Crato ou no Cariri, o golpe militar que impôs ao Brasil a fracassada República. Sempre foi assim. Vai ser sempre assim, também, no próximo sábado, dia 15 de novembro, quando o país vai parar – num feriado nacional – mas não vai ter festejos ao golpe que implantou a República. 

    “República”, para o nosso povo, passou a ser sinônimo de “república de estudantes”, com a desorganização e improvisação comum aos jovens. Ou serve para lembrar as notícias que vêm da Capital da República com os escândalos de corrupção que se sucedem sem parar. Agora está no foco os roubos nas pensões do INSS... “República” continua a ser, no imaginário popular, a lembrança da falta de segurança, a falência da saúde pública, a precariedade da educação pública, os políticos corruptos, as obras públicas inacabadas, a demagogia e a falta de respeito para com a população…

   Simples assim...


Um comentário:

  1. O que pregava o maior cearense e portanto o caririense do século entre os seus fiéis : "Da janela de sua casa, ele falou aos seus fiéis : Não se preocupem meus filhos, a Monarquia voltará e seremos novamente um pais próspero.
    O Comunismo foi fundado pelo demônio. Lúcifer é o seu chefe e a disseminação de sua doutrina é a guerra do diabo contra Deus.
    Conheço o comunismo e sei que é diabólico. É a continuação da guerra dos anjos maus contra o criador e seus filhos."

    Padre Cicero Romão Batista.

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