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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 29 de março de 2025

NA MEDIDA, DINHEIRO DOS OUTROS - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 

A classe dirigente do futebol sempre foi perdulária com o dinheiro dos clubes.

É aquela história: "O dinheiro não é meu, mesmo. Sendo assim, bora gastar". 

E tome endividamento, a torto e a direito. 

Vejam esta manchete: "Tribunal da CBF tem R$ 354 milhões em calotes parcelados e Fair Play avança".

Por isso, não é pequeno o número de times sentindo os efeitos do abismo.

Como única salvação: tomar parte na "corrida do ouro", em busca das SAFs.

E se "não der pé?".

ONDE ESTÁ A SURPRESA? 

Quem disse que confederações e federações tratam o futebol de maneira decente?

Basta lembrar. Muitos larápios que dirigiram essas entidades pelo Mundo foram parar na cadeia.

AMBIGUIDADES.

O futebol tem na sua essência a ambiguidade. Um placar de 0 x 0 pode oferecer grandes possibilidades dentro de um jogo. Embora, geralmente, não se pense assim.

Querem ver outra? Um treinador pode ganhar uma Copa do Mundo e não parecer consagrado.

NOJO.

A mulher de Ronaldo Fenômeno, chateada com o "canto de carroceria" oferecido ao marido (queria a presidência da CBF), disse que "sente nojo do Brasil". Vai pra China!

FRASE.

"Com tantos jogos ruins, o torcedor devia ser pago para assisti-los".

A frase é minha mesmo.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Esquema financiado pela China, com a intermediação do presidente Biden dos Estados Unidos - Postagem do Antonio Morais.

Há dois anos um amigo me disse que estava em andamento um plano financiado pela China para formar um sistema de domínio no Brasil. Que a China acreditava que somente o Lula era capaz de implementar como grande corruptor que era. Não confiava noutro.

Eu disse que não acreditava.

Ele acrescentou que a China estava usando o presidente Biden do Estados Unidos para implantar o sistema : Financiando o Supremo Tribunal Federal, o Congresso nacional, a grande mídia e censurando os opositores.

Hoje eu não tenho dúvidas.

O novo presidente americano, ao que tudo indica, está desvendando esse labirinto imoral, seboso e nocivo.

quinta-feira, 27 de março de 2025

O SUMIÇO DA JUMENTINHA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Na venda de pães à domicílio, um senhor usava uma jumentinha para carregar as cestas com o produto.

Um certo dia, a indispensável jumentinha sumiu com cesta de pão e tudo.

O proprietário do animal procurou Guajará Cialdini no seu programa matutino na Rádio Uirapuru, no sentido de pedir ajuda para encontrar a jumentinha. 

Um aviso divulgou detalhes do burrico e estabeleceu-se  gratificação para quem o encontrasse. Guajará Cialdini, bem no seu estilo, acrescentou  o seguinte:  

“Quem encontrar a jumentinha, pode comer os pães, mas não façam nada com o animal, por favor”.

quarta-feira, 26 de março de 2025

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. - Por Fenando Pessoa.


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. 

Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. 

Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. 

O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração.. .... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. 

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa, nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. 

Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és. 

E lembra-te:“Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”

Festa de São Raimundo - Postagem do Antonio Morais.



No penúltimo dia da festa, o ponto mais alto! Era o leilão. A parte mais rendosa para o padroeiro e onde os homens de dinheiro iam confrontar seus brios. Prendas oferecidas numerosas, de todos os tipos e versidades: um garrote oferecido por José Bitu, duas arrobas de algodão doadas por Manuel Leandro, do Sanharol, duas sacas de arroz ofertadas por Ildefonso das Panelas, um bolo oferecido por Dona Maria Vitoria, um pão de arroz com amendoim mandado por Mariazinha de Cirilo. Um isto, um aquilo, e lá se ia noite adentro Vicente de Sousa no pregão.

Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três. É do Cel José Correia que botou vinte mil reis. Era dinheiro pra chuchu. O padre na mesa ao lado fazia suas anotações e sorria.

Como desde do começo do mundo, rapazes e moças, fazem seus namoricos, não faltam aqueles cochichos, aqueles suspiros e confidências. onde Mundinho se derrete de amor, dizendo a Mundinha: meu coração por te gela, ouvindo dela, num sussurro, meus olhos por te são. Romances de poucas paginas e pouco futuro, noventa por cento davam em nada vezes nada, um verdadeiro chove-não-molha. Dez por cento, ainda são como sementes que podem germinar. Acabada a festa, no balaio das recordações, umas alegrias murchas, umas magoas ressecadas. Afinal a vida é assim mesmo. Se tudo fosse doce de leite...Tinha Graça?

Você, meu... ou minha jovem da moderna geração, aproveite sei gás, Porque a mocidade é como a lótus - floresce uma só vez. Você terá que contar daqui a 77 anos como-foi-que-foi a festa de São Raimundo em 1995.

Dr. Jose Ferreira.

terça-feira, 25 de março de 2025

A cidade do atraso - Por Antonio Morais.

Cheguei no Crato, esta cidade abençoada por Nossa Senhora da Penha, em Fevereiro de l969. Fiz minha matrícula no Colégio Estadual Wilson Gonçalves.

Aqui estudei, me formei em "Ciências Econômicas", especialidade que nunca exerci. Constituir família, exerci minha vida profissional, e, daqui não pretendo ir embora. Considero-me um filho adotivo de "Nossa Senhora da Penha".

A única coisa que não trouxe comigo de minha terra "Várzea-Alegre" e deixei lá foi o meu domicilio eleitoral. Não tenho responsabilidade pelo sucesso ou fracasso da cidade do Crato que admiro e quero muito bem. 

Como um exímio observador, tenho o direito divino de declará que o Crato, nos últimos tempos é a cidade do atraso :  Dá um passo para frente e dois para trás.

Vem um prefeito derruba dois metros da frente de cada edificação da rua Dr. Miguel Lima Verde para alargar a via terrestre e melhorar a tráfico de veículos e de pessoas. 

Distroe e leva ao chão edificações centenárias e memoráveis com visíveis peças, azulejos e acabamentos de origens nobres, europeus. 

Depois vem outro prefeito e alarga a calçada em dois metros deixando a rua como antes era.  

Nada mais claro e concreto do que a falta de planejamento para o futuro : É um destruindo o que o outro fez ou o que já estava feito. 

Se você cratense, que hoje em dia, reside aqui ou fora da cidade observar as ruas Miguel Lima Verde e Dr. João Pessoa, da Praça da Sé até a praça São Vicente verá que a largura da calçada é a mesma da rua com uma única diferença: "A via pública perdeu o encanto que tinha e está vazia de beleza".

Nessa artéria pública que considero o coração pulsante do Crato nada é mais igual como era há três, quatro ou cinco décadas. 

História de sertanejo - Por Antônio Morais.


 Historias de Sertanejos - Antonio Morais.

O Cacimiro Bento, do Açude Velho, município de Piquet Carneiro, de início, era uma pessoa normal. Casou-se, nasceram muitos filhos, porém depois de quarenta anos, apareceram uns problemas e ficou amalucado. Não era totalmente débil mental, mas, muito ingênuo mesmo. As conversas dele não tinham pé nem cabeça. Enviuvou, e passou a morar na casa dos filhos, uns dias na de um, outros dias na casa de outro, e assim por diante.

Quando se encegueirava por uma coisa não tinha quem o arredasse. No começo da década de 1940, cismou de ir passar uns meses na casa de uma filha em São Paulo. Insistiu até arranjarem dinheiro para ele viajar, àquela época de navio, em companhia de pessoas conhecidas. Passou por lá um ano ou mais e, de novo, começou a insistir para voltar. Era no quente da segunda grande guerra, de vez em quando se sabendo notícias de navios afundados pelos alemães, por isso, a filha temia em deixar seu pai viajar de navio, pois, naquele tempo não havia outro meio de transporte, porém, insistiu tanto que o jeito foi ela concordar embora sabendo do grande perigo.

Arranjou passagem, embarcou ele no porto de Santos e telegrafou para a família. Aconteceu que com oito ou nove dias de viagem o navio foi torpedeado. Correu a notícia: “o navio que Cacimiro viajava afundou e não se salvou ninguém”. A família em Piquet Carneiro quando soube, ficou muito aflita e botou luto. Passados uns dois ou três anos, eu estava um dia hospedado na casa do meu parente, o Chico do Zeca, em Fortaleza, saí pra rua e quando voltei avistei o Cacimiro bem sentado na casa onde eu estava hospedado, e sem querer acreditar, perguntei: “É o Cacimiro Bento mesmo?” E ele com aquela mesma cara de pateta, só fez dizer “éééé”.

Ai fomos quebrar cabeças para saber como foi que ele se salvou do naufrágio do navio. Ele contou uma estória que quase não acabava mais e no final tiramos à conclusão de que o caso aconteceu mais ou menos assim: quando o navio chegou ao Rio de Janeiro demorou um pouco; o Cacimiro então saiu e foi pedir para um rapaz desconhecido trocar uma cédula de dez mil réis; o rapaz respondeu que não podia, mas, se ele quisesse ia ali trocar o dinheiro e voltaria já; ele concordou e depois de esperar muito pelo rapaz, faltou à paciência e saiu para procurá-lo na rua; nem encontrou e nem acertou mais voltar; começou a se lastimar de rua em rua, até que um senhor se compadeceu e o levou para a casa, onde ficou trabalhando, zelando o jardim; depois, este mesmo senhor arranjou uma passagem e o mandou para o Ceará, visto que a guerra já havia terminado.

Passou mais de três anos na casa desse senhor. No dia seguinte viajávamos de trem para o interior, sentados na mesma cadeira, e de vez em quando eu o notava querendo rir. Perguntei-lhe porque estava rindo e ele respondeu: “maginano, quandeu chegá lá, o avoroço do povo cum medo deu”....

Orson Scott Card - O pensador.

"Se os porcos pudessem votar, o homem com o balde de lavagem seria sempre eleito, não importa quantos porcos já houvesse abatido".

CARIRIENSIDADE (por Armando Lopes Rafael)


Caririenses ilustres: Padre Francisco Gonçalves Pita

      Nasceu em Missão Velha, no dia em 29 de maio de 1895, filho de Fenelon e Julieta Gonçalves Pita. Em 1909 vamos encontrá-lo estudando no Seminário São José de Crato. Depois foi aluno do Seminário da Prainha, em Fortaleza. Recebeu a ordenação presbiteral em 27 de fevereiro de 1921. Foi logo nomeado Vigário da Paróquia de São Vicente Férrer, de Lavras da Mangabeira, onde permaneceu até dezembro de 1936, retornando a Crato. 

       Quando de um dos fechamentos do Seminário São José, funcionou naquele edificio  o Ginásio São José. Fechado este, Pe. Francisco Pita, com recursos próprios e ajuda dos pais que eram pessoas ricas em Missão Velha, adquiriu um prédio na esquina da Avenida Duque de Caxias com Rua Nelson Alencar e lá fundou e fez funcionar o antigo Ginásio do Crato. Ali, Pe. Francisco Pita  lecionou Geometria, Álgebra, Aritmética, História Natural Física e Química.

       Tempos depois, foi aprovado para ser professor do Colégio Militar de Fortaleza. Deixando Crato,  vendeu o seu Ginásio à Diocese, o qual passou a se chamar Colégio Diocesano de Crato
       Em Fortaleza, foi capelão do Colégio Militar  e da igreja de São Pedro. Primeiro pároco da nova Paróquia de Santa Luzia (fundada em 13.03.1942). Ensinou língua portuguesa do Colégio Militar. Recebeu o título de Monsenhor, que lhe foi  concedido pelo Papa Pio XII. Faleceu na capital cearense, em 23.11.1969, vítima de atropelamento. É patrono da Cadeira de nº 16 do Instituto Cultural do Cariri, com sede em Crato
           
História: sobre o povoamento do Cariri

      Teve início, provavelmente por volta de 1703, o povoamento do extremo sul do Ceará, quando criadores baianos e sergipanos – seguindo o caminho dos rios, que eram então abundantes – chegaram a esta região. Vinham, com seus rebanhos, pela ribeira do Rio Salgado e Riacho dos Porcos. Alguns se fixaram inicialmente na povoação de São José dos Cariris Novos, atual cidade de Missão Velha.
             Primitivo engenho de rapadura do Cariri
    
  Donde se conclui que a primeira exploração econômica do Cariri foi a pastoril. Somente por volta de 1718 (para alguns historiadores), ou 1738 (para outros), descobriu-se a vocação canavieira desta parte do Ceará, graças às amostras de cana-de-açúcar trazidas, provavelmente, da Bahia ou da Zona da Mata de Pernambuco. Teve início, naquele momento, a predominância da agricultura, sobre as atividades pastoris no Cariri cearense.

A presença de famílias da Província de “Sergipe del Rey” nessa povoação
 Antigo Brasão de Armas de Sergipe del Rey, na época da dominação holandesa

      É da lavra do Monsenhor Francisco Holanda Montenegro o melhor escrito sobre a presença de famílias sergipanas na povoação do Cariri. No livro “As Quatro Sergipanas”, Mons. Montenegro deixou para a posteridade suas pesquisas e interessantes descobertas. E fê-lo arrimado em alentados dados históricos, onde prova que nas linhagens da “Gens Caririenses” estavam troncos familiares provenientes da então Província de Sergipe del Rey. 

      Bastaria recordar aqui a ascendência do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro – o “Contrarrevolucionário do Cariri de 1817”, considerado, também, o fundador da cidade de Juazeiro do Norte. O lendário Brigadeiro Leandro era filho do sergipano Antônio Pinheiro Lobo e Mendonça e da pernambucana Joana Bezerra de Menezes. Descendia ele – em linha direta – do português Diogo Álvares (que ficou conhecido pelo nome de "Caramuru") e da índia Paraguaçu (convertida ao catolicismo e batizada em 1528, na Catedral Saint-Malo, na França, com o nome de Catherine du Brésil). Reza a tradição ter sido esse o primeiro casal cristão brasileiro. O livro de Mons. Montenegro, no entanto, tem vasto inventário de outras famílias sergipanas que povoaram o Cariri cearense.

Sobre o Brigadeiro Leandro

Livro "As Quatro Sergipanas", da lavra de Monsenhor Francisco Holanda Montenegro

         Monsenhor Francisco Holanda Montenegro, no seu livro "As Quatro Sergipanas", descreve assim o perfil moral do fundador de Juazeiro do Norte: “... a relevar o nome do mais ilustre dos cratenses, o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, o nume tutelar dos Bezerra de Menezes do Cariri. Ele se tornou grande, primus inter pares, pela retidão de caráter, pela nobreza de sentimentos, pela vida exemplar de que era dotado. Homem de Deus, espírito límpido e transparente, franco, sincero, leal. A par de sua honestidade, corriam parelhas a prudência, o equilíbrio e o bom senso."

    O Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro nasceu no sítio Moquém, zona rural de Crato, em 5 de dezembro de 1740. A historiadora Amália Xavier de Oliveira (uma das primeiras a defender o Brigadeiro como fundador de Juazeiro do Norte) argumentou que isso ocorreu porque, dentre suas várias propriedades rurais, o Brigadeiro escolheu uma delas para viver seus últimos dias. Era a Fazenda Tabuleiro Grande, (localizada onde hoje se ergue a cidade de Juazeiro do Norte) assim descrita por Amália:

As extensas terras do Brigadeiro Leandro

    Juazeiro do Norte em 1827, numa pintura da artista plástica Assunção Gonçalves. A casa com pequeno alpendre e um banco na frente, era a casa do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro.

   Conforme a escritora Amália Xavier de Oliveira: “... imensa extensão de terra, partindo do município de Crato e espraiando-se em direção à serra de São Pedro, era a Fazenda Tabuleiro Grande, pertencente ao Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro e que, portanto, fazia parte da gleba de terra do engenho Moquém que seus avós doaram aos seus pais como dote, quando eles se casaram. O ponto mais pitoresco da fazenda era uma ligeira elevação do terreno, próximo ao rio Salgadinho, onde havia três grandes juazeiros, formando um triângulo e sobressaindo, entre os demais, pelo tamanho de sua fronde e pela beleza do verde de sua clorofila. Sob esta fronde acolhedora, procuravam abrigo os viajantes feiristas, que, de Barbalha, Missão Velha e outras imediações se dirigiam a Crato para vender seus produtos e comprar mantimentos para a semana (...)

Como Juazeiro do Norte surgiu

       E continua Amália: "Ordenara-se Sacerdote o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do brigadeiro, porque filho de sua primogênita, Luiza Bezerra de Menezes e de seu primeiro marido, o Sargento-mor Sebastião de Carvalho de Andrade, natural de Pernambuco. Para que o padre pudesse celebrar diariamente sem lhe ser necessário ir a Crato, Barbalha ou Missão Velha, a família combinou com o novel sacerdote a ereção de uma capelinha, no ponto principal da Fazenda perto da casa já existente".

    Em 15 de setembro de 1827 foi lançada a pedra fundamental da capelinha de Nossa Senhora das Dores. Assistiu a essa solenidade o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, aquela época caminhando para os 87 anos de idade. A imagem de Nossa Senhora das Dores, destinada à capelinha, foi adquirida pelo brigadeiro em Portugal e ainda hoje é conservada, em excelente estado, na Casa Paroquial de Juazeiro do Norte.

Fato histórico pouco divulgado: Padre Cícero era um “Bezerra de Menezes”

      Também o Padre Cícero Romão Batista tinha ascendência sergipana.     
Deve-se aos pesquisadores Renato Casimiro e Daniel Walker a constatação de que, dentre os ancestrais do Padre Cícero Romão Batista, alguns são do clã Bezerra de Menezes. Num livro escrito por esses dois historiadores (“A Família Bezerra de Menezes”, ABC Editora, Fortaleza, 2011) consta: 

“Alguns ancestrais do Pe. Cícero pertenciam à família Bezerra de Menezes. Quem lê estudos mais aprofundados sobre a biografia de Cícero Romão Baptista, o padre secular que revolucionou a Povoação do Joaseiro, entre 11 de abril de 1872 – quando chegou na povoação, e 20 de julho de 1934, quando falece – deve ter encontrado alguns destes registros. As suas tetravó e trisavó maternas, respectivamente, Petronila Bezerra de Menezes e Ana Maria Bezerra de Menezes, filha de Petronila, eram relacionadas por genealogistas como oriundas da contribuição étnica da família, dos troncos existentes entre velhos povoadores da Bahia, de Pernambuco e de Sergipe especialmente.

        No desenvolvimento genealógico desta família, agora é oportuno salientar que, o nono filho do casal Bento Rodrigues Bezerra e Petronila Velho de Menezes, se não teve uma grande importância no povoamento do Cariri, menor não é o significado de sua descendência, especialmente, para Juazeiro do Norte, pois representou o berço do patriarca na extensa Nação Romeira, o reverendíssimo Padre Cícero Romão Baptista. Assim:

1.    João Bezerra de Menezes matrimoniou-se com Maria Gomes, e foram pais de:
2.    Petronila Bezerra de Menezes que casou com o Cap. João Carneiro de Morais, e geraram:
3.    Ana Maria Bezerra de Menezes, que desposou o Cap. Francisco Gomes de Melo, pais de:
4.    José Gomes de Melo, capitão, de cujo enlace com Ana de Farias, tornaram-se pais de:
5.    Vicência Gomes de Melo, que uma vez casada com José Ferreira Castão, foram pais de:
6.    Joaquina Vicência Romana (ou Joaquina Ferreira Castão – Dona Quinô), de cujo casamento com Joaquim Romão Baptista Mirabeau, foram pais de:
7.    Padre Cícero Romão Baptista”.

segunda-feira, 24 de março de 2025

Primeiro carro do Crato - Por Antonio Morais.

O comerciante Manoel Siqueira Campos, nascido em Porteiras - Ceará, se estabeleceu no Crato no início do Século XX, após conseguir grande fortuna trabalhando em Triunfo - Pernambuco.

No dia 29 de Setembro de 1919, ele trouxe o primeiro automóvel para o município, comprado em Recife, no Pernambuco, sua chegada fez história na Princesa do Cariri, atraindo muitos curiosos.

Antes disso, criou a primeira "Fábrica de bebidas" da região. 

O empresário, por conta própria, construiu os primeiros calçamentos das ruas centrais da cidade e ajudou os flagelados da seca de 1915 que chegavam aos campos de concentração na região. Especialmente no Muriti - Crato.

A praça erguida em sua homenagem resiste ao tempo firme, altaneira e bela, porém o busto em sua homenagem foi retirado, não se sabe que fim levou.

Lamentável.

José Raimundo Nonato de Morais (Zezinho Bilé) - Por Tibúrcio Bezerra de Morais Neto.

Nasceu nas Panelas e era filho de Raimundo Bilé (Raimundo Nonato de Morais), latifundiário. cujas terras estendiam-se até o sítio Coité. 

Quando solteiro, viveu no Amazonas, onde aprendeu muita coisa. Retornando a Várzea Alegre, foi professor particular e casou-se com Isabel Alves de Morais, filha de Vicencinha do Rosário. Ela, herdeira de boas terras que partiam do Rosário e confinavam com o Coité. 

Ele; herdeiro do Coité, onde se estabeleceu. Lá construiu açudes e montou engenho de rapadura. Homem muito honrado e operoso, tornou-se uma referência política. Dividindo o tempo entre as atividades rurais e a casa que construiu na praça da igreja, foi guindado ao honroso (na época) cargo de Intendente, no qual permaneceu de 14 de outubro se 1898 a 20 de março de 1912. 

Portanto, mais de 13 anos. Nessa época, despontava Antônio Correia, mais político e muito ardiloso. Zezim Bilé não era de confusão. No silêncio da sua modéstia, afastou-se da vida pública, mas teve que enfrentar ainda algumas enrugas com o desafeto já Cel, Antônio Correia Lima, cuja história bem retrata o ímpeto do coronelismo no sertão. 

Zezim Bilé era o meu bisavô e dele sempre ouvi estórias edificantes. Fábio Pimpim era amigo dos dois e habitualmente frequentava as duas casas. Contava que, numa certa ocasião, em conversa com Padrinho Zezim, (assim era chamado em família) este lhe fez um pedido. Já se sentindo velho, sugeriu ele: Fábio, eu e Antônio Correia estamos velhos e não há mais sentido de continuarmos intrigados, pois já estamos perto é de morrer. E Fábio adorou a sugestão. Mas não foi feliz na missão. À sua proposta Antônio Correia foi taxativo: Fábio, a proposta é interessante, mas deixe Zezim pra lá e eu pra cá. 

Sem acordo, portanto. Resultado: No mesmo ano faleceram os dois. Zezim Bilé no dia 18 de fevereiro e Antônio Correia no dia 30 de março de 1939. Era assim a política antigamente. Hoje Correias e Morais mantêm-se amigos e não guardam ressentimentos pelo que aconteceu nos primórdios.