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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A terceira, do Antonio Alves.


Raimundo Alves de Morais, Raimundo Piau.

Em 1932, o nordeste se abateu com uma grande seca. Várzea-Alegre sofreu muito, pois as dificuldades de acesso, falta de transportes não permitia chegar a cidade géneros alimentícios e o medo da fome assombrava a todos. Como nas horas de desespero o normal é acorrer a fé, os do Sanharol e os do Roçado Dentro partiram para ultima esperança que lhes restava. Diziam os mais antigos que fazendo a troca de um santo por outro a chuva chegava no mesmo dia. Então combinaram. Os do Sanharol saíram com São Caetano de Mãe Doar e os do Roçado Dentro com São Joaquim de Ana de Zé Eufrasio.

O encontro se deu no sitio Chico que fica entre as duas localidades. No local da troca Raimundo Alves de Morais, o Raimundo Piau assumiu o comando da cerimonia religiosa. Raimundo Piau era um cidadão respeitado, muito inteligente e querido por todos. O Raimundo rezava as orações e as pessoas respondiam em coro: Senhor atendei as nossas preces. O António Alves dizia num tom acima dos demais: É trabalho perdido!

Depois de vários trabalho perdido do António Alves, Raimundo Piau que era seu sobrinho advertiu: Tio António, esse é um momento serio, momento de oração, o Senhor está levando a coisa na brincadeira! Antonio Alves deu uma risadinha e replicou: meu filho é que pra chover tanto faz rezar um terço como fazer um samba.

2 comentários:

  1. Nesse mesmo ano o meu pai tinha uma lavoura de arroz em sociedade com o Antonio Alves. Quando se desenganaram das chuvas apelaram para um bebedouro nas proximidades e começaram a aguar a area plantado no sistema arcaico daquela epoca. Fizeram um barreiro e com uma lata de querozene jogavam a agua em cima da barreira e essa se espalhava pela area plantada. Meu sabedinho como todo, deixou o Antonio com a lata no barreiro e foi regar a agua fazendo as paredes para preservar a agua apenas na area de plantação. Lá para as 11 horas o meu pai falou para o Antonio: compadre bote 50 latas que termina. Ele atendeu, a agua não saiu do lugar por conta da gravidade. O meu pai pediu novamente: Compadre bote mais 50 latas.O movimento parou para o lado onde o Antonio estava. Daí, ha pouco o Antonio levantou, olhou pru meu pai e disse: Compadre essa parte aí vai segurar com:

    O sereno da madrugada Tarara,
    Eu vi a cuica gemer.
    Peguei meu tamburim!...

    Cantando essa musica se encobriu no caminho de casa e não voltou mais no roçado.

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  2. No dia que Valdízio Correia morreu, os adversários dos Correias também cantavam essa música parodiada com outra letra, ofendendo a família de Valdízio.

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