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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

095 - O Crato de Antigamente - Antônio Morais.


Conheci Antônio Melito Sampaio na década de 70 e daí por diante me tornei seu amigo. Diariamente nos encontrávamos e levávamos uma boa prosa.

 Causos dele conheci aos montes, ele era espirituoso, alegre, brincalhão ao extremo, pratico e para tudo encontrava uma saída.

Certa feita ele saiu numa sexta-feira com alguns amigos, começou a beber e só retornou para casa no outro dia por volta de cinco horas da manha. A mulher esperava andando pelos quatro cantos da casa, num misto de preocupação e raiva. Indignada, desabafando em alta voz, chamando-o de cretino e mau caráter.

Só não houve uma emboança porque ele não costumava discutir, chegava calado e continuava assim, por mais que a mulher zoadasse. Na verdade era de paz, especialmente depois de uma traquinagem.

Para agradar a esposa, no outro dia, fez um convite para um jantar numa churrascaria da cidade. A generosidade foi tamanha que autorizou a mulher a convidar uma outra irmã, ou seja, a cunhada para a festa comemorativa pelas pazes. Quando saíram de casa, a esposa notou o carro cheio de coxias de cigarros.

 A mulher perdeu o controle e passou exigir explicações: Ontem eu estava com uns amigos tomando umas geladas no Bar Gloria e um amigo me pediu o carro emprestado e só devolveu ao amanhecer, por isso cheguei tão tarde em casa, disse solicito.

Passaram na casa da cunhada e a apanharam. Bem acomodada no banco traseiro do carro a convidada soltou os sapatos dos pés que com os solavancos do carro foram parar na parte da frente, nos pés do Melito.

 Ao vê os calçados, tranquilo e bem humorado, imaginou no seu silencio: “vige nossa” a mulher esqueceu o diabo dos sapatos, e agora o que faço? Bem ao seu estilo apanhou os sapatos sem que ninguém percebesse e os jogou fora pela porta do carro.

Quando chegaram à churrascaria, para sua surpresa, as duas, mulher e cunhada quase endoidaram procurando os sapatos. O Melito na maior cara de pau danou-se a procurar por baixo de tudo que era banco. Causos que contava aos risos.

4 comentários:

  1. Meu amigo Melito de saudosa memoria. Foi um dos homens que viveu a vida e foi feliz. Homem abastado, mas nunca se ligou a bens materiais. Seu principal patrimonios era a amizade e admiração dos amigos.

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  2. É...

    Conheci-o e ele era danado mesmo, mas, sempre se saia bem de suas traquinagens. Coisas do Crato Antigo. Que saudades!

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  3. Quando era criança tinha a mania de andar chutando tudo que via pela frente, certo dia chutei algo diferente, quando recolhi o negócio, era um pacote de dinheiro, muito dinheiro, botei no bolso e fui para casa.
    Chegando em casa encontrei minha irmã mais velha chateada por não poder participar de uma viagem com as colegas por falta de dinheiro, falei por isso não! Tirei o dinheiro do bolso e joguei no chão dizendo pode ir tá aqui o dinheiro.
    Quando minha mãe viu aquele monte de dinheiro, foi logo perguntando, onde você encontrou isso? Eu contei que tinha achado na rua.
    Para tristeza minha e da minha irmã, ela falou vamos guardar, pois o dono vai aparecer.
    O dinheiro ficou vários meses no fundo do armário.
    Meu pai, sempre que conversava com os amigos, perguntava de sabia de alguém que tinha perdido dinheiro, a resposta era sempre a mesma, não, até que um dia conversando com Pedro Bezerra, seu primo, que tinha uma loja de pneus, quando perguntou se sabia de alguém que tinha perdido dinheiro, ele que sim, só que já fazia algum tempo, meu pai perguntou, quem, ele falou Melito, perdeu um grande valor.
    Assim conheci Melito e perdi minha bicicleta, pedia sempre o valor ao meu para comprar minha sonhada bicicleta.

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