O presidente Juscelino Kubitschek foi o que o brasileiro gostaria de ser. O presidente Lula é o que a maioria dos brasileiros é. Incapaz de folhear biografias, sem paciência nem disposição para estudar a História do Brasil, Lula não faz idéia de quem foi o antecessor. Mas gosta de comparar-se a JK. Primeiro, apresentou-o como exemplo a seguir. Não demorou a descobrir-se, como reiterou no fim de semana, bem superior ao modelo e infinitamente melhor que todos os outros. Sedutor, inventivo, culto, cosmopolita, generoso, amante do convívio dos contrários, Juscelino não gostaria de ser comparado a um chefe de governo falastrão, gabola, provinciano, que odeia leituras, inclemente com adversários, a quem culpa por tudo, e misericordioso com bandidos de estimação, a quem tudo perdoa. Ambos nasceram em famílias pobres, ultrapassaram as fronteiras impostas ao gueto dos humildes e alcançaram o coração do poder. Esse traço comum abre a diminuta lista de semelhanças, completada pela simpatia pessoal, pelo riso fácil e pela paixão por viagens aéreas. Bem mais extensa é a relação das diferenças, todas profundas, algumas abissais.
O pernambucano de Garanhuns é essencialmente um político: só pensa nas próximas eleições. O mineiro de Diamantina foi um genuíno estadista: pensava nas próximas gerações. Lula ama ser presidente, mas viveria em êxtase se pudesse ser dispensado de administrar o país. Bom de conversa e ruim de serviço, detesta reuniões de trabalho ou audiências com ministros das áreas técnicas e escapa sempre que pode do tedioso expediente no Palácio do Planalto. JK amava exercer a Presidência, administrava o país com volúpia e paixão ─ e a chama dos visionários lhe incendiava o olhar ao contemplar canteiros de obras que Lula visita para palavrórios eleitoreiros. Lula só trata com prazer de política. JK tratava também de política com prazer. O país primitivo dos anos 50 pareceu moderno já no dia da posse de JK. Cinco anos depois, ficara mesmo. O otimista incontrolável inventou Brasília, rasgou estradas onde nem trilhas havia, implantou a indústria automobilística, antecipou o futuro. Cometeu erros evidentes. Compôs parcerias condenáveis, fechou os olhos à cupidez das empreiteiras, não enxergou o dragão inflacionário. Mas o conjunto da obra é amplamente favorável. Com JK, o Brasil viveu a Era da Esperança.
O país moderno deste começo de milênio pareceu primitivo no momento em que Lula ganhou a eleição. Seis anos e meio depois, ficou mesmo. As grandezas prometidas em 2002 seguem estacionadas no PAC. As estradas federais estão em frangalhos. A educação se encontra em estado pré-falimentar. O sistema de saúde é lastimável. A roubalheira federal atingiu dimensões amazônicas. Mas Lula está bem no retrato, reiteram os institutos de pesquisa.Talvez esteja. Primeiro, porque milhões de brasileiros inscritos no Bolsa-Família são gratos ao gerente do programa que os reduziu a dependentes da esmola federal. Depois, e sobretudo, porque o advento da Era da Mediocridade tornou o país mais jeca, mais brega, muito menos exigente, muito menos altivo. Nos anos 50, o governo e a oposição eram conduzidos pelos melhores e mais brilhantes. O povo que sabia sonhar sabia também escolher melhor. Mereceu um presidente como JK. No Brasil de Lula, mandam os medíocres. O grande rebanho dos conformados tem o pastor que merece.
Augusto Nunes.
Este texto do Augusto Nunes é uma realidade que presenciamos. Que os adeptos leiam e releiam e meditem para não cometerem o crime de comparar um estadista com um enganador. E que tambem não venham com suas paixões criticar o autor de tão bem razuado texto. Parabens ao Augusto Nunes.
ResponderExcluirMorais:
ResponderExcluir–Juscelino Kubitschek – o grande JK – teve infância pobre. Mas sempre estudou. Foi seminarista e aí começou seus conhecimentos humanísticos. Depois – empregado nos Correios – conseguiu a graduação em Medicina.
– Lula teve infância pobre. Mas percorreu o caminho sindical onde impera o peleguismo e o favoritismo, onde os líderes tiram vantagens do sofrimento de seus companheiros, usam e abusam do direito de ganhar sem trabalhar.
– JK, humildemente, com mérito próprio, percorreu todos os caminhos políticos até chegar à presidência da Republica. Acumulando experiência administrativa e currículo político. Uma carreira bonita: prefeito de Belo Horizonte, deputado federal, governador de Minas Gerais, presidente da República, senador por Goiás, até ser cassado no regime militar. Deve-se a ele a saída do Brasil de uma economia provinciana e atingindo o status de uma nação em desenvolvimento. JK cumpriu todas as metas governamentais. Foi democrata. Dialogou com adversários. Concedeu anistia.
– Antes de chegar à presidência da República, Lula – além de sindicalista – foi uma vez deputado federal, onde passou despercebido. Sua atuação resumiu-se nesta frase: “O Congresso tem 300 picaretas”. Como presidente tirante o Bolsa-Família (herdado de FHC) fez pouca coisa. Criou o alardeado PAC (feito para eleger Dilma Roussef) que das mais de 12 mil obras anunciadas só conseguiu concluir 3%. Isso mesmo: três por cento. A grande maioria não saiu (nem vai sair) do papel.
Cem anos de Juscelino
ResponderExcluirJuscelino Kubitscheck
sobrenome de Oliveira
viveu sem fazer besteira
e sem fundo não deu cheque
queira Deus que eu não peque
nem que seja brincadeira
na História Brasileira
o maior homem que existiu
foi ele e outro ninguém viu
em qualquer parte do Brasil
Hoje 100 anos completou
do dia em que veio ao Mundo
não esqueça um só segundo
do que ele ensinou
seja feliz e sempre alegre
a todos tendo respeito
e sempre sendo direito
embaixo do céu de anil
foi ele e outro ninguém viu
em qualquer parte do Brasil
Que bom se o político
que hoje quer mandato
assumisse um contrato
de defender o Brasil
honrando o voto que tivesse
jamais fosse ingrato
e como desiderato
honrado não fosse vil
foi ele e outro ninguém viu
em qualquer parte do Brasil
Vá votar com atenção
no regime democrático
seja um eleitor prático
se melhorar quer o mundo
não esqueça um só segundo
do grande Kubitscheck
que sem fundo não deu cheque
e o progresso garantiu
foi ele e outro ninguém viu
em qualquer parte do Brasil
Tarciso Coelho
Caros Blogueiros,
ResponderExcluirRealmente não dá pra comparar. Os dois são importantes cada um com suas peculiaridades.
Se o poder tivesse se alternado entre Lulas e JKs nos últimos 70 anos o Brasil seria hoje a maior potência da terra.
Abraços,
Tarciso.
Tarciso
ResponderExcluirPara bens pela bela poesia. Obrigado pelos comentarios.
Amigo Morais, antes de analisar o segundo comentário, gostaria de saber quem é este cidadão " Augusto Nunes", pois, nunca vi falar de tal pessoa.
ResponderExcluirQuero dizer que durante meu curso de história lí vários textos sobre governantes brasileiros, em especial, JK. na minha opinião, a diferença entre Lula e Jk, reside no fato que Lula entrgará o País ao seu sucessor sem o rombo que deixou o JK. Será que este cidadão acha que só ele é que sabe da história do País. Ele escreve um monte de inverdades sobre Lula e é um tremendo de um preconceituoso que deve estar desesperado com a possibilidade de um terceiro mandato.
Muito bem, Tarcísio. Assim é que se fala. Já tinha visto outros comentários do Tarcísio.
ResponderExcluirAmigo Morais, aguarde! Vem aí o Blog do Lula. Já temos o Blog do Zé Dirceu, da Dilma, da Petrobrás... Agora o Blog do Cara.
Antonio.
ResponderExcluirO Blog do Lula, do Dirceu, da Dilma, do Genoino,do Sarney, do Renan, da Cueca e da falta de vergonha. Augusto Nunes é um dos maiores jornalistas do Brasil. Escreve para os maiores jornais e revistas brasileiras.
Quando me virem dançando com uma mulher feia é porque a campanha começo. JK.
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