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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Receita em tábua lascada - Por Mundim do Vale.

Em 1960 Dr. Lemos foi chamado para atender um doente que estava muito mal no sítio Lagoa Seca. Chegando lá examinou o doente e quando foi passar a receita viu que andava sem a caneta. Pediu que alguém providenciasse uma caneta ou um lápis, mas nem na casa nem na vizinhança foi encontrado. Dr. Lemos falou: Não tem problema tragam um carvão e uma tabua que eu escrevo e depois vocês copiam quando arranjarem lápis ou caneta. Trouxeram um carvão e uma janela e ele escreveu enquanto dizia: Olhem quando for amanhã vocês vão muito cedo a Várzea Alegre e procurem a farmácia de Nelinho e comprem esse remédio. Mas não deixem de ir porque o caso dele é muito sério. No outro dia arranjaram a caneta, mas como ninguém conseguiu entender a letra do médico o jeito foi ficar mesmo na tabua da janela.

A candidata a viúva chamou dois candidatos a órfãos e disse: Vocês vão lá à farmácia de Seu Nelim para comprar esse remédio, vão por cima da serra que é mais perto. Mas vão num pé e voltem noutro. Os dois saíram se revezando já quase correndo com a tabua na cabeça. Quando chegaram nas pedreiras do Riacho do Meio o que conduzia a receita intrupicou e ela partiu-se no meio. Ficou uma banda pra cada um. Chegaram à farmácia montaram a receita por cima do balcão. Seu Nelinho olhou com uma expressão de espanto e um dos irmãos perguntou: O qui foi Seu Nelim? Num vá me dizer qui o Senhor tombém num sabe ler a letra do doutor. Claro que a letra do médico eu entendo. Mas depois de vinte anos de farmácia é a primeira vez que eu vou aviar receita em tabua lascada.

3 comentários:

  1. Mundim.

    O Meu pai era muito amigo do Dr Lemos. Certa vez ele me levou para fazer uma consulta. Depois de examinado minha mãe me levou para casa no Sanharol enquanto o meu pai saiu com a receita na mão para comprar o remedio. Na Farmacia de Seu Nelinho ninguem soube ler a receita. Meu pai voltou ao consultorio e pediu que o medico passasse a limpo a receita. Dr. Lemos olhou, olhou e disse, cumpade Zé André só vai voce trazendo o menino denovo, eu não estou conseguindo entender o que escrevi.

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  2. Mundim, muito boa.

    Morais, seu comentário, idem.

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  3. Seu Nelinho!quanta saudade!olha só Mundim, o que Vilany Brito fez comigo, de comum acordo com Seu Nelinho e Delfonso, sobrinho de Dana Iracema Brito;certa vez estava eu com muito difruço( defluxo) de tanto tomar banho no Gergelim e no buraco de Edimo Correia, rs rs rs, era assim que chamávamos os poços d'agua lá da praça santo Antônio( Buraco de Edilmo)Pois bem, Vilany me disse: Fátima,vamos a Farmácia de seu Nelinho,pra madrinha Socorro? lá fui eu com ela: imagina o que fizeram comigo meu amigo! Seu Nelinho me pegou junto com Vilany, enquanto Delfonso me aplicava uma injeção de óleo com gosto de eucalipto, que até hoje me arrepia, e eu posso sentir o gosto horrível! Só perdoei, porque ele me deu um monte de vidrinho de Penicilina pra eu fazer perfume: mas isso, já é outra historia.Abraço carinho e fraterno. Fátima.

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