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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Apois, eu sou Boris.

No ano de 1.965, esse contador de causos e mais alguns jovens de Várzea Alegre, fundaram uma pequena sociedade esportiva que tinha o nome de Charanga Esporte Clube. Tocando samba a gente animava a torcida do time e o carnaval de rua da cidade. Certa vez o Dr. José Iran Costa, convidou alguns componentes da charanga para uma festa no Sítio Riacho Fundo de propriedade do seu pai André Costa. Noberto Rolim, um dos integrantes, conseguiu com o seu pai Jocel Batista uma camionete para nela transportar os instrumentos e o pessoal. Quando nós estávamos de saída chegou Boris Gibão com a maleta do caipira pedindo uma carona.Noberto com muita gentileza concordou e ele foi conosco. Chegamos ao sítio por volta do meio dia e já estava rolando: Bebida, churasco, banho de açude e forró com Chico de Amadeu. Boris instalou uma banca na varanda e começou a bancar o caipira. Em menos de duas horas alisou os moradores dos sítios vizinhos. Ninguém conseguia ganhar, quando alguém jogava no três Boris amarrava o seis, quando jogavam no seis ele amarrava o três e assim só ele ganhava. Quando Boris notou que ninguém tinha mais dinheiro, inventou que seu jumento tinha fugido e gritou: Hei negrada! Meu jumento Sabonete fugiu e agora eu num sei cuma é qui vou vortar. Se um de vocês achar eu dou cinqüenta cruzeiros. A matutada ganhou os matos atrás daquele jegue foi com vontade. Chegava gente com jumento preto, cinzento, branco, jumenta parida e até burro. Teve um sujeito que trouxe até a cabra de Maria da Vazante. Quando o anfitrião viu que a brincadeira estava tomando um rumo perigoso resolveu intervir: Pessoal! Boris não perdeu jumento coisa nenhuma. Ele veio foi na camionete de Jocel junto com aquela cambada de meninos zoadentos. No meio dos não convidados tinha um da serra Boris, lugar que era conhecido pela fama de só morar gente valente e violenta. Aquele moço não gostou da brincadeira e ficou o tempo todo encarando Boris com expressão ameaçadora. Quando foi lá pelas duas horas da madrugada, Boris e o elemento já bastante embriagados começaram a discutir na varanda. Já estavam nas ofensas quando o sujeito colocou a mão por baixo da camisa simulando que estaria armado João Siebra e Joãozinho Costa que estavam próximo imobilizaram o elemento, enquanto Dr. Iran aconselhava Boris para que não fizesse a sua festa se transformar numa tragédia. No momento em que tudo parecia tranqüilo o sujeito da serra Boris deu um pulo, olhou para Boris e falou: Você tá pensando o que? Eu sou é da Serra Boris. Boris levantou os braços e gritou: Grande merda! Apois eu sou é Boris.
Mundim do Vale

4 comentários:

  1. Mundim.

    O Boris era corajoso. Porque parte da Serra Boris, que ficava proximo ao Riacho Fundo era administrada pelo temido e respeitado Raimundo Jucá de Brito. Todo mundo tinha bastante medo do jeitão assemelhado com Virgulino Lampião. Mas se o Boris já era o proprio nao havia o que temer.
    Abraços.

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  2. Amigo Morais, a família Boris que
    administrava parte da Serra Verde,
    também foi detentora do consulado
    francês no Ceará.
    Abraço.
    Mundim.

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  3. Raimundinho.

    Conheci o extraordinario casal Hubert e Janine Boris. Estive mais de uma vez em sua residencia. No Crato e na Fazenda Serra Verde. Sou amigo de uma de suas filhas a Claude Bloc Boris que, as vezes, lê e comenta nosso Blog. Claude é uma estimada amiga, intelectual superior e de boa indole. A Fazenda era muito grande, ocupava perte da area de cinco municipios da região. O medo gerado na parte ligado a Varzea-Alegre devia-se ao gerente da area Raimundo Jucá de Brito, seu Mundoca que era chegado a resolver as coisas do seu jeito. Quanto ao consulado Frances devo dizer-lhe que estava muito bem representado.
    Um abraço.
    A.Morais

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  4. Antonio Morais,

    Ei menino, Boris sou eu!!!!!!!!!(risos)

    Raimundo Jucá de Brito (Mundoca) era fiscal e não gerente da Serra Verde. Ele era mesmo da lei "Chico de Brito". Perigoso ao extremo. Teve mais de 60 filhos espalhados por toda redondeza.Era um perigo pras viúvas. (risos)

    A família Boris administrava a Fazenda toda. Ultimamente é que ela (a Fazenda) foi se estilhaçando em partes, sendo vendidas algumas partes e tomadas outras partes pelos sem-terra.
    A Serra Verde só prestou quando papai estava lá tomando conta.

    Quanto ao consulado, primeiro foi meu tio Bertrand que era consul honorário em Fortaleza, depois Gerard o filho dele. Mas como o cargo só vai até os 70 anos de idade, Gerard passou a posição para uma francesa, visto que ele não tinha herdeiros (filhos)...

    Abraços pra você e Nair.
    Obrigada pelas palavras sobre mim e minha família...

    Claude

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