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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 19 de setembro de 2009

Filho da Terra - Mundim do Vale


Sou filho da terra, sou vento da serra,
Sou chá de raiz.
Sou ave voando, sou peixe nadando,
Sou gente feliz.

Sou chuva caindo, sou flores se abrindo,
Sou rama no chão.
Sou barro de telha, sou mel de abelha,
Sou pé de peão.

Sou rio correndo, sou planta nascendo,
Sou palha de milho.
Sou sol da manhã, sou flor de romã,
Sou pai e sou filho.

Sou mimo de rosa, sou dedo de prosa,
Sou som de chocalho.
Sou pó de urucum, sou quebra jejum,
Sou dente de alho.

Sou nó de imbúia, sou caco de cuia,
Sou gás de pavio.
Sou boca de noite, sou reio de açoite,
Sou braço de rio.

Sou crista de galo, sou dedo com calo,
Sou erva cidreira.
Sou fundo de saco, sou bolo de caco,
Sou teima na feira.

Sou pedra de anil, sou verde Brasil,
Sou olho de água.
Sou bicho do mato, sou unha de gato,
Sou gente sem mágoa.

Sou pau de cancela, sou cravo e canela,
Sou noite de lua.
Sou corda de arado, sou pau de machado,
Sou bico de pua.

Sou pau de bandeira, sou pé de ladeira,
Sou bicho de pé.
Sou feito na hora, sou gente que chora,
Sou homem de fé.

Mundim do Vale

8 comentários:

  1. Prezado Primo Mundim

    Estamos retornando depois de um recesso de 08 dias e nada melhor do que retornar com esse seu belo poema. Depois farei a postagem das outras partes para que os leitores conheçam essa sua preciosidade.
    Parabens.
    A. Morais.

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  2. Oh! Mundim, como eu gosto dos seus poemas; é doce feito mel. Que Deus ti ilumine sempre amigo.

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  3. Sou carro subindo a rampa da serra Olhando a terra
    Que atrás vai ficando.
    Sou mata cerrada correndo na estrada
    Com o vento abanando.

    Sou ave fugidia de noite e de dia
    Da maldade medonha.
    Sou criança crescendo, meu corpo tremendo
    Nesta viagem enfadonha.

    Sou luz que não brilha passando na trilha
    Do mundo a penar.
    Sou o Brasil do futuro e em porto seguro
    Espero chegar.

    No Nordeste nascido, lutador decidido
    A vontade é crescer.
    Sou irmão sou amigo, por isto te digo
    Preciso vencer.

    Sou orvalho rasteiro, sou luz no outeiro
    Sou ponta da lança
    Sou nordestino forte, não deixo o meu Norte
    Não perco a esperança.

    Vicente Almeida

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  4. Muito bem. É bonito ver esse desafio dos poetas. Parabens aos dois.

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  5. Poeta Vicente. Eu confesso que fui um tanto possessivo nesse
    verso. lendo o seu verso fica
    caracterizado que eu não sou filho
    único dessa terra. parabéns pelo seu poema. Nossa terra é mãe de muito filhos.
    E assim sendo somos irmâos.
    Abraço.
    Mundim.

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  6. Poeta Mundim do Vale

    Você é o meu grande amigo invisível, com quem tenho aprendido bastante.
    Cada quadra que escrevo sinto como se estivéssemos conversando e fico feliz.

    Vicente Almeida

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  7. Poeta Mundim do Vale

    Você é o meu grande amigo invisível, com quem tenho aprendido bastante.
    Cada quadra que escrevo sinto como se estivéssemos conversando e fico feliz.

    Vicente Almeida

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