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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 29 de março de 2014

O poder do esforço - Por Paulo Nogueira.

Houve dois grandes oradores na antiguidade: Cícero, romano, e Demóstenes, grego. Cícero nasceu com o dom. Demóstenes é uma prova do extraordinário poder do esforço. Foi graças ao treinamento meticuloso, rígido, persistente que Demóstenes, natural de Atenas, se elevou a imortalidade como um símbolo da força avassaladora das palavras. Demóstenes, natural de Atenas, era de uma família rica. Seu pai morreu quando ele tinha oito anos. A herança opulente foi dilapidada por seus tutores, parte por má fé, parte por inépcia. Garoto ainda, Demóstenes, assistiu um julgamento no qual um orador, chamado Calistrato teve um desempenho brilhante e, com sua verve, mudou um veredicto que parecia selado. Pronto, Demóstenes acabara de saber o que queria ser quando crescesse. Esse episodio foi assim narrado pelo historiador e filosofo grego Plutarco “ Demóstenes invejou a gloria de Calistrato ao ver a multidão escolta-lo e felicita-lo, mas ficou ainda mais impressionado com o poder da palavra, que parecia capaz de levar tudo de vencida”. Ele entrou numa escola de oratória. Assim que pode, processou seus tutores. Ganhou a causa. Mas estava ainda longe de ser notável. Um dia, desanimado, desabafou com um amigo ator. Gente bem menos preparada que ele provocava melhor impressão nas pessoas. O amigo pediu-lhe que recitasse um trecho de Euripedes ou de Sofocles, dois gigantes do teatro grego. Demóstenes recitou. Em seguida, o amigo leu o mesmo trecho, com o tom dramático de ator. Era a mesma coisa, e ao mesmo tempo era tudo inteiramente diferente.
Demóstenes montou então uma sala subterrânea na qual se enfiava todo dia por demoradas horas para treinar, treinar e ainda treinar. Chegava a raspar um dos lados da cabeça para não poder sair de casa e assim praticar sem parar. Para aperfeiçoar a dicção, Demóstenes punha pequenas pedras na boca enquanto falava. Fazia também parte de seu treinamento declamar em plena corrida. Olhava-se demoradamente num grande espelho para ver se sua expressão causava impacto. “ Vem daí a reputação de não ter sido bem dotado pela natureza e só haver adquirido habilidade e força oratória pelo trabalho incansável”, escreveu Plutarco. Ao contrario de outros grandes oradores atenienses. Demóstenes não gostava de improvisar. Por isso os inimigos o chamavam de embusteiro.
Quando a Grécia foi ameaçada por Felipe, rei da Macedônia, a voz de Demóstenes ergue-se tonitruante em defesa de seu país. Mais que o exercito grego, Felipe, pai de Alexandre, o Grande, temeu e reverenciou a voz de Demóstenes.
Demóstenes retardou, mas não impediu a queda dos gregos. Fugiu de Atenas para não ser morto, mas estava perdido. Para não ser capturado pelos inimigos que o caçavam, matou-se com veneno. Mas tarde, os atenienses construíram uma estatua para ele na qual gravaram uma sentença celebre: “Se tivesse tido força igual a tua vontade, Demóstenes, o guerreiro macedônico jamais dominaria a Grécia”.
Paulo Nogueira.

Um comentário:

  1. Um dia o meu amigo Geraldo Menezes me disse: Existem dez coisas que o homem não pode fazer. Falou a decima, nona, oitava e concluiu seu pensamento com a ultima: esmorecer. Ele tem razão. A ultima coisa que se deve fazer é desanimar! Força primo uma breve recuperação para Celi.

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