Conhecido popularmente como o Santo de Cajazeiras, o Padre Inácio de Sousa Rolim (na foto ao lado portando a condecoração da Ordem de Cristo que lhe concedida por Dom Pedro II), depois de cento e nove anos de falecido, poderá ter o seu Processo de Beatificação aberto. Começam a surgir no meio do clero de Cajazeiras, cidade paraibana fundada sob a influência do referido padre, a possibilidade de abertura da causa da canonização desse sacerdote sertanejo, cuja vida consistiu em um testemunho claro de amor a Deus e ao povo, no decorrer de seus quase cem anos de sua existência.
Padre Inácio Rolim foi um grande educador – passou à história como o “Anchieta do Nordeste” – e foi um dos maiores formadores da consciência moral, religiosa, educacional e cultural dos sertões nordestinos. O colégio por ele fundado em Cajazeiras, no século 19, atraía alunos de toda a vastidão do Nordeste, numa época em que as viagens eram feitas em lombo de burro. Dentre centenas de seus alunos destacamos dom Joaquim Arcoverde (o primeiro cardeal da América Latina) e o padre Cícero Romão Batista.
Em homilia que proferiu na Catedral de Cajazeiras, no último dia 22 de Agosto, aniversário de morte do Padre Rolim, o bispo diocesano dom José González fez referência à possibilidade de abertura do processo de canonização daquele sacerdote, cuja documentação das virtudes heróicas será catalogada pelo Padre Raimundo Honório Rolim.
Padre Inácio de Souza Rolim teve grande ligação com o Crato. Ainda criança seus pais o enviaram para estudar em Crato (onde foi acolhido na residência de dona Bárbara de Alencar) para receber a educação necessária ao ingresso no Seminário de Olinda, onde foi ordenado sacerdote em 2 de outubro de 1826.
Segundo o médico-historiador Napoleão Tavares Neves, anos depois, já sacerdote, Padre Rolim – fugindo de uma das costumeiras e inclementes secas que assolaram o sertão paraibano – fixou residência temporária no Sítio Lameiro, nas proximidades de Crato. Ali, aproveitando as potencialidades agrícolas e a fertilidade do nosso solo – dotado de clima ameno e abundância de água – cultivou uva e fez experiência com o plantio de trigo. Antes de retornar à Cajazeiras, Padre Rolim fez circunstanciada carta ao Presidente do Ceará mostrando que o solo caririense se prestava a produzir vinho, oliveira e trigo. Sua carta – uma verdadeira aula de agronomia – desapareceu no meio da burocracia palaciana, mas uma cópia foi preservada para a história.
Padre Inácio de Sousa Rolim foi, enfim, um misto de mestre e santo. Homem de invulgar cultura, falava dez idiomas (francês, inglês, alemão, italiano, espanhol, latim, hebraico, sânscrito, grego e tupi-guarani). Escreveu e publicou – em Paris – livros didáticos sobre ciências naturais, um tratado de Filosofia, uma gramática portuguesa e uma gramática de grego. Um homem de grande cultura humanística; um extraordinário educador; um espírito empreendedor dotado de visão futurística.
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael
Parabens Armando pelo excelente resgate historico.
ResponderExcluirAlgumas vezes fico pensando que a Igreja tem sido injusta com seus beifeitores. Quantos vigarios dedicaram suas vidas a igreja e o tempo vai passando e eles vão caindo no esquecimento e não encontramos registros na propria diocese. Pesquisei varios deles e vou citar um: Mons. Raimundo Augusto de Araujo Lima, um servo de Deus, um padre santo, trabalhei com ele quatro anos no Banco do Cariri, fui casado por ele, as minhas duas filhas mais velhas foram batizadas por ele. Falo do Monsenhor Raimundo Augusto com conhecimento de causa. O lamento não haver registros a respeito de sua vida e sua obra e de sua historia.
Caro Morais:
ResponderExcluirFui aluno - no colégio Diocesano - do Mons. Raimundo Augusto de Araújo Lima, um homem de hábitos simples, de boa convivência, culto, equilibrado, que sabia ouvir e sempre expunha as opiniões dele de forma educada.
Ele lecionava francês e era dotado de benquerença exemplar.