Jose Mendes e Antonio Primo - Por Bidim.

Na poesia que segue Raimundo Lucas Bidinho conta a historia dos conterrâneos Jose Mendes e Antonio Primo que apesar de companheiros de apartamento e copo tinham uma compatibilidade ideológica entre os dois. O destino proporcionou aos dois os mesmos infortúnios, tais como comerciantes falidos, bebedores inveterados, separados das mulheres, cotidianamente lisos e boêmios irresponsáveis:

Cor branca, alto e robusto
Grande amigo da pitu,
Em Várzea-Alegre nasceu
Criou-se no Iguatu
Fala bem o português,
Bebendo fala inglês
Teima com facilidade
Somente a pinga recorre
Bebeu o primeiro porre
Aos quinze anos de idade.

Por desgosto ou desengano
Na aguardente se vinga
Sessenta anos de pinga
Já completou este ano
Este vício veterano
Tem no seu crânio a raiz
Viveu no sul do país
Destacando-se Paraná
Retornou ao Ceará
Bebendo e pedindo bis.

Zé Mendes quando casou
Aumentou mais a bicada
A esposa envergonhada
Chorando o abandonou
Ele ainda a procurou
Ela fugiu deste estado
Antonio Primo coitado!
Padece a mesma tristeza
Vive aqui em Fortaleza
Da esposa abandonado.

Há um desentendimento
Entre estes dois brasileiros
Apesar de companheiros
De copo e apartamento
Surgir aborrecimento
Entre os quais não é surpresa
Basta um rangir a presa
Para começar a briga
Depois de uns dias de intriga
Vão beber na mesma mesa.

Bidim.