Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 7 de junho de 2022

Uma proeza do Banco - Por Antônio Morais


Em 01.07.1971 fui admitido no Banco do Cariri, instituição financeira da Diocese do Crato, como escriturário. O presidente do Banco a época era monsenhor Raimundo Augusto, o gerente Unias Gonçalves de Noroes, o contador Pedro Gonçalves de Norões e o tesoureiro Afrodisio Nobre da Cruz. Assumir a carteira de empréstimos.

Em 1972 houve a fusão com o Banco do Juazeiro e a instituição deu uma arrancada histórica chegando ao Bicbanco de hoje em dia. Passei pela tesouraria, sub-gerência e em Maio de 1978 assumir a gerência da agência. O banco até então era muito liberal, o gerente tinha alçada própria, tinha autonomia e liberdade para operar. Quando assumir a gerência já estavam sendo implantadas novas regras e normas. A aplicação destas novas diretrizes fez com que alguns clientes ficassem revoltados por ver alguns privilégios e tolerâncias terminarem. 

Um determinado cliente, muito amigo do gerente anterior, tinha um titulo vencido há mais de 60 dias. A determinação da recém criada inspectoria era mandar para cartório. Eu mandei o continuo avisar que desejava falar com o cliente. Não apareceu. Três dias depois a pressão aumentou e eu mandei novamente o continuo falar com o devedor. Ele mandou-me um recado: que mandasse a policia busca-lo. 

Não havendo outra opção mandei o titulo para o cartório. Quando o cliente recebeu o aviso entrou no Banco como Lampião entrou em Juazeiro do Norte: uma fera, peito pra fora e estufado, cara amarrada,  - Encostou-se no balcão mirou em minha direção e lascou em voz retumbante: Eu não sei como é que se tem um banco e bota um gerente tabaco desse? Eu respondi: amigo você está com um titulo vencido há mais de 60 dias, eu mando lhe chamar para fazer outro titulo em substituição e você ainda está zangado?

Ele baixou a voz e falou : e você faz? Faço agora mesmo! Então ele encerrou a conversa dizendo : Apois homi, você é um gerente muito do bom! Esta proeza teve o testemunho inacreditável de mais de cem pessoas entre clientes e colegas do Banco. 

O Chico Soares estava presente e ninguém melhor do que ele para fazer a difusão da história. No outro dia, por onde eu passava só se ouvia o comentário: Gerente tabaco!

6 comentários:

  1. Toda mudança deixa algum trauma. Se voce mudar uma arvoce de uma serra seca para uma lagoa ela ainda murcha. No caso, não foi facil implantar a nova modalidade de atuação. Muitas entenderam como uma invenção da nova administração: o que não era. Tratava de decisão de diretotia, e que necessariamente teria que ser tomada. Esse titulo de gerente Tabaco não impediu que a agencia fosse bem trabalhada e apresentasse grandes resultados durante a decada que estivemos a sua frente.

    Um abraço.

    ResponderExcluir
  2. É meu compadre Morais

    Essas histórias reais fazem a gente se sentir vivo e feliz, por haver superado certos obstáculos que antes do ocorrido as vezes representavam um pesadelo.

    Eu conto uma história bem diferente do BIC:

    Estava lá praticamente todos os dias, era correntista e operava alguns financiamentos.

    Na época o gerente era seu Hélio.

    Um dia, como de costume cheguei e fui entrando e senti uma pancada na cabeça e no joelho.As minhas mãos também estacionaram verticalmente.

    Surpreso verifiquei que no final de semana haviam colocado uma porte de vidro. Naquele tempo a gente ficava com muita vergonha da rata cometida, mas o povo era educado, somente alguns riam. Não fui o primeiro, nem o último.


    Vicente Almeida

    ResponderExcluir
  3. Meu caro Vicente.

    Voce sabe e é testemunha da amizade minha com o compadre Helio. Ele se afastou do Banco por razão pessaoal e vontade propria. Mas houve quem saisse falando que eu teria atuado no sentido de seu afastamento do Banco. Como podia fazer isto, se minha segunda filha era afilhada dele. se ele foi mmuito correto comigo se sempre me prestigiou no Banco. Pura maldade. Deixa por conta de Deus.
    A. Morais

    ResponderExcluir
  4. Amigo Morais, você me fez lembrar uma época importante na minha vida, pois, como o amigo sabe, trabalhei no Bradesco de 1972 a 1979. Apesar de a gente não ter muitos contatos, existia uma certa consideração por trabalharmos no mesmo setor. Com certeza, a nossa amizade de hoje, apesar de distantes fisicamente, tem muito a ver com esse nosso passado.
    Lembro-me, ainda, de muitos amigos do BIC dessa época.
    Quanto ao cliente que você se refere, pelas expressões dá para se suspeitar de quem tenha sido.

    ResponderExcluir
  5. Toinho.

    Alem do banco, houve uma eleição que militamos na campanha do mesmo candidato. Campanha em que o Dr. Raimundo formava com o vice Dr. Marcos Cunha. Uma boa chapa embora o povo tenha optado por outro candidato, pra azar do Crato. Voce era candidato a vereador. Lembra?

    ResponderExcluir
  6. Morais:
    Esse seu cliente é o que podemos chamar de "contundente". Não tem razão e ainda usa a empáfia para ganhar no grito...

    ResponderExcluir