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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 15 de novembro de 2009

SOU O VALE DO MACHADO - Por Mundim do Vale


Eu sou desse vale amado
Que São Raimundo adotou,
Um lugar abençoado
Onde Deus mais caprichou.
Sou papa de carimã,
Ova de curimatã
E ponche de araticum.
Sou recado de patrão,
Boneco de Damião
Sou criança no tutum.

Sou a pedra que rolou
Da serra até o riacho,
Bananeira que vingou
Mil bananas só num cacho.
Sou Luizão da cachaça,
Sou um comício na praça
Lotado de imbecil.
Sou um voto encabrestado,
Sou eleitor enganado
Nesse canto do Brasil.

Eu sou bacabal jogando
Na posição de zagueiro,
Sou Perna Santa pegando
Numa trave de goleiro.
Eu sou a mão de pilão,
A boca do cacimbão
E o pé de bode afinado.
Sou um canto de bendito,
Sou o careta Antonito
Numa festa de reisado.

Eu sou Zé Júlio fazendo
Pão nosso de cada dia,
Sou João Moreira batendo
Tijolos na olaria.
Eu sou o pistom de Prejo,
Sou rapadura do Brejo,
Sou parelha de verdura.
Sou a rua Antão Bitu,
Beco de Zé de Ginu,
E Alto da Prefeitura.

Eu sou Antônio Firmino
Vendendo fumo na feira,
Sou uma récoa de menino
Pinando na bananeira.
Eu sou o cine Odeon,
Sou tamanco de Abidom
E Harmônica de Bié.
Eu sou a velha avenida,
A lagoa poluída
E a praça de Cuné.

Eu sou Inacim falando:
Esse ano não vai chover.
Sou André do bar botando
Chico Danga pra correr.
Eu sou o motor da luz,
Sou retrato de Jesus
E marreca de represa.
Sou carrapicho em carneiro,
Sou chuva de fevereiro
Sou piau na correnteza.

Sou Manoel de Pedim,
Sou Chico Segunda Feira,
Sou os versos de Bidim
Sou Banca de Bolandeira.
Sou o Arroz embuchando,
Sou o milho pendoando
E sou cabaça de mel.
Sou Recreio Social,
Sou ponte de Zé piau
Sou poço de Seu Abel.

Eu sou o bolo ligado
Que João de Adélia fazia,
Sou o primeiro dobrado
Da salva do meio dia.
Sou lagoa do arroz,
Sou queijo e baião de dois
Sou um homem do roçado.
Sou gente que resistiu,
Sou um pedaço do Brasil
SOU DO VALE DO MACHADO.

Acróstico da minha terra.

Verde como uma vazante
Alegre por natureza
Rimada como amante
Zelada como princesa,
Esculpida é diamante
Agredida é indefesa.

Amada por sua gente
Local de paz e alegria
Espaço para a semente
Germinar a poesia.
Recanto sempre atraente
Estrada da harmonia.

Mundim do Vale

4 comentários:

  1. O Vale do Machado e os versos se completam formando um só poema.
    Que maravilha Mundim!

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  2. Raimundinho, de Pedro de Pedro de Piau,Coisa mais linda! nunca vi igual. Meu poeta mais querido e amado; a você, minha gratidão eterna. Abraço carinhoso e fraterno. Fatima Gibão

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  3. Minha boa escritora. Você é a Glória. obrigado pelos elogíos e aceite um convite para conhecer o meu Vale.
    Abraço.
    Poeta do Vale.

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  4. Maria de Fátima. Obrigado. Eu sabia que mesmo você sendo mais nova ía lembrar de uma parte do
    que rimei do Vale. O acróstico da nossa terra junto com a ilustração do primo morais completam o poema.
    Me lembrei agora de uma coisa, no meu jardim também tem uma Fátima
    nascida em 1.955.
    Abraço lá de nós.
    Mundim.

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