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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

MACACHEIRA FINA - Por Mundim do Vale

Luís de Munduca, nascido no sítio Iputi, município de Várzea Alegre, foi o parente mais próximo do pai e da mãe que eu já conheci. Era filho e sobrinho do pai e filho e sobrinho da mãe. Seus pais eram irmãos de sangue.
Luís nasceu de cinco meses pesando apenas quatrocentos gramas. Como na época não existia incubadoras nem na capital, o jeito que teve foi o pai botar o bebê debaixo de uma cuia e dar umas pancadas. A criança sobreviveu mas foi crescendo lento e gradual, assim como mandacaru que nasce em telhado.
Quando completou um ano já pesava um quilo e uma quarta, mas sempre desnutrido. No aniversário do dois anos adoeceu de desidratação e ficou vazando por cima e por baixo. Já estava com os dois olhos fechado, quando mandaram chamar Rita rezadeira no sítio Volta, que já chegou com um rama de cabaça. Rita deu dois passes mas Luís só abriu um olho. Depois o pai colocou a criança num bornal e levou para o Guarani para ser consultado por Jorge Siebra. Jorge examinou a criança e disse que tinha de aplicar uma injeção, mas não achava um local, Olhou para mãe e perguntou:
- Me diga uma coisa? Ele ainda está mamando?
- Basta! Ele só veve pindurado nos meus peito.
- Então eu vou aplicar a vacina na senhora, que vai servir, porque ele não tem lugar para que seja aplicada.
Quando completou dezoito anos, Luís já sabia cantar a valsa do vaqueiro e assoviar asa branca. Certo dia resolveram levar Luís para as novenas de São Raimundo, e quando passavam na casa de Chico Inácio, entraram com ele para a madrinha abençoar. Depois de abençoar, a madrinha serviu um bife, quando ele terminou ela perguntou:
- Que tal Luís. Gostou?
- Gostei madrinha mais eu acho mais mio é quaiada.
Chegaram na cidade levaram Luís para as novenas, pagaram as promessas, botaram para rodar no carrossel Lima e em seguida foram com ele para tomar uma sopa de macarrão, no café de Domicilia, que era uma das atrações da festa de agosto. Domicilia serviu a sopa e foi atender outros fregueses, mas cada vez que passava perto de Luís ele puxava o vestido dela. A proprietária do café já encabulada com aquela sitiuação falou:
- O que é que tu quer Luís? Tu não tá vendo que eu tou ocupada!
Luís pegou a colher com macarrão e falou:
- Mais dona Domicila eu só quiria era saber adonde foi qui a sinhora achou macacheira tão fina.

Dedico esse causo ao meu amigo poeta Dr. Sávio Pinheiro.
Mundim d Vale.

7 comentários:

  1. Morais. Eu vou deixar por sua conta
    o trabalho de destrinchar o parentesco de Luís, com: Pai, mãe, irmãos, tíos e avós.
    Fica por sua conta também o dever de confirmar a veracidade do causo.
    Se não quiser assumir, procure Nicolau Inácio que ele assume.
    Abraço para todos do blog
    Mundim do vale.

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  2. Mundim.

    Conheci demais o Luis de Munduca. Não sei como ele não fez parte das autoridades do causo anteior. Juizo tambem lhe faltava. Quanto ao parentesco devo dizer que Mundim do Sapo era primo legitimo de Pai dele. Era neto e bisneto de José Raimundo do Sanharol ao mesmo tempo. Esse devia ser o parentesco dos pais de Luis..

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  3. Mundim.

    Voce me deixou com uma vontade danada de saboreiar o doce de leite de Domicilia. O melhor do mundo.

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  4. Na festa de Sao Raimundo deste ano, no barracão Cultural tinha uma homenagens aos distritos, e no nos 2 dis dedicados a Ibicatu, algúem perguntou por uma foto de seu Jorge Siebra e as responsáveis pela homenagem informaram que procuraram em todo canto e não encontraram uma foto do mesmo. Lamentável.

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  5. Inacreditável! Outro dia li um "causo" do casamento de primos carnais. Fiquei assustada! Agora mais ainda: casamento entre irmãos?
    Isso foi verdade?
    Mas que foi engraçado o Luis de Munduca ter confundido macarrão com macacheira fina, isso foi.

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  6. Glória. Eu posso lhe garantir
    que os pais de Luís eram irmãos
    sim. Várzea Alegre tem disso sim.
    No causo tem apenas uma pequena
    penteada, mas não foge da verdade.
    Abraço.
    Mundim.

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  7. Mundim, eu conheci o Luis, e ouvi muito contarem, sobre seus pais serem irmãos; quanto a macaxeira fina, não tenho duvida que deve ser verdade. Concordo com meu querido Padrinho: o Luís daria um otimo guarda municipal da sua historia.Abraço contemporâneo e carinhoso. Fatima Gibão

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