Gostaria neste início de 2010, vinte – dez, como os europeus estão chamando, numa alusão a um ano nota dez, de desejar aos leitores deste blog um tirocínio lógico sobre a vida, desejando algumas qualidades como sinceridade, lealdade e controle financeiro como mostra o texto abaixo.
Tia Dandinha, mulher de semblante nordestino, acostumada a vencer as secas e os horrores dessa região tão sofrida pela falta de chuva, sempre observou certo desleixo, não de Deus, o nosso protetor-maior, mas de São José, o santo encarregado do ministério das chuvas. Diferente de Santo Antônio, o santo casamenteiro, que sempre deu um jeito na sua pasta, já que ela própria havia se casado, apesar daquela aparência não muito desejada. Essa criaturinha franzina, de mãozinhas fechadas, que por sinal era tia do grande padre Antônio Vieira, o padre escritor e defensor do jumento, e do Dr. Zé Flávio, médico e também escritor, por instinto de sobrevivência tornou-se bastante econômica e controlada.
Nos dias de hoje, seria uma excelente profissional no controle da crise financeira mundial, que se alastra. Certa vez, administrando um adjunto de apanha de arroz, na hora do almoço, ao servir a carne, que, por sinal, era uma única galinha para dezenas de trabalhadores famintos, aconteceu um fato costumeiro. Um voluntário, que havia trabalhado toda a manhã, investe numa das asas da galinha. Porém, antes mesmo dela içar vôo até o seu prato, Tia Dandinha, de longe, reverbera: - Esperara lá, Antônio Rodrigues, que não te toca uma asa toda, não! Conta-se também, que no dia de sua morte, uma enteada lhe preparava uma merenda composta de duas bananas machucadas com garfo, em um prato, quando, de repente, teve de interromper o seu trabalho para colocar a vela na mão da moribunda, que começara a morrer. Essa, muito fraquinha, pediu-lhe, ofegante, que lhe oferecessem o alimento.- A senhora não pode comer, disse-lhe a enteada.- Mas eu quero!... – Retrucou a enferma em voz mansa e com o olhar fixo no prato de bananas recém-preparado.- A senhora está quase morrendo...- Eu sei! Mas..., é melhor do que perder!...
Numa época mais remota, Tia Dandinha em conversa com Zé Bodeiro, marchante na cidade Granjeiro, no interior do Ceará, faz-lhe uma pergunta, desejosa de uma resposta que a agradasse, já que a opinião pública não a via como uma criatura muito provida dos predicados da beleza.- Zé Bodeiro, você me acha bonita? - Em cima da bucha, o homem responde-lhe: - Não, Dona Dandinha!- Você, então, não me acha bonita, Zé Bodeiro!?- Mais uma vez, ele a surpreende. – Sinceramente não, Dona Dandinha!- Já sei! Você não quer dizer que eu sou bonita é com medo de Mundinho Gregório, meu marido, não é?- Não, dona Dandinha! É com medo do inferno, mesmo!...
Dr. Jose Savio Pinheiro.
Dr.Savio.
ResponderExcluirA historia de Dona Dandinha é uma grande lição para todos. Não havendo noção de economia ninguem pode ser bem sucedido.
Aquele que ganha tres e gasta dois vai muito bem, já o que ganha trinta e gasta trinta e cinco vai muito mal. O segredo está no controle dos gastos. E esse detalhe é dificil de se conseguir.
Abraços.
Adorei essas histórias de Tia Dandinha, sobretudo da parte do desleito de São José, o Santo das Chuvas, com o sertão cearense. Mas logo que eu cheguei aqui ao norte do Brasil eu descobri o motivo de tamanho cochilo do Santo. Ele gasta sem pena todas as chuvas que tem no estoque aqui no Amapá, Estado que também é padroeiro.
ResponderExcluirMuito boa Zé Sávio...
Flávio, finalmente São José acordou. Choveu em Várzea Alegre e no Cariri. Mas, comparar São José com Santo Antônio, aquele "perde é feio".
ResponderExcluirUm Abraço.