Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 2 de janeiro de 2010

TU ESCAPOU FEDENDO - Por Mundim do Vale

Dedé de Julio Xavier e Chico Tida, certa vez inventaram uma pegadinha, que além de não ser higiênica, era um tanto constrangedora. Eles pegaram um cabo de vassoura e sujaram de lama de chiqueiro de porco até o meio. Depois procuraram uma das ruas mais escuras de Várzea Alegre, para fazerem a brincadeira.
Chico pegou na parte limpa do pau e simulou um briga dizendo:
- Corra dento seu fila da puta!
Dedé respondeu:
- Você só tá dizendo isso porque tá cum o pau na mão, mas solte o pau se for ome!
Nesse momento passava Zé Machado, quebrando a tigela de uma roupa nova, calça azul e camisa branca com o pano passado. Quando ouviu a zoada aproximou-se no momento em que Dedé dizia:
- Solte o pau se for macho!
Chico Tida deu um pulo e gritou;
- Prumode eu brigar cum um fresco qui nem tu eu num priciso de pau não. Em seguida se dirigiu a Zé Machado dizendo:
- Zé. Segure esse pau aí, qui é pra eu matar esse viado de peia.
Zé segurou no meio do pau, fechou a mão e Chico puxou. Mas praque ele fez aquilo? Pense numa raiva grande! Quando Zé viu a mão e a roupa suja, queimou ruim e partiu para Chico falando:
Chico, nego véi num leve a mal não, mais vá tomando aí no peduvido.
Em seguida virou-se pra Dedé e disse:
- Dedé, discurpe o mal jeito, mais segure esse bufete aí no bucho. E eu só num vou dá mais pruque tou avexado.
Quando Zé já ia saindo apareceu Geraldo Gago com um taboa de pirulitos e inventou de ir olhar o que estava acontecendo.
Zé Machado ainda irritado disse:
- Já qui eu inda tou cum a mão na merda, vou aproveitar pra tacar a mão no zói desse curioso.
Geraldo correu chorando em direção de casa que o rabo foi um reio. Quando passava na rua do Juazeiro, Neném de Canuta perguntou:
- Peraí Geraldo! Tu tava desgotando fossa?
- Eu tava desgotando era a fossa da veinha.
Chegando em casa Geraldo encontrou seu pai Raimundo de Freitas na calçada e começou a chorar contando o acontecido:
- Pai eu ia vendendo meus pirulitos queto, quando acabar, Zé Machado quage qui me mata de peia.
O pai vendo aquela sujeira e sentindo a catinga, tapou o nariz e falou:
- Apois tu escapou foi fedendo.


* Quebrar tijela – Usar uma roupa, um calçado ou um chapéu pela primeira vez.
Mundim do Vale.

4 comentários:

  1. Eita MUndin de umas histórias interessantes e engraçadas. E cheias de conhecimento também, pois eu não conhecia a expressão "quebrar a tigela"....rsrsr

    ResponderExcluir
  2. Mundim.

    Todo ano na festa de Agosto "nois quebravamos a tigela" de uma roupinha nova feita de mescla Santa Inez comprada na loja de Ze Teixeira. E só no outro ano a tigela era quebrada novamente.

    Mundim Recebi as encomendas enviadas por você. Tonia de José de Pedro André do Sanharol me entregou direitinho.

    Muito obrigado.

    ResponderExcluir
  3. Ei! Flavin de Luis Silvino Da Budega, você tá longe das coisas daqui de nós, ma eu tenho muito causo verídico acontecido comigo e sei tío Antônio Ulisses, como também Chico Nenem.
    Se você me provocar vai encontar matéria para editar outro livro.
    sem precisar recorrer a vizinhos,
    Na nossa terra não falta matéria para histórias irreverentes.
    Abraço lá de nós.
    Raimundinhop Piau.

    ResponderExcluir
  4. Raimundim, quando vai aparecer por aqui? Tô com saudades, ffeliz 2010!

    ResponderExcluir