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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

COMPOSITORES DO BRASIL

É Carnaval !

Por Zé Nilton

O fortalezense Edigar de Alencar, falecido no Rio de Janeiro em 1993, foi jornalista, teatrólogo, poeta e musicólogo. Escreveu um livro clássico chamado O Carnaval Carioca através da música, Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1979.

Informa a trajetória do carnaval no Rio desde os tempos do entrudo e dos bailes de máscaras, e diga-se, era tudo muito lírico, a começar pelas músicas: valsas, mazurcas, e no máximo, a polca.

Lá pelo ano de 1852 um sapateiro português reuniu um grupo de amigos e saiu, na tarde da segunda-feira de carnaval tocando bombos e fazendo grande algazarra, com gritos de Viva Zé Pereira ! Pronto: estava inaugurada a libertinagem que marca o carnaval brasileiro.

Aliás, o Zé Pereira, desfile de zabumbas, era uma reminiscência de Portugal, onde ainda hoje é atração nas festas juninas de Braga e nas de Nossa Senhora da Agonia, em Viana do Castelo.

Um fato curioso. A música Viva o Zé Pereira, que se tornou até pouco tempo uma espécie de “música de abertura dos carnavais” de rua e de clubes, resultou de uns versos criados por um ator carioca com parte de uma música da peça Les Pompiers de Nanterre, cuja estréia se dera no dia 08 de março de 1869, justamente o trecho em que os autores classificavam de excentricité burlesque.

Depois a melodia banal do Zé Pereira vai servir, nos velhos carnavais, a todo tipo de paródias pelo Brasil inteiro, para o pavor de políticos e chefetes locais.
No programa Compositores do Brasil desta quinta-feira vamos falar de carnaval. Apresentaremos as músicas carnavalescas e seus autores desde o final do século XIX, e ao longo do século passado, até a década de 1970, quando o estilo começa a sair de moda.

Vamos falar e ouvir:

Ô abre alas (1899(, de Chiquinha Gonzaga, interpretada por Linda e Dircinha Batista;
Vem cá, mulata (1906), de Arquimedes de Oliveira, com Pepa Delgado e Mário Pinheiro;
Pelo Telefone (1916), de Sinhô e Mauro de Almeida, com Bahiano, a primeira interpretação em disco.
Fala, meu louro (1920), de Sinhô, com Almirante
Cristo nasceu na Bahia (1927), de Sebastião Cirino e Duque, com os Vocalistas Tropicais;
Dorinha, meu amor (1929), de José Francisco de Freitas e Sinhô, com Augusto Calheiros;
Taí – prá você gostar de mim – (1930), de Joubert de Carvalho, com Carmem Miranda;
A Jardineira (1939), de Benedito e Humberto Porto, com Orlando Silva;
O passarinho do relógio (1940), de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, com Aracy de Almeida;
Chiquita Bacana (1949), de João de Barro e Alberto Ribeiro, com Emilinha Borba;
Daqui não saio (1950), de Paquito e Romel Gentio, com os Vocalistas Tropicais;
Maria Escandalosa (1955), de Armando Cavalcanti e Klecius Caldas, com Dalva de Oliveira;
Me dá um dinheiro aí (1960), de Homero, Ivan e Glauco, com Moacir Franco,
Bandeira Branca (1970), de Max Nunes e Laércio Alves, com Ângela Maria e Dalva de Oliveira.

Quem ouvir, verá!

Programa Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
Quintas-feiras, às 14 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Apoio Cultural: CCBN

2 comentários:

  1. Nobre professor: aí está uma relação de musicas que marcaram. Pode colocar o CD com uma delas no Som e obervar que se tiver uma criança por perto ela sai cantando. Atende ao gosto do velho ao garoto pela qualidade musical apresentada.

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  2. Caro Morais,
    Tive que fazer enxugada daquelas. Foram mais de 120 músicas visitadas, para escolher 14, duas de cada época.
    Obrigado.

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