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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Tem saguis no nosso quintal - por Glória Pinheiro


Certa vez um casal nos convidou para um final de semana em sua casa de praia. Em um determinado momento o cachorro, leão de chácara, desapareceu provocando um clima bastante desagradável. A dona da casa entrou em pânico, chorava compulsivamente só se aquietou quando o cachorro reapareceu. Diante daquele mal-estar e constrangimento falei para Vicente que outro convite daqueles eu não ia aceitar. Pensei: como pode isto acontecer? Chorar com tamanho desespero pela perda de um filho era compreensível, mas, por um cachorro que resolveu dar uma volta para depois voltar?

Algum tempo depois, lamentavelmente, o casal perdeu o filho caçula em um acidente de moto na mesma praia. Trouxeram o garoto de helicóptero para São Paulo, infelizmente o adolescente não sobreviveu. Por força maior, não tivemos contato por ocasião daquele triste episódio, embora, tenho noção da grande dor pela perda do filho.

Em meados do ano 2000 quando minha mãe entrou em coma, um casal de amigos presenteou minha irmã com uma gatinha branca. O que de fato distraía minha irmã pois todos os dias dos quase seis meses do coma, esteve ao lado de nossa mãe até seu último suspiro.

Bianca era bem comportada na hora de suas necessidades fisiológicas, no entanto, quando constantemente aparecia na sala era muito espaçosa. Procurava de todas as maneiras me dar bem com Bianca devido ao ato de solidariedade que ocasionou aquele nosso convívio forçado. Quando Bianca resolveu arranhar as pernas do meu pai, sangrando-0, retribuindo um afago dele, cortaram-lhe as unhas, mas... Apesar dos felinos não me atrairem, confesso que outros gatos que deram para minha irmã me chamaram bastante a atenção porque ao pedirem para abrir a porta quando se dirigiam do jardim aos seus devidos cantos, eles faziam com educação, miavam delicadamente. Enfim, os gatos foram doados porque minha irmã preferiu um casal de filhos após 20 anos de casamento.

Por outro lado, tem os animais que se estiverem por perto me enchem de alegria, são as borboletas, pássaros cancioneiros ou não, os papagaios, periquitos, araras...

E o que dizer dos macacos? Ah! Macacos me mordam, mas estes são encantadores! Sou capaz de ficar observando o comportamento dos macacos por um longo período de tempo. Como se parecem aos humanos! Outro dia uma amiga me contou que, no Crato, anos atrás, apareceu uma macaca em sua casa e foi ficando por lá para diversão de todos. Criou afeição de tal forma por sua irmã não admitindo sequer que levantassem a mão para ela. Quando alguém simulou que ia bater na sua preferida, a macaca pegou uma vassoura e saiu correndo atrás do atrevido(a).

Infelizmente, nos últimos meses temos vivido um clima de quase terror aqui no bairro. Já são vários grupos de moradores unidos por uma única e justa causa, no combate a degradação do nosso meio ambiente, inclusive com embargação das obras deste empreendimento, cuja empresa poderosa não obdece leis, já devastou Barueri, Santana do Panaiba e Aldeia da Serra. Agora resolveram nos atacar na construção de 300 casas que foge totalmente a proposta do bairro que é a preservação da fauna e flora. Há menos de 2 km de onde moramos, devastaram uma grande área da mata atlântica, um local que mais parece uma mini Chapada do Araripe, distante apenas 27 km do marco zero da cidade de São Paulo. Consequentemente os animais estão chegando as nossas portas, como jaquaritingas e muitos outros. Esses inconsequentes parece que não têm amor pelos seus filhos e netos e só pensam em dinheiro.

Por conta deste desastre, recentemente, Vicente pediu que colhesse um cacho de bananas, no menor descuido, apareceram cinco filhotes de saguis que devoraram as bananas. Lamentei não estar em casa para observar o espetáculo. Já havia visto corujas e vários outros animais de diversas espécies, mas saguis em nosso quintal?

Por: Glória Pinheiro

9 comentários:

  1. Maria da Gloria

    Eu nunca fui muito ligado a animais, exceto os Bovinos por quem sempre tive predileção. O meu neto João Pedro e a Neta Thais, apesar de crianças gostam muito de tudo que animal: gato, cachorro, coelho, marreca, ganso, e outros bichos e me ensinaram a gostar tambem. Outro dia o João estava chorando por que o cachorro matou uma ema e eu tratei de consolar e ele me disse: vovô eu estou chorando porque eu quero os meus animaizinhos todos vivos! Ana Thais passou uma semana doente porque o gato fugiu de casa e não apareceu mais.

    Um belo texto esse seu. A foto muito bonita. Cabe muito bem o velho ditado : A invasão dos Saguis.

    A.Morais

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  2. Glória,

    Excelente texto! Parabéns!
    Quando estamos de férias no São José na casa de Tales e Socorrinha, Carlos se diverte com Gabriel colocando banana no pé de cajarana para alimentar os soinhos.É uma excelente maneira de aliviar a mente da rotina de trabalho.A alegria de Gabriel é tão grande, que ele fica querendo tirar todas as bananas da fruteira.
    Essa fotografia que está ilustrando o texto, parece com o pé de cajarana do São José.

    Abraços


    Magali

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  3. Maria da Glória. Muito bonito o seu texto e muto bem ilustrado também.
    os soins como a gente chamava lá na nossa V. Alegre, são alegres e unidos.
    Eu moro aqui na maraponga vizinho a uma lagoa, onde faço caminhadas.
    Por várias vezes eu já presenciei um grupo deles chegando para comer frutas. Eles se transportam pelos fíos elétricos, trazendo os filhotes na corcunda como fílho de retirante.

    Foi muito bom ter sido postado por você. Porque um dia talvez eu fosse postar e talvez não fizesse tão bem como você fez.
    Um abraço de parabéns.

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  4. É...

    Glória

    Sobre os saguis.

    Posso dizer que aquilo é uma peste? hein? posso?

    Bonitinho, fofinho, mas, vote!

    Moramos aqui em uma chácara (15 ha)e somos cercados por uma manada desses animais, e não são dois ou tres, são dezenas. Todos os dias eles saem lá da beira do rio, há uns 400 metros da nossa casa e vem procurar comida em nossas imediações.

    No princípio, achei bonitinho e até colocava bananas e outros nutrientes para eles.

    Com o passar do tempo começamos a perder nossas aves (galinhas caipiras). O trazeiro delas (a cloaca)era simplesmente extraído e todo dia havia galinhas mortas ou sangrando.

    Achamos que podia ser raposa, cachorros ou outros predadores.

    Mas havia uma cerca de 1,8 mt de altura em uma área de 5.000 m2 onde essas aves eram confinadas. E ficamos a observar tudo, tentando descobrir o que se passava.

    Qual não foi a nossa surpresa ao presenciar certa manhã, ao vivo, o ataque de um deles as aves. Eles sorrateiramente dão a volta e num piscar de olhos abocanham o trazeiro da ave, comendo aquela parte.

    Oxente, ficamos boquiabertos, sem compreender. Mas era verdade - eles são predadores. Foi o que encontramos na literatura sobre esses bichos.

    Tomamos todas as providencias possíveis e debelamos o mal.

    Sabe como? usando bombas juninas para espantá-los. Eles possuem uma audição muito sensivel.

    Não pretendiamos matar. Sabemos que eles têm direito a vida tanto quanto nós, e usa os meios que a natureza lhes concedeu para sobreviver.

    Outra coisa do sagui livre, é que ele ao comer em um recipiente, urina sobre a sobra, não deixando que os outros aproveitem os restos. Viu bichinha?

    Quanto aos felinos: Não pense que nós os possuimos. Eles é que nos possuem - nos adotam, São nossos donos, nos adulam em busca do alimento. deixe de alimentá-los e eles vão embora, e te digo, são ciumentos.

    Agora se você tivesse falado do CÃO, eu teria belas história para contar.

    Abraços do

    Vicente Almeida

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  5. Amigos comentadores e Glória,

    Existe profissional mais chato do que o médico?

    Ele retira, de cara lavada, o açúcar do diabético, o sal do hipertenso, a comida do gordinho e a gordura do dislipidêmico.

    E agora, depois de um texto tão bonito, tão cheio de amor aos animais e que mostra o grande encanto dos saguis, aparece este mesmo chato pra dizer, que o maior transmissor da raiva humana no estado Ceará é promovida por esses animais.

    É uma pena, mas é verdade!

    Um grande abraço, a todos.

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  6. Glória,

    Você sabe muito bem que la em casa teve tudo quanto é bicho. Xurunha, Piaba dentre outros. Saiba que os animais de estimação equilibram nossa afetividade, por isso quem gosta se apega tanto e lamenta, tal qual se lamenta a perda de uma pessoa, quando eles desaparecem.

    Quem sabe eu deva a esses bichinhos que conviveram comigo na infância e na adolescência o equilíbrio que tenho e minha capacidade de superar os problemas...

    Continuo perguntando: por que não posta no Cariricaturas? Alguma coisa contra?

    Belo texto.

    Abraço,

    Claude

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  7. Obrigada ao Morais, Magali, Mundim do Vale, Sávio Pinheiro, Vicente Almeida, pelos comentários que muito acrescentaram. Um abraço a todos vocês.
    Glória

    Claude: você lembra daquela história que seu pai contava que aconteceu com o amigo dele, quando eram ainda jovens, em Paris? O gato danificou totalmente o rosto do jovem rapaz, seu dono? Sem contar as histórias assombrosas que me contavam. Por isso nunca tive apego aos gatos. Quanto a cachorros o que expus é o apego excessivo que algumas pessoas dedicam a esses animais, chegando ao ridículo, a se prejudicarem, são capazes de não vajarem, etc.
    Obrigada pelo comentário. O texto do Cariricaturas ficou na outra CPU. Logo mais chegarei lá.
    Um abraço da amiga de sempre.
    Glória

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  8. Gloria, a foto com os sagüis me fez lembrar o pé da Chapada do Araripe quando nos anos 75, 76 e 77, estudando na Escola Agrícola de Crato sempre me deparava com esses animais, que pela ignorância dos homens os destruíram.
    É triste você saber, mas é uma realidade, levando-se em consideração a vegetação existente no ano de 1500, quando por ocasião do descobrimento do Brasil, hoje existe apenas 15% da mata atlântica no nosso país. A ganância dos latifundiários para exploração da agropecuária, a extração de minérios, carvão, as grandes queimadas provocadas pelos fazendeiros para a criação da bovinocultura contribuíram de forma exagerada para destruir a nossa flora e fauna.
    Hoje, por força dessas conseqüências estamos sofrendo o aquecimento global, mas ainda existem soluções para os problemas, pois sabemos que a união faz a força. Portanto, vamos fazer uma corrente para salvar a nossa flora e fauna com vista a surgirem às fontes cristalinas das nascentes dando assim uma nova vida a população existente e as gerações futuras.

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  9. DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA...




    "As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão
    têm direito inalienável à Verdade, Memória,
    História e Justiça!" Otoniel Ajala Dourado




    O MASSACRE APAGADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA


    No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato "JOSÉ LOURENÇO", paraibano de Pilões de Dentro, seguidor do padre Cícero Romão Batista, encarados como “socialistas periculosos”.



    O CRIME DE LESA HUMANIDADE


    O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.


    A AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELA SOS DIREITOS HUMANOS


    Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará É de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira e pelos Acordos e Convenções internacionais, por isto a SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que: a) seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) sejam os restos mortais exumados e identificados através de DNA e enterrados com dignidade, c) os documentos do massacre sejam liberados para o público e o crime seja incluído nos livros de história, d) os descendentes das vítimas e sobreviventes sejam indenizados no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos



    A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO


    A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, redistribuída para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá foi extinta sem julgamento do mérito em 16.09.2009.



    AS RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5


    A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do Sítio Caldeirão é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do Sítio Caldeirão não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;



    A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA


    A SOS DIREITOS HUMANOS, igualmente aos familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo desaparecimento forçado de 1000 pessoas do Sítio Caldeirão.


    QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA


    A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem encontrar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes procurados no "Geopark Araripe" mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?



    A COMISSÃO DA VERDADE


    A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e que o internauta divulgue esta notícia em seu blog, e a envie para seus representantes na Câmara municipal, Assembléia Legislativa, Câmara e Senado Federal, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal que informe o local da COVA COLETIVA das vítimas do Sítio Caldeirão.



    Paz e Solidariedade,



    Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
    OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
    Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
    Membro da CDAA da OAB/CE
    www.sosdireitoshumanos.org.br

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