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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dane-se o pais - Por Mary Zaidan


A repugnante frase do então governador de São Paulo, Orestes Quércia – “Quebrei o Estado, mas elegi meu sucessor” –, tem tudo para virar fichinha perto dos abusos do presidente Lula para tentar eleger Dilma Rousseff.

Protegido pela couraça da popularidade e há muito só com olhos nas eleições, Lula age sem qualquer limite. Jamais desce do palanque e lança seus dardos para todos os lados. Agride a fiscalização do Tribunal de Contas da União, que “paralisa o país”, zomba da Justiça Eleitoral e culpa terceiros quando seus tiros acham os pés.

Faz o que não deveria e não poderia. E, livre, leve e solto, sem oposição que lhe puxe os freios, ainda acusa a imprensa de só noticiar os malfeitos.
Lula consegue até o aval do adversário, o pré-candidato tucano José Serra, que, com a mesma tortuosidade de raciocínio, taxou de “leviandade em matéria jornalística” as críticas que recebe e, assim como Lula, reclamou de não ver notícias positivas de seu governo. Ambos fingem que não sabem a diferença entre jornalismo e publicidade, embora gastem fortunas no segundo item.

Às leis e às instituições, o presidente parece não ter lá muito apreço. Trata-as sempre de acordo com sua conveniência. A Justiça torna-se injusta quando lhe desagrada. O Congresso Nacional - o mesmo que ele dizia abrigar “300 picaretas” – tem valor se lhe é dócil e servil, e vira o culpado da vez quando atua com alguma independência.
Basta lembrar a votação que extinguiu a CPMF ou a recente alteração, pela Câmara dos Deputados, da divisão dos royalties do petróleo, que golpeou de morte o Rio de Janeiro do aliado Sérgio Cabral (PMDB). Foi Lula quem antecipou o debate sobre o pré-sal, insistindo na urgência urgentíssima do projeto que ele enxergava como trunfo eleitoral. Como a flecha cravou o alvo errado, o culpado passou a ser o Parlamento.
Lula transfere culpas com a mesma naturalidade com que infringe leis. Na última quarta-feira, de uma só vez jogou no lixo a legislação eleitoral e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), um dos pilares da estabilidade econômica.

Ao anunciar que enviará ao Congresso uma proposta de lei que, a exemplo do que já fizera com o PAC, classificará como transferência obrigatória repasses para prefeituras inadimplentes, Lula não só rasgou a LRF, como incentivou o seu descumprimento. O efeito perverso da idéia vai ainda mais longe, pois é sabido que indulto a devedores acaba por penalizar os que se esforçam para manter seus pagamentos em dia.

Sob qualquer ótica, é inadmissível que um presidente da República estimule ilegalidades. Mas Lula parece fazê-lo sem pestanejar. Opta pelas vistas grossas quanto às invasões do MST, tergiversa sobre o envolvimento dos seus em escândalos, protege aliados a qualquer custo, até mesmo alguns malversadores confessos. José Sarney, Renan Calheiros, Delúbio Soares e outros tantos que o digam.

Se estimular a ilegalidade já choca, pior ainda é cometê-la.
No palanque em que mimou prefeitos mal pagadores e no dia seguinte, em Tatuí, no interior de São Paulo, Lula voltou a fazer chacota da Justiça Eleitoral, que já lhe imputou duas multas por propaganda antecipada. Explicou que estava proibido de dizer o nome de sua candidata - deixa malandra e ensaiada para que a platéia, em delírio, entoe o coro: “Dilma, Dilma”.

Irrisórias ou não, custem o que custar, as penalidades, aplicadas meses depois dos delitos, são incapazes de inibir Lula de protagonizar propaganda eleitoral explícita, com recursos públicos, nos palanques do governo.
Da mesma forma, parece não se importar com a quebradeira moral que patrocina e o tamanho da pendura que está deixando para o futuro. Mas também isso não tem a menor importância para quem só pensa em eleger o seu sucessor.

Perto de Lula, Quércia é quase um ingênuo.

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes.

5 comentários:

  1. Quando o presidente Lula foi chamado de pinguço por um jornalista americano, em conversa com assessores, falou que era para expulsar o jornalista do Brasil. Em sendo advertido que a constituição não permitia tal decisão por um dos assessores falou: Foda-se "A CONSTITUIÇÃO". Governar é respeitar e cumprir as leis e não realizar vontades.

    Fonte Ricardo Noblat.

    O Globo.

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  2. Na faculdade de direito um dia ouvi de um professor de direito do trabalho a melhor noção de Estado Democrático de Direito que já ouvi até: Estado Democrático de Direito é aquele em que os governantes se submetem ao ordenamento jurídico. Por essa definição, podemos ver que o Brasil não se enquadra nesse perfil. Mas só nos resta ter paciência... O povão gosta mesmo é de ser remunerado pelo ócio e pouco se preocupa com o cumprimento de decisões judiciais e respeito aos pareceres do TCU. Só espero que vejam o verdadeiro culpado quando no futuro tivermos que pagar a conta da mesma forma como a Grécia está pagando atualmente.

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  3. Por falar em TCU, conheço um advogado ex-chefe do TCU, hoje aposentado... Por lá existem casos a serem analisados de corrupção que até Deus duvida.
    Se é para mudar o país, vamos começar da base, acabar com a CORRUPÇÃO! Acabar com a INDÚSTRIA DA SECA! Parar de dar ESMOLAS e fazer com que cada brasileiro tenha garantido seu DIREITO À CIDADANIA!!!

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  4. O TCU não é um órgão do poder judiciario. É auxiliar do congresso nacional. Portanto, estando ele ligado ao poder legislativo suas decisões poderão sofrer influências políticas. Em suma: O tribunal não julga, apenas emite um parecer.
    Acho que essas coisitas qualquer rábula sabe.

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  5. Oi Mary,
    Tudo bem???
    Que bom que te encontrei!!!
    Sou Junia, estudei com vc no colégio Nossa Senhora das Dores, B. Floresta - BH, no antiogo Ginásio, lembra???
    Então eu sempre quis saber notícias suas e não conseguia nada. Um dia, uma outra colega de turma, da mesma época, comentou que vc era jornalista. E hoje resolvi procurar por vc na internet. E achei!!!!
    Viva!!! Outra coisa, tenho um caderno de Recordações, daquela época,lembra que fazíamos??? Com um desenho seu, liiiiindo!!!!
    Uma borboleta. Se tiver jeito, sou capaz de enviar p/ vc esse desenho.
    Vi sua foto no Blog do Sanharol.
    Adorei! Vc continua muito bonita!.
    Achava vc, naquela época de escola, lindinha demais.
    Tem e-mail ou blog????
    Gostaria muito de manter contato com vc.
    Abraços,
    Junia M. Horta

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