Sou guerreiro do improviso
Mas não disparo Pistola,
Minha arma é a viola
E o comando é meu juízo.
Batalho se for preciso
Quando encontro um camarada,
Com a rima decorada
Para trair o parceiro.
Aquele não é guerreiro
Sua arma tá quebrada.
Não sou guerreiro assassino
Instruído para a guerra,
Minha batalha é na terra
Desse sertão nordestino.
Deus projetou meu destino
Para ser um filho Seu
E a arma que me deu
Conduzo no meu roteiro.
Só brigo com violeiro
Que quer ser mais do que eu.
A minha guerra é segura
E muito determinada,
Não aceito um camarada
Criticar minha cultura.
É triste um criatura
Que debocha sem noção,
De um cantador de canção
Alegre e bem inspirado.
Pois ali tá registrado
Um lutador do sertão.
Luto pra desafiar
O cantador afamado,
Porque fui disciplinado
Na cultura popular.
Num galope a beira mar
Ou coqueiro da Bahia,
Boto minha artilharia
Na trincheira do repente.
Se o adversário for quente
Apago com poesia.
Sou guerreiro destemido
Mas minha luta é de paz,
Não sou um homem capaz
De ouvir um estampido.
Eu só estou decidido
A passar por esse teste,
Porque sou cabra da peste
Condutor de poesia.
Só luto pela harmonia
Da cultura do Nordeste.
Não sou de subestimar
Um colega violeiro,
Mas se ele for balaieiro
Vai vê o bicho pegar.
Ninguém pode batalhar
Usando essa estratégica,
Atropelando a poética
E agredindo a moral.
Desafio cultural
É com improviso e ética.
Já formei um regimento
Com a turma do cordel,
Zé Maria é o coronel
J. B. é o sargento.
Dr. Sávio tem talento
Para médico capitão,
Pardal faz a revisão
Edson fica na cantina.
E a Batuta Nordestina
Cuida da corporação.
Mairton é o oficial
Juiz da auditoria,
Defensor da poesia
De Mossoró a Natal.
Um guerreiro imparcial
Mas de punho muito forte,
Nossa causa tem a sorte
De tê-lo como aliado,
Batalhando no estado
Do Rio Grande do Norte.
Rubens Ferreira é o tal
Na defesa da cultura,
Possui a boa armadura
E conduz o arsenal.
Quando vai ao festival
Sobe para apresentar,
Ou então para cantar
Na defesa do repente.
É um guerreiro valente
Da cultura popular.
Violeiro inconseqüente
Pra servir no batalhão,
Tem que ter educação
E ser fiel ao repente.
Não precisa ser valente
Mas tem que ter a coragem,
De saber que a vantagem
É do melhor cantador.
Mas saber que o perdedor
Também merece homenagem.
Vou convocar muita gente
Para servir nessa luta,
Tem espaço pra recruta
E guerreiro do repente.
Vamos plantar a semente
Para uma vida futura,
Formando uma estrutura
De avanço e de defesa.
Para atacar com firmeza
Torturador de cultura.
Mundim do Vale
V. Alegre – Ceará
Prezado Mundim do Vale.
ResponderExcluirParabens, parabens duas vezes. Por este poema e pelo anterior. Até o momento tivemos 85 comentarios para "Confronto Rimado". A postagem com o maior numero de comentarios do Blog. Coisa de Blog grande. Agradeço por sua força e reconheço sua capacidade de ser solidario com os amigos e com o Blog que cada vez mais tem a cara da poesia.
Abrços.
A. Morais
Mundim,
ResponderExcluirParabéns pelo magnífico poema de versos certeiros e encanto estético e pela rara criatividade adotada.
Posso afirmar que você já pode pensar em um novo regimento, pois a turma da "peleja improvisada" está quase no ponto de ser recrutada.
Descobriu-se que versejar é melhor que se coçar.
Um grande abraço.
É verdade, Dr. Sávio. O blog do Sanharol vai formar uma frente de guerreiros, para nos auxiliar na defesa da cultura popular.
ResponderExcluirE o melhor é que tem a frente feminina para atuar na área da enfermaria.
Abraço aos guerreiros do Sanharol.
é essa guerra é muito boa vale apenas lutar, ser um combatente. vamos buscar mais gente pra esse batalhão
ResponderExcluirÉ...
ResponderExcluirM u n d i m d o V A L E
Você dignifica este Blog e estimula seus escritores e comentaristas.
As duas últimas estrofes são profundas ao enunciar que o perdedor também merece homenagem e ao estimular a criação de uma frente de apoio a cultura popular.
Morais, você viu isso?
Tô nessa, viu?
Abraços do
Vicente Almeida