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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 1 de maio de 2010

APOIS EU SOU É BORIS - Por Mundim do Vale- reprise

No ano de 1.965, esse contador de causos e mais alguns jovens de Várzea Alegre, fundaram uma pequena sociedade esportiva que tinha o nome de Charanga Esporte Clube. Tocando samba a gente animava a torcida do time e o carnaval de rua da cidade.
Certa vez o Dr. José Iran Costa, convidou alguns componentes da charanga para uma festa no Sítio Riacho Fundo de propriedade do seu pai André Costa.
Noberto Rolim, um dos integrantes, conseguiu com o seu pai Jocel Batista uma camionete para nela transportar os instrumentos e o pessoal. Quando nós estávamos de saída chegou Boris Gibão com a maleta do caipira pedindo uma carona.Noberto com muita gentileza concordou e ele foi conosco. Chegamos no sítio por volta do meio dia e já estava rolando: Bebida, churasco, banho de açude e forró com Chico de Amadeu. Boris instalou uma banca na varanda e começou a bancar o caipira. Em menos de duas horas alisou os moradores dos sítios vizinhos. Ninguém conseguia ganhar, quando alguém jogava no três Boris amarrava o seis, quando jogavam no seis ele amarrava o três e assim só ele ganhava.
Quando Boris notou que ninguém tinha mais dinheiro, inventou que seu jumento tinha fugido e gritou:
- Ei negrada! Meu jumento Sabonete fugiu e agora eu num sei cuma é qui vou vortar. Se um de vocês achar eu dou cinqüenta cruzeiros.
A matutada ganhou os matos atrás daquele jegue foi com vontade. Chegava gente com jumento preto, cinzento, branco, jumenta parida e até burro. Teve um sujeito que trouxe até a cabra de Maria da Vazante.
Quando o anfitrião viu que a brincadeira estava tomando um rumo perigoso resolveu intervir:
- Pessoal! Boris não perdeu jumento coisa nenhuma. Ele veio foi na camionete de Jocel junto com aquela cambada de meninos zoadentos.
No meio dos não convidados tinha um da serra Boris, lugar que era conhecido pela fama de só morar gente valente e violenta. Aquele moço não gostou da brincadeira e ficou o tempo todo encarando Boris com expressão ameaçadora.
Quando foi lá pelas duas horas da madrugada, Boris e o elemento já bastante embriagados começaram a discutir na varanda. Já estavam nas ofensas quando o sujeito colocou a mão por baixo da camisa simulando que estaria armado.
João Siebra e Joãozinho Costa que estavam próximo imobilizaram o elemento, enquanto Dr. Iran aconselhava Boris para que não fizesse a sua festa se transformar numa tragédia.
No momento em que tudo parecia tranqüilo o sujeito da serra Boris deu um pulo, olhou para Boris e falou:
- Você tá pensando o que? Eu sou é da Serra Boris.
Boris levantou os braços e gritou:
- Grande coisa! Apois eu sou é Boris.

Naquele dia faltou pouca coisa para que Boris fosse enterrado do Rubão.
Dedico esse causo, a guerreira Claude Boris.
Mundim do Vale

4 comentários:

  1. Mundim, você me emociona
    Com essa dedicatória
    Com esse causo engraçado
    Que faz parte da história
    Sei que tudo você guarda
    Com cuidado na memória.

    Meu sobrenome é Boris
    Boris eu deixei de ser
    Mas com o tal do divórcio
    Boris eu voltei a ser
    Eu sou Boris e não nego
    Eu sou Boris com prazer.

    Me entantei com sua história
    Li tudo muito faceira
    Se for mesmo de verdade
    Aqui não digo besteira
    Com toda sinceridade
    É um "causo" de primeira.


    Obrigada e abraço,

    Claude

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  2. O Boris com seu Caipira,
    Cagou goma e fez farofa,
    Mas, duvido que fizesse,
    Se fosse com seu Mundoca.
    A volta com ele era quente,
    Afoita e muita pesada,
    Boris teria corrido,
    Calado, sem dizer nada,
    E conhecendo como conheço,
    Voltava pra Varzea-Alegre
    Todo cagado de medo.

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  3. Onde tem:
    "Me entantei com sua história"

    leia-se:

    Me "encantei" com sua história

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  4. Mundoca era "caba" brabo
    Com ele ninguém brincava
    Quando ele se zangava
    Todo "caba" se melava
    Com medo de chegar perto
    O "caba" se "arretirava".

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