João era um menino muito impossível, como dizia minha avó. Por causa de suas trelas, as babás demoravam muito pouco no emprego. Lia, não. Magrinha, crente e míope Lia pesava pouco, orava muito e enxergava quase nada, mas tinha o maior respeito de João que nunca lhe escondia os óculos. Lia só não podia levá-lo à praia, de manhã cedo, pois a mãe de João não confiava no atravessar da avenida daquela criatura com 23 graus em um olho, 21 no outro e com um João danado nos braços. João, hoje, vai à praia todo fim-de-semana, trabalha com vendas e estuda marketing em uma faculdade do Grande Recife. Lia, soubemos há pouco, casou, teve dois filhos, outro João e um Francisco, fez cirurgia ocular e continua crente. Não mais usa óculos nem tem tanto tempo para orar. Às vezes, leva seus filhos à praia embora continue morando em Ponte dos Carvalhos. Mas hoje Lia enxerga muito bem.
Prezado Xico Bizerra.
ResponderExcluirMais uma vez os nossos agradecimentos pela cronica dominical.
Um forte abraço.
A.Morais