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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 5 de setembro de 2010

BIOGRARIMAS

Me chamam Mundim do Vale
Meu nome depois eu digo,
Na terra de São Raimundo
Eu não deixei inimigo.
Gosto de baião de dois
Porque na terra do arroz
Enterraram meu umbigo.

Minha mãe teve quatorze
Deles eu fui o segundo,
No ano quarenta e seis
Em agosto eu vim ao mundo.
Em respeito ao padroeiro
O meu nome verdadeiro
No batistério é Raimundo.

De doença de menino
Eu contraí um bocado,
Sarampo, desinteria,
Coqueluche, bucho inchado,
Maria preta, coceira,
Bicho de pé e frieira,
Catapora e mal olhado.

No meu tempo de criança
Fiz tudo que deu na telha,
Pegava animal alheio
Para correr de parelha.
Futucava maribondo,
Chega ficava redondo
Ferroado de abelha.

Quando eu fazia o primário
No José Correia Lima,
Vez por outra eu inventava
De fazer alguma rima.
Mas era rima brejeira,
De pau de sebo na feira
Com nota de cem encima.

Fui ficando adolescente
Deixando de ser menino,
Uma vez falava grosso
Outra vez falava fino.
No tempo dessa mudança,
Eu fiz muita extravagância
Sem nunca bater o pino.

Eu tinha amizades as moças
Sem maldade e nem malícia,
Passava a noite num samba
Sem cansaço e nem preguiça.
Gostava de pescaria,
De forró e cantoria
Mas no domingo ia a missa.

Quando passei dessa faze
Chegando a maioridade
Fiquei lá em Várzea Alegre
Até os trinta de idade.
Depois vim pra Fortaleza,
Mas já trazendo a certeza
De sentir muita saudade.

Tenho jeito de matuto
Porque nasci na ribeira,
Tendo sido aparado
Por Antônia Cabeleira.
Que não tinha formatura,
Mas exerceu com ternura
O ofício de parteira.

Tudo quanto é profissão
Nessa vida eu trabalhei,
Até na agricultura
Cabo de enxada puxei.
Fui vendedor de revista,
Oficial de justiça
Mas nunca me aposentei.

Um comentário:

  1. Prezado Mundim do Vale.

    Dizia o saudoso Joaquim Bezerra do São Vicente que tudo aquilo que é mil é muito. No momento em que voce fazia esta linda postagem o seu Blog, o nosso Blog do Sanharol, acabava de receber o acesso de numero 100 mil. Não sei se voce percebeu, mas saiba que em nome do Blog, dos seus leitores, colaboradores e amigos eu dedico esses 100 mil acessos a voce por merecimnnto, pelo carinho, afeto e gratidão que todos nós, que fazemos o Blog do Sanharol, temos por voce. Receba nosso abraço, nosso carinho e o nosso reconhecimento fraterno. Deus lhe dê saude, paz, harmonia e fraternidade.
    Seja muito feliz.
    Um Forte Abraço.

    Antonio Alves de Morais

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