Eu tinha uma namorada
Que andava na contramão,
Descia no Corrimão
E eu subia na escada.
Eu comia carne assada
E ela buchada fria,
Quando um beijo eu lhe pedia
A danada não me dava.
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA, ELA ÍA.
Não ia comigo à feira
Nem gostava de baião,
Não ia pra procissão
Da festa da padroeira.
Se eu fosse queimar caieira
Ela zangada dizia:
- Eu vou com Zé de Luzía
No forró do mela Fava.
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA, ELA ÍA.
Era um namoro esquisito
Mas fiquei apaixonado,
Quando eu ficava calado
Ela estava dando grito.
Eu cada vez mais aflito
Com aquela baixaria,
Tentava uma sintonia
Mas ela não aceitava.
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA, ELA ÍA.
Nós tinha até combinado
Um encontro na ribeira,
Pra festa da gafieira
Mas o encontro foi frustrado.
Depois eu fui informado
Que ela fez o que queria,
Bebeu tudo que podia
E ainda se apresentava.
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELA ÍA.
Eu tinha até pretensão
De com ela se casar,
Fui até me ajoelhar
No Altar de São João.
Maria fez rejeição
Somente por covardia.
Eu gostava de Maria
E ela de mim não gostava.
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELA ÍA.
Eu católico verdadeiro
E ela doida pro macumba,
Se escutasse um zabumba
Já corria pro terreiro.
Avistava o changozeiro
E atuada se tremia,
Depois o que acontecia
Só o Satanás gostava.
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA, ELA ÍA.
Nós íamos pra sentinela
Eu chorava e ela não,
Mas o viúvo Carlão
Não tirava os olhos dela.
Daí eu disse pra ela
Que aquilo não procedia,
Pois o viúvo queria
A brecha que lhe faltava.
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA ELA ÍA.
Ela tinha uma aversão
Se eu quisesse lhe abraçar,
Uma vez que fui tentar
Levei foi um empurrão.
Faltou consideração
Porque eu não merecia,
Outros que eu conhecia
A namorada agarrava.
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA, ELA ÍA.
Eu terminei a frutica
E o namoro se findou,
Ela diz que, só ficou
Mas bom é amor que fica,
Já dizia tia Lica:
- Que a mulher, não é gia
Se o seu fogo ela esfria,
A quentura se agrava.
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA, ELA ÍA.
Esse mote foi desenvolvido por vários poetas e todos fizeram bem.
Não sei de quem é o mote. Mas que é bom de fazer é.
Prezado Mundim.
ResponderExcluirSeu poema me fez lembrar o compositor Agripino Aroeira que viajou comigo a Cajazeiras em 1968 para mostrar ao Trio Nordestino a Musica "Rosinha Indiferente". Foi o maior sucesso no ano seguinte. Dizia mais ou menos assim:
È eu morrendo de amor
E ela sem me querer
É eu doido pra lhe ver
E ela nem me ligando.
É meu amor aumentando
O dela diminuindo
E eu pra perto chegando
E ela logo Saindo.
Essa musica do Agripino gravada pelo Trio Nordestino mata qualquer um de saudades.
A sua historia tambem é muito interessante e o sofrimento foi grande. Já pensou, o caba roendo sempre indo, quando ela já estava de volta.
A minha amiga Maria
ResponderExcluirEra teimosa a danada
Rezava de madrugada
Padre Nosso, Ave Maria
E quando eu lhe pedia
Pra parar com a "zuada"
Ela ficava amuada
Eu chorava, ela ria
Eu ria, ela chorava
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA, ELA ÍA.
O fumaceiro cobria
A cozinha, o fogão
E Maria se encolhia
Na beirada do colchão
Enquanto o marido dormia
Sem ver sua afobação
Vendo a sua agonia
Eu tossia, ela soprava
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA, ELA ÍA.
Tinha muita tapioca
De manhã em sua mesa
Mais tarde tinha pipoca
Pra ela e pra Teresa
Era só o que faltava!
Já não tinha mais paçoca
Nem mesmo a melancia
E a garapa que eu gostava
QUANDO EU ÍA, ELA VOLTAVA
QUANDO EU VOLTAVA, ELA ÍA.