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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 3 de outubro de 2010

A bailarina e os insanos - Por Xico Bizerra

Nize dançava e dançava. De todas as formas, de todos os jeitos. Dançava todos os passos e era uma alegria só. Cada compasso lhe trazia um alargar de sorriso como que a desafiar todos aqueles que a julgavam insana. Nize, calada, apenas dançava. E ria. A paz estava em seus pés, a alegria em seus passos, em seu sorriso, em sua alma. Seu dançar, contradizendo a lógica, era como um chamamento a um duelo, a uma derradeira e fatal disputa, entre ela, a que dançava, e todos aqueles que não escutavam a música. Enquanto isso, Nize dançava e dançava. E ria sem se importar. Os insanos apenas olhavam e nada ouviam. Alguns não entendiam a alegria de Nize. A alma de Nize sorria tanto quanto ela, de leveza, de alegria.


3 comentários:

  1. Prezado Xico Bizerra.

    É prazeroso ler a sua cronica, especialmente hoje, que muitos haverão de dançar sem musica, sem razão, por paixão ou por conta de muitos insanos e oportunistas sem alma, sem decencia, sem amor ao proximo, sem nada.

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  2. Xico, eu li a sua crônica
    Comentada por Morais
    E compreendi que na vida,
    Pra não dançarmos jamais,
    Termos de ignorar
    Espetáculos teatrais.

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  3. Xico,

    Fui lendo e gostando, imaginando Nize realizando suas coreografias, entregue à música, à arte.

    No meio do texto, fui fazendo outra leitura, talvez entendendo tua metáfora. Mas aí pensei: eu vou fazer a minha leitura. Penso aqui nas diversas interpretações que um texto sugere; o autor cria, lança sua obra no mundo e aí não é mais dono. As pessoas vão lendo, vão vendo e fazendo suas leituras, vislumbrando-as no seu mundo, dando suas interpretações. E eu acho isso ótimo, porque quem lê, ou quem observa uma arte plástica, a recria no seu íntimo.

    Por isso vejo nessa tua crônica, a a alegria de Nize dançar a vida com leveza, com entrega.
    É o que sempre digo: a arte é quem nos salva dos insanos e impuros.

    abraços poéticos
    stela

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